Audiência Pública discute propostas para rádio Frei Caneca

A rádio Frei Caneca começou como um sonho do ex-vereador do Recife, Liberato Costa Júnior, que queria criar um espaço permanente de promoção e veiculação da cultura local. Mais de 50 anos depois, o sonho da rádio foi abraçado por gestores, comunicadores e artistas, que nos últimos meses vêm discutindo o formato ideal de uma rádio pública. As propostas nascidas destes encontros foram apresentadas na Câmara durante audiência pública realizada na tarde desta quarta-feira, 4.

O encontro foi convocado pela vereadora Isabella de Roldão (PDT), que desde o início de seu primeiro mandato na Casa buscou informações sobre a rádio. “Esse ano a rádio começa a sair do papel. A expectativa é que até o final de 2014 a gente tenha mais esse espaço de informação e, sobretudo, um espaço onde nossos artistas tenham a chance de divulgar seu trabalho além dos grandes eventos de Carnaval e São João. Porque muitas vezes parece que estamos parados no tempo dos frevos antigos, quando na verdade temos muita coisa para mostrar”. E finalizou “Estou aqui para que a gente possa construir juntos essa rádio, que é nossa”.

Artistas e representantes de entidades ligadas à cultura participaram do encontro e puderam ampliar o debate. Patrick Torquato, gerente de Música da Fundação de Cultura do Recife, coordenou os grupos de trabalho formados por representantes da sociedade civil que elaboraram 53 propostas para dar forma à emissora.  Ele esclareceu o significado de alguns termos usados no documento e destacou a pluralidade de ideias alcançadas ao unir 16 entidades distintas na construção das propostas.

A professora Teca Carlos, da Fundarpe, lembrou que o processo é longo, mas que mudanças históricas não acontecem de uma hora para outra. Ela acredita que o resultado do trabalho do grupo irá agradar à população, porque ele foi feito com compromisso e paixão. “Décadas nos separam da origem desta lei. Mas a história é feita de um mote continuo que precisa sempre de um fronte com uma vocação missionária, e eu me orgulho em fazer parte dele. Foram várias reuniões que animaram minha alma de militante da cultura. A sala esteve sempre cheia.  Revivemos o processo metodológico ensinado por Paulo Freire. O grupo foi conduzido por Torquato com equidade, leveza, emoção, afetividade e paixão. Hoje é o dia de avaliar e fazer a prospecção para tempos futuros”.

Três integrantes do grupo de trabalho também participaram da audiência. A professora Nice Lima apresentou as propostas de financiamento, a jornalista Rosa Sampaio, da ONG Auçuba falou sobre a programação e César Cronembold, da Central Única das Favelas (CUFA) leu os pontos relativos à gestão da rádio.

O presidente da Fundação de Cultura do Recife, Diego Rocha, elogiou o material entregue pelo grupo de trabalho. “Esse documento será debatido hoje e em outros momentos para ser refinado e aprimorado, mas já podemos chamá-lo de Carta Magna. Esta é a Constituição da rádio Frei Caneca, com princípios balizadores, feitos com bastante representação e perfeitamente válido para ajudar a tornar a rádio concreta”.

Diego Rocha informou que o funcionamento da radio é uma das metas prioritárias acompanhadas pelo prefeito Geraldo Júlio, que acompanha plano de ação, custos e prazos do projeto. De acordo com o presidente da Fundação de Cultura, a licitação dos equipamentos para torre, antena e transmissor será concluída no início do segundo semestre e a rádio deve estar em pleno funcionamento até o final do ano.

Em 04.06.14, às 17h35.