Bancada feminina realiza debate sobre a Saúde da Mulher

Um debate que deu visibilidade ao tema “Saúde da Mulher” foi realizado pela bancada feminina da Câmara Municipal do Recife, em reunião pública, na manhã desta quarta-feira, 20. “Desde que o Ministério da Saúde rompeu com o modelo de serviço exclusivamente materno-infantil e adotou um atendimento mais amplo para a mulher, nós devemos discutir e implantar os novos sistemas, dentro da perspectiva das necessidades de todas”, anunciou a vereadora Michele Collins (PP), que presidiu a reunião. A bancada feminina, com cinco membros, é a maior da história da Casa de José Mariano.

O evento fez parte das comemorações do Dia Internacionada Mulher, que se estenderão por todo o mês na Câmara Municipal do Recife. Na abertura da reunião, Michele Collins reconheceu que os serviços públicos dispõem de programas que atendem às questões da saúde da mulher e avançaram na gestão. “Mas o nosso questionamento é: como está o atendimento nos postos, policlínicas e hospitais públicos? O que as mulheres precisam fazer para ter acesso a esses serviços? Como disseminar as informações sobre os tipos de câncer que acometem as mulheres?”, perguntou. Participaram da reunião as vereadoras Irmã Aimée (PSB), Priscila Krause (DEM) e Isabella de Roldão (PDT). Aline Mariano (PSDB) justificou-se porque não pode comparecer.

Duas médicas ginecologistas e obstetras comandaram dos debates: Jane Barros, da coordenação técnica da Secretaria de Saúde do Estado, que fez uma abordagem de temas polêmicos; e Isabela Coutinho, da gerência de Saúde da Mulher da Prefeitura do Recife, que falou sobre os cânceres de colo de útero e de mama. Entre os anos de 2010 e 2011, segundo Isabela Coutinho, a incidência de câncer de mama no Recife atingiu o índice de 84.25 mulheres em cada grupo de 100 mil; e o de colo de útero, 22.5 mulheres também em cada 100 mil. A médica apresentou dados do Datassus e afirmou também que, no ano de 2010, foram registrados 253 óbitos decorrentes de câncer de colo de útero em Pernambuco.

“Esses dois tipos de câncer têm 100% de chance de cura, se a lesão for detectada no início. Basta que seja feito o diagnóstico precoce. Mas, embora haja facilidades, nem sempre os serviços públicos são procurados para a realização dos exames. Falta um trabalho de sensibilização. Muitas vezes as mulheres fazem os exames, mas não aparecem para pegar o resultado”, lamentou Isabela Coutinho. Para fazer os exames de colo de útero, disse ela, basta que as mulheres procurem os postos de saúde ou policlínicas municipais do Recife, onde são realizados os exames ginecológicos. “Esse exame não precisa de encaminhamento médico. Basta a mulher chegar e agendá-lo. Já o de mama, precisa-se de consulta médica nos postos e o médico em seguida encaminha a paciente para a cultura gineceológica. Acima dos 50 anos, esse exame deve ser anual”, afirmou.

A técnica da Secretaria de Saúde do Estado, Jane Barros, complementou a informação, dizendo que todos os grandes hospitais públicos de Pernambuco oferecem tratamento hospitalar, quando os casos são diagnosticados precocemente. Ela fez uma apresentação em power-point apresentando temas sobre a saúde da mulher e propondo reflexões. “A saúde da mulher é um campo vasto e é necessário tratá-la em todos os aspectos, no que diz respeito ao bem-estar físico, social e mental”, afirmou. Ela abordou temas como planejamento familiar, exames preventivos, sexualidade feminina, climatério e mudanças de hábito de vida.

A vereadora Priscila Krause lembrou que o debate sobre a saúde da mulher faz parte da série de audiências que a bancada feminina vem realizando. “Esse tema especificamente é importante não só para as mulheres, como para a sociedade como um todo. É um tema complexo que precisa ser constantemente debatido”, defendeu. Ela acha que é fundamental que haja uma cooperação entre os setores que trabalham com a educação e a saúde para dar suporte no enfrentamento a esses problemas.

A vereadora Irmã Aimée observou que as mulheres às vezes deparam-se com dificuldades no acesso aos serviços públicos e ressaltou que o debate realizado na Câmara Municipal do Recife funcionou como uma forma de contribuir para o bem-estar da mulher.  “Um imporntante momento foi a abordagem do tema tensão pré-menstrual. Os homens precisam ter paciência com as mulheres nessa fase da vida, quando há uma descompensação hormonal”, justificou.

A vereadora Isabella de Roldão ressaltou que o debate trouxe à tona a humanização do nascimento. “Hoje temos uma rede particular que se recusa a fazer partos humanizados. E as mulheres que recorrem à rede pública sabem muito bem o que é falta de atenção e de assistência na hora do parto”, disse. Ela entende que há uma prática generalizada de partos cesáreos. “Nascer tornou-se uma conveniência de médicos e pacientes”, afirmou. Ela acha que o tema é grave e merece ser discutido em audiência pública exclusiva.

  

Em 20.03.2013, às 12h10.