Audiência pública debate situação dos moradores da favela do Bode
Carreras disse que a intenção não foi sair da audiência pública com uma solução definitiva para as famílias que moram há décadas na favela do Bode. “O intuito foi mostrar às autoridades a atual situação da comunidade, que, apesar de estar no traçado da Via Mangue, não foi contemplada pelo projeto”, disse. O Bode está localizado numa das áreas de maior pressão imobiliária de Pernambuco, próxima do terreno onde está sendo erguido o Shopping Rio Mar e do local onde passa a Via Mangue. Cerca de 2 mil pessoas vivem na comunidade em condições abaixo da linha da pobreza. Como solução imediata de habitabilidade, o vereador sugeriu que seja construído um habitacional no terreno do Aeroclube, localizado também nas proximidades, para transferência das famílias. “Pelo traçado da Via Mangue, não vai ser possível o funcionamento do aeroclube na área. Então, poderia ser construído o habitacional, para acolher as famílias”, defendeu o vereador.
A situação da comunidade do Bode está denunciada num vídeo e num power-point que foram apresentados no início da audiência pública. Eles demonstram que, em virtude da Via Mangue, algumas intervenções foram feitas na área, que só agravaram a especulação imobiliária, pressionando a população pobre a avançar suas palafitas sobre estuários e manguezais. Comunidades como o Bode dão ao Recife o título de quinta cidade brasileira em número de invasões e favelas, segundo o IBGE. É o reflexo da desigualdade, com grandes problemas sociais, econômicos e ambientais. Cópias do vídeo e do power-point foram entregues aos representantes dos governos Municipal e Estadual, que participaram da audiência.
“É um absurdo que, em pleno século 21, a nossa cidade ainda tenha palafitas. Situações como a do Bode deveriam ser tratadas como prioridade pelos poderes públicos”, disse Augusto Carreras, ao entregar o material. “Entrego esse documentário para que as autoridades constituídas possam ver e iniciar um planejamento, contemplando essas pessoas que vivem em exclusão”, afirmou. No diagnóstico feito pelo gabinete do vereador, que consta do power-point, as prioridades defendidas para o Bode são: programa habitacional (construção de casas populares e regularização fundiária); obras de saneamento básico, abastecimento e pavimentação; programa de formação e qualificação profissional; instalação de equipamentos de lazer e esportes; além de programas de cidadania para juventude.
Nenhum dos representantes dos governos municipal e estadual apresentou um projeto para a comunidade. Cada um não falou mais do que três minutos e apenas disseram que estavam à disposição para conversar com a população. Fizeram parte da mesa da audiência pública Tarciana Souto Maior, diretora de urbanismo da Secretaria de Controle, Desenvolvimento Urbano e Obras da Prefeitura do Recife, representando a secretária Maria José de Biase; o diretor social Fernando Meireles, da Secretaria de Habitação do Recife, representando o secretário Abelardo José Coelho Neves; o assessor especial Edvaldo Câmara, da Secretaria Especial de Gestão e Planejamento do Recife, representando a secretária Evelyne Labanca; a coordenadora jurídica Maria Isabel Lafayete, da Empresa de Urbanização, representando a presidente Débora Mendes; o diretor de gestão Wagner Lima, da Companhia Estadual de Habitação e Obras do Governo do Estado, representando o diretor-presidente da Cehab, Nilton Mota.
Em 04.07.2012, às 13h.