Audiência Pública vai discutir situação da Orquestra Sinfônica do Recife

Considerada a mais antiga do gênero no País em atividade ininterrupta, a Orquestra Sinfônica do Recife (OSR) vem enfrentando dificuldades de gestão, carência diversas inclusive de instrumentos e não dispõe de projetos artísticos consistentes. Além disso, é crescente a insatisfação dos músicos por causa da baixa remuneração e da falta de condições de trabalho. Essa situação, que depõe contra a orquestra que é uma das mais tradicionais do Brasil, vem preocupando a Comissão de Educação, Cultura, Turismo e Esportes da Câmara Municipal do Recife. Ela realizará audiência pública para discutir o problema no dia 20 de junho, no plenarinho, às 9h.

A realização da audiência foi solicitada em plenário e aprovada por unanimidade. “Não concebemos a existência de uma boa orquestra sem condições de trabalho e sem um salário digno para os músicos”, afirmou o presidente da Comissão, vereador André Régis (PSDB). Os músicos recebem em média R$ 2 mil por mês e por isso não podem ter dedicação exclusiva. Além disso, muitos deles são donos dos próprios instrumentos que tocam, pois a Orquestra Sinfônica do Recife tem deficiência. “O objetivo da audiência pública é discutir, através do Legislativo, o futuro da orquestra. Já que ela existe, tem cumprir bem o seu papel”, disse o vereador. Segundo ele, se o grupo for bem administrado e a Prefeitura do Recife souber fazer uso, a orquestra deixará de ser vista “como um peso”. Um desses usos, garantiu, é a educação.

A preocupação do vereador André Régis com a situação da Orquestra Sinfônica do Recife vem desde o início da legislatura. Em março ele fez uma visita aos músicos. “Eu os procurei exercendo o papel de fiscalização, que é próprio do Legislativo. Foi então que me deparei com a situação de abandono. Faltavam músicos e instrumentos”, disse. O déficit encontrado foi de pelo menos 30 músicos, para que a orquestra pudesse funcionar plenamente. “Ela está desfalcada. Com os 75 atuais, o grupo não tem condições de executar todas as peças”. No quesito instrumentos, está precisando dos de percussão e harpas, segundo o vereador.

A partir dessa visita, o vereador começou a acompanhar mais de perto a situação da orquestra. “Percebi que a orquestra não estava tocando. Ela existia, mas tinha falhas na programação. E se uma orquestra não toca, ela não existe. Então, apresentei diversos requerimentos à Prefeitura do Recife pedindo informações sobre essa realidade. Recebi a resposta, que incluía toda a programação deste ano. Havia na programação cerca de 40 apresentações para este ano. Mas este semestre, ela só tocou durante três horas”, afirmou Régis. Ele foi pessoalmente acompanhar a programação enviada pela Prefeitura. E constatou que nos dia 15 e 29 de maio os concertos foram suspensos. “Esse do dia 29, inclusive, foi suspenso poucos minutos antes da apresentação. Havia uma fila enorme na frente do Teatro de Santa Isabel. E o povo voltou para casa, frustrado”, lamentou.

Ao mesmo tempo que o vereador fazia as denúncias, os componentes da orquestra também se sentiram fortalecidos para reclamar da situação. “Realizei duas reuniões com os músicos e seus representantes, pois havia um clima de insatisfação muito grande”, contou. Nesse meio tempo, o maestro Osman Giuseppe Gioia pediu exoneração do cargo que ocupava havia mais de 12 anos. “Maestro tem status de secretário municipal, com poderes de regente e gestor. Não será difícil encontrar substituto interessado”, explicou o vereador. Para a audiência pública do dia 20 o vereador convidou o vice-prefeito Luciano Siqueira; a secretária de Cultura, Leda Alves; o secretário de Turismo e Lazer, Felipe Carreras; o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Roberto Lessa; representantes dos músicos; do Conservatório Pernambucano de Música; da Faculdade de Música da Universidade Federal de Pernambuco; e o maestro Rafael Garcoia, da Orquestra Vistuosi.


Em 13.06.2013, às 12h20.