Câmara discute criação da Frente pela Vida

A maioria dos vereadores é favorável à criação da Frente Parlamentar em Defesa da Vida proposta pela vereadora Michele Colins (PP), através do projeto de Resolução 26/2013. No entanto, antes da votação, que não aconteceu porque a proposta foi retirada para suprimir a criação de um termo de compromisso, suscitou intenso debate entre os pares da Casa. O pedido para retirar o termo de compromisso que deveria ser assinado pelos parlamentares foi do vereador Luiz Eustáquio (PT). A proposta deve voltar amanhã para votação em plenário sem o termo de compromisso.

Michele Collins argumentou que a Frente é uma nova associação suprapartidária para trazer à discussão fatos sociais importantes. Para ela, trata-se acima de tudo de um espaço em favor da  vida que poderá contar com a participação de representantes da sociedade civil, e deverá fazer o acompanhamento de políticas públicas do governo. “A Frente deverá debater questões que visem à proteção da vida e da família, que sejam contrárias às políticas de descriminalização e autorização ao aborto, entre outros temas”.

Jaime Asfora (PMDB) antecipou o voto dele, favorável, por entender que a Frente não vai limitar a vida em nenhum de seus sentidos, nem restringir a vida em formações familiares diferenciadas, uma vez que a vida hoje não se faz apenas pela procriação e sim pelo afeto.

Priscila Krause (DEM) lembrou que a Câmara tem de ter pluralidade de frentes que construam a diversidade. Para ela a vida não se dá apenas pelo lado biológico porque ela acontece de forma ampla, ainda que casais homoafetivos não gerem vida. “Deus permitiu o avanço tecnológico para que pessoas gerem vidas independentemente da condição afetiva de cada uma delas. A vida não é só nascimento, mas a perspectiva de futuro que esse nascimento gera”.

Raul Jungmann (PPS) recordou o filme Blade Runner que tratava da possibilidade do homem criar vida, e acrescentou que hoje com as descobertas sobre as sequências do DNA será possível ao homem criar vida. “Essa condição vai alterar todo o código de ética, de moral  e religião que conhecemos. Tenho me perguntado se estamos prestes a ser Deus, que criou o homem à sua imagem e semelhança, pois em breve seremos capazes de criar vida à nosaa imagem e semelhança. Rousseau afirmava que o homem se distinguia dos outros animais pela capacidade de se transformar. Só o homem pode aplicar o conceito de liberdade e de livre arbítrio. A vida é sobretudo um dado cultural”.

Vicente André Gomes (PSB) disse que é preocupante o momento que vivemos em que a definição de seres humanos passa por interesses modelados pela ciência. “Não temos ainda a visão de como uma criança criada por dois homens ou por duas mulheres será. Só o futuro poderá dizer como a sociedade vai enfrentar isso. Essa matéria é profunda e precisa ser refletida”.

 

Em 24/03/2014 às 18h26