Bombeiros civis debatem situação da categoria na Câmara do Recife
A lei federal a que a vereadora se refere é a de número 11.901, de 12 de Janeiro de 2009, que oficializa, em seu artigo 1º, o exercício da profissão de Bombeiro Civil no Brasil. “Mas ela exige o reconhecimento local desses profissionais de segurança. É injusta a situação que eles enfrentam”, afirmou Isabella. Em Belo Horizonte, Minas Gerais, por exemplo,foi criada uma lei dispõe sobre a obrigatoriedade de manutenção de uma unidade de combate a incêndio e primeiros socorros, composta de Bombeiro Civil; em Sergipe, outra semelhante, torna obrigatória a contratação de bombeiros civis no território daquele Estado, por entidades privadas, clubes sociais, empresas e afins, onde haja grande circulação de pessoas.
“Lutamos para que o mesmo ocorra em Pernambuco. Hoje, é essa a nossa principal demanda. Estamos provocando o debate e temos consciência de que participamos, aqui na Câmara Municipal, de um momento histórico. A regulamentação da lei, que poderá criar a profissão em nível local, terá um efeito social, com os empregos formais; além de um efeito na segurança pública, pois da forma como está, muitas pessoas podem se dizer bombeiros civis, sem estarem habilitados; e por fim, um efeito de saúde pública, pois a criação da profissão vai orbigar um ordenamento dos procedimentos”, disse o presidente da Cooperativa de Bombeiros Civis de Pernambuco, Jean Cleiton Costa de Siqueira, que participou da audiência pública.
O vice-presidente da Cooperativa, Adriano Gomes, que também estave presente, disse que “esta audiência foi o primeiro passo no sentido de corresponder aos anseios de uma categoria que se encontra desamparada pelos poderes públicos”. Ele explicou que a função dos bombeiros civis é trabalhar em ambientes fechados, que tanham grande circulação de pessoas, a exemplo de shoppings centers, indústrias, prédios públicos, postos e aeroportos. “Essa é uma das principais diferenças entre nós e os bombeiros militares. Nós prestamos serviços internos, enquanto os militares são de externos”, afirmou. Como inexiste uma corporação dos bombeiros civis, eles são vinculados à cooperativa, que cuida de arranjar serviços em eventos avulsos ou através de contratos com empresas.
A situação dos bombeiros civis é tão desfavorável que os do Cabo de Santo Agostinho, num total de 40, fazem trabalhos voluntários para a Prefeitura Municipal. “Estamos há dois meses fazendo esse trabalho voluntário com o objetivo de criarmos uma cultura local e esperamos que o município crie uma brigada. Nossa atuação é para despertarmos, no poder municipal, uma necessidade. Atuamos junto à Guarda Municipal e hoje já temos o reconhecimento dos secretários. É tanto que o prefeito Vado da Farmácia já nos garantiu que vai nos efetivar, através de uma lei municipal que regulamente a federal”, afirmou o bombeitro líder da cidade, que fez parte da audiência pública, Paulo Sérgio de Lima. A atuação voluntária dos bombeiros no Cabo de Santo Agostinho foi uma iniciativa do comandante da Guarda Municipal, Ozias Carvalho.
O comandante da Guarda Municipal do Recife, inspetor Marcílio Domingos, reconheceu que o trabalho dos bombeiros civis é muito importante para o ambiente urbano, mas disse que a regulamentação precisa ser bem analisada. “É preciso ter cuidado para os civis não entrarem nas atribuições dos militares. Ao regulamentar a lei, precisa-se de um aprofundamento sobre as competências, para uma categoria não interferir na outra. Por exemplo, o bombeiro civil deve agir somente em caso de incêndio, mas nunca em resgate e salvamento”, disse. O vereador Aderaldo Pinto (PRTB) apresentou um projeto de lei, o de número 210/2013, que dispõe sobre a obrigatoriedade de manutenção de uma unidade de combate a incêndio e prestação de primeiros socorros, constituída por corpo de bombeiros civil, em estabelecimentos específicos. O projeto está aguardando emendas, nas comissões de Legislação e Justiça, Defesa dos Direitos Humanos, Finanças e Orçamento e de Segurança Pública.
Em 21.10.2013, às 13h07.