Audiência pública debate situação dos camelôs

Exatamente três meses depois de iniciar a requalificação do centro do Recife, que vem retirando alguns camelôs das ruas mais movimentadas, uma audiência pública foi promovida nesta quinta-feira, 24, para discutir soluções sobre a relocação dos ambulantes que não têm onde colocar seus fiteiros e tabuleiros. Cerca de 300 pessoas lotaram o plenarinho e prometeram voltar, em número maior, à Câmara Municipal, para pedir apoio de todos os vereadores na sessão plenária de segunda-feira, 28, às 15h.

A audiência pública foi uma iniciativa do vereador Edmar de Oliveira (PHS). “Existem muitos prédios desocupados no centro do Recife e a Prefeitura poderia desapropriar um deles para criar um mercado popular, onde os camelôs pudessem ficar tranquilamente. Uma iniciativa como essa já deu certo, no passado, em Prazeres, Jaboatão dos Guararapes. Lá era muito desordenado e hoje, depois que a prefeitura construiu o Mercado das Mangueiras, está tudo limpo e funcionando muito bem”, disse o vereador. Ele disse e insistiu que a desapropriação depende de vontade política.

O presidente do Sindicato do Comércio Informal de Pernambuco, Elias de França, disse que a retirada dos camelôs das ruas centrais do Recife, que vem ocorrendo desde novembro, sem oferecer a eles um local para trabalhar, “é uma ação cruel e impensada da Prefeitura”. Garantiu que já apresentou várias propostas e soluções, mas “nós só recebemos não”. Por isso, vai mobilizar a categoria para pressionar o Poder Executivo. O Recife tem cerca de 12 mil camelôs, 60% estabelecidos no centro, entre o Marco Zero e a Avenida Caxangá. O restante está localizado no chamado centro expandido, nas feiras de Casa Amarela, Afogados e Beberibe.

Foi uma audiência com vários depoimentos. Entre eles, o de um homem identificado apenas como Cléber, que vendia espetinhos na Rua Sete de Setembro. “Fomos retirados da rua pela polícia, quando estávamos trabalhando. Nós também queremos a cidade organizada para a Copa de 2014, mas o centro do Recife só ficará organizado quando as pessoas tiverem emprego e viverem com dignidade”, afirmou. Uma pauta de reivindicações foi entregue ao vereador Edmar de Oliveira, com nove itens, pedindo desde a construção de um shopping popular para acolher os camelôs do centro, a construção de uma praça de alimentação e exigindo que todos os ambulantes voltem após o Carnaval para a Avenida Dantas Barreto.

O vereador Alfredo Santana (PRB) também participou da audiência. Ele disse que tem andado com o prefeito por várias partes do Recife e ouviu dele o depoimento de que está interessado em resolver o problema dos camelôs. “Essa causa é de todos nós. Assim que o secretário de Controle e Desenvolvimento Urbano e Obras, Amir Schvartz, que está em viagem, retornar, vamos agendar uma audiência com o prefeito João da Costa para discutir esse assunto”, disse.

Representando a Prefeitura do Recife estiveram presentes a coordenadora do Projeto Recife Nosso Centro, Elida Dias, e a diretora geral de Controle Urbano da Secretaria de Controle e Desenvolvimento Urbano e Obras, Maria de Biasi. “A gente vem conversando com vocês há muito tempo. É difícil encontrar uma solução, pois a revolta e indignação da categoria é a mesma da população que reclama que não pode andar nas ruas tomadas pelos camelôs”, disse Maria de Biasi.

Ela acredita que todas as pessoas, inclusive os camelôs, querem a requalificação do centro. “A desorganização é grande. Precisamos de regras, para acabar com os excessos. Podemos dizer que os camelôs da Avenida Dantas Barreto voltarão após o carnaval, mas só vamos liberar licenças estabelecendo o espaço extao que cada um vai ocupar. Alguns estavam ocupando o espaço dos outros e impedindo as pessoas de caminhar nas calçadas. Mas nós não temos soluções mágicas. Tudo depende de negociações e de procedimentos técnicos e administrativos. Não podemos fazer as coisas de qualquer jeito, pois teremos que prestar contas à Câmara Municipal e ao Tribunal de Contas. Quanto à Praça de Alimentação, está em estudo. Mas, fazer o projeto, leva tempo. Adquirir o prédio para colocar os camelôs também está em estudo. Procuramos um imóvel, mas precisamos identificar os proprietários, fazer a desapropriação, elaborar um projeto de recuparação”, disse Maria de Biasi.

Em 24.02.2011, às 13h.