Bancada feminina debate violência contra a mulher
As convidadas da reunião, que ocorreu no plenarinho, foi a
delegada da Mulher Maria do Socorro Velozo e a cientista política Regina Célia
Barbosa, vice-presidente do Instituto Maria da Penha. A delegada deu uma
verdadeira aula sobre as questões da mulher, resgatando a história da luta das
feministas, até os dias atuais, quando elas receberam “um acréscimo de tarefas,
atividades e atribuições”. Através de slides, no telão, Maria do Socorro também
mostrou que o Estado de Pernambuco hoje dispõe de nove delegacias da Mulher e
outras cinco estão em implantação. “Recebemos queixas de mulheres que são
vítimas de violência doméstica há 20 anos”, disse. Essa violência não é somente
física, mas principalmente psicológica.
As relações que envolvem a violência doméstica, segundo Maria do Socorro Velozo,
envolvem casamento, união estável, concubinatos, família homoafetivas , namoros
e outros vínculos, como a relação de patrão e empregado. Os sinais que
identificam a violência doméstica são “o comportamento controlador do marido, o
rápido envolvimento amoroso, expectativas idealisats em relação à parceria,
abuso verbal, hipersensibilidade e crueldade com animais e crianças”, disse.
Ela observou, ainda que há vários mitos sobre a violência doméstica. “Dizem que
ela é um problema familiar, que existem mulheres que provocam e gostam de
violência e que ela só ocorre nas famílias de baixa renda e de pouca instrução.
Esses são alguns mitos”, afirmou.
A cientista política Regina Célia, que trabalha com a Lei
Maria da Penha, reforçou a tese sobre a aplicabilidade da lei em função da
adoção das políticas públicas e da qualificação dos profissionais que trabalham
com mulheres que sofrem a violência. Para ela, a educação é uma das saídas para
o enfrentamento. “Também existe uma deficiência na parte do atendimento à
mulher, por desconhecimento da lei. A sua aplicabilidade precisa ser feita de
forma humanizada. Além disso, a demora no atendimento às vezes ocorre porque os
profissionais envolvidos na execução da lei nem sempre reconhecem os problemas
como crime. Muitas mulheres deixam de denunciar as agressões por não serem bem
acolhidas”, lamentou.
A vereadora Priscila Krause (DEM), disse que a violência doméstica está
relacionada, entre outros fatores, à disputa entre gêneros e que é preciso
estabelecer novos paradigmas de comportamento na sociedade. A vereadora Aline
Mariano (PSDB) alertou que a violência doméstica só será resolvida quando as
políticas públicas começarem a funcionar de forma integral, envolvendo os
órgãos policiais e jurídicos. “Somente assim as mulheres terão segurança de
fazer denúncia e garantir sua segurança e de sua família”. A vereadora Michele Collins
(PP) ressaltou que é importante a realização dos debates sobre todos os temas
relacionados à mulher na Câmara Municipal. “É preciso que nós estejamos sempre
lembrando desses problemas para conseguir estabelecer políticas públicas de
qualidade”, disse. O próximo debate, a respeito da saúde da mulher, será dia
20.
Da bancada masculina, o único vereador que participou da reunião foi Jayme Asfora
(PMDB). A atual bancada feminina é a maior da história da Câmara Municipal do
Recife. Do total de 39 parlamentares, foram eleitas seis mulheres nas últimas
eleições, sendo que uma delas, Marília Arraes, licenciou-se para assumir uma
secretaria municipal da Prefeitura do Recife. Além de Isabella de Roldão, Priscila
Krause, Aline Mariano e Michele Collins, a bancada também é formada por Irmã
Aimée (PSB), que não pode comparecer à reunião.
Em 14.03.2013 às 13h57.