Câmara debate qualidade da carne consumida no Recife
O gerente de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde, Luiz Paulo Brandão, afirmou que a fiscalização de carne em supermercados, mercadinhos, frigoríficos, mercados públicos e privados do Recife é feito pelos seis distritos sanitários. “É uma fiscalização eficiente, mas pedimos à população que denuncie quando desconfiar de carne clandestina. Em geral essa é uma carne muito barata, de animais abatidos em açougue que não têm o controle da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro)”, disse. No ano passado, segundo ele, foram apreendidos cerca de 10 mil quilos de carne clandestina e 90% das denúncias vieram do Mercado Público de Afogados.
Como foi grande a apreensão do ano passado, a repressão fez reduzir os números de 2011. Até setembro foram feitas quase 20 mil inspeções, mas a apreesão foi de apenas 1.272 quilos de carne. “Para saber se a carne é de boa qualidade, o cliente tem pistas. Por exemplo, toda carne que sai de um matadouro regularizado recebe nota fiscal. E o comerciante fica com essa nota, inclusive para mostrar ao consumidor. Isso já é uma prova da origem. Além disso, ele dispõe de um licenciamento de funcionamento emitido pela Vigilância Sanitária, afixada na parede. Só recebe esse licenciamento que está ok”, disse Luiz Paulo Brandão. Ele afirmou que as denúncias do consumidor pode ser feito pelo telefone 0800 281 15 20.
O presidente da Associação Pernambucano de Supermercados (Apes), Edvaldo Guilherme, assegurou que 90% da carne consumida na Região Metropolitana do Recife, nos cerca de 230 supermercados credenciados, vêm de Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Pará. “É uma carne que recebe o certificado do Serviço de Inspeção Federal (SIF). Posso assegurar que entre os nossos associados, 99% não vendem carne clandestina. Só não posso dizer 100% porque em tudo na vida há exceções. Mas, nas reuniões da Apes sempre insistimos que o mais importante para o consumidor é a qualidade dos produtos”, disse.
De acordo com a diretora da Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde, Adeilza Ferraz, a carne clandestina é um perigo para a saúde pública. “Muitas doenças são passadas através dessa carne que é vendida sem inspeção. São doenças como tuberculose, brucelose, anemia infecciosa, mormo e cisticercose”, afirmou. A carne que tem procedência definida é examinada por veterinário antes e depois do abate do animal. A promotora Liliane Fonseca disse que o Ministério Público Estadual vem realizando a campanha Programa Carne de Primeira cujo objetivo é melhorar a qualidade da carne consumida e proteger o cidadão dos produtos impróprios para a saúde. Ela assegurou que a grande parte da carne abatida clandestinamente em Pernambuco está no interior do estado.
Um levantamento foi feito sobre os matadouros do interior. “Os animais são abatidos em matadouros cuja situação de higiene é grave e põe em risco a saúde da população”, afirmou. Segundo ela, a maioria dos abates é feita no chão, sem higiene, com manipulação inadequada e a carne é lavada com água contaminada. A promotora Liliane Fonseca alertou que há uma determinação federal impedindo o transporte de carne fresca de uma cidade para outra. Mas, em suas investigações, ela descobriu que em Pernambuco essa determinação não é válida. “Para ser transportada a carne precisa estar congelada”, afirmou.
Em Pernambuco exite uma portaria da Secretaria Estadual de Agricultura que libera o transporte da carne fresca em cidades cuja distância seja de até 150 quilômetros de uma para outra. “Uma das coisas que a Câmara Municipal do Recife pode fazer é levar uma proposta para a Secretaria de Agricultura do Estado pedindo a revogação dessa portaria, que permite o transporte de carne fresca de uma cidade para outra”, disse a promotora. O vereador André Ferreira anotou a sugestão e ficou de analisar as iniciativas que tomará daqui para frente. Este presente na audiência o vereador Alexandre Lacerda (PRTB).
Em 08.11.2011, às 13h30.