Câmara discute plano de mobilidade urbana do Recife
Jurandir lembrou que o plano de mobilidade apresentado é o primeiro do país em sua modalidade e deverá servir como referência. Além de focar no transporte coletivo e na restrição paulatina de veículos ao centro, que pode ser feita através de rodízio ou taxa de circulação, o plano prevê ainda a implantação de ciclovias e hidrovias para transporte turístico. O presidente da Casa acertou a vinda de Milton Botler à Câmara já na próxima semana. A exposição levou pelo menos duas horas e os vereadores participaram com perguntas sobre dotação orçamentária para viabilizá-lo e as prioridades de execução.
O arquiteto Milton Bloter ressaltou que a estrutura orçamentária da Prefeitura estima a implantação do plano de mobilidade em cerca de 20 a 30 anos para ser concluída. Ele prevê a construção de edificios-garagens, redistribuição de comércio nos bairros, serviço de transporte complementar e outros meios como fluvial e ciclovias. “Para se ter uma idéia, das 395 linhas, que também são itinerários, 95% delas entram no centro do Recife. Cento e noventa passam pela Conde da Boa Vista. Pior ainda. Há 360 mil habitantes em vazios com restrição de acesso ao transporte público.Dentro do projeto é possível implantar 120 quilômetros de ciclovias e 156 de ciclofaixas, com bicicletários e ciclorotas, com sinalização para outros modais. Assim, é possível fazer 424 quilômetros, sendo que hoje temos apenas 20 de ciclovias”.
Milton Botler frisou que todos os planos de mobilidade apresentam sempre dois aspectos, circulação e transporte individual, resultando em qualidade duvidosa, quando deveria ser estruturador. “A primeira pergunta é se a cidade tem como crescer de forma sustentável, considerando as áreas de restrição, de preservação e as especiais”. Ele ressaltou que o plano elaborado considera a infraestrutra existente e foca nos corredores e eixos de circulação, mas quer ir além da mobilidade. Para ele é preciso tirar as pessoas do isolamento dotando, por exemplo, os morros de teleféricos, elevadores e outros equipamentos. “Não adianta modernizar a estrutura se as pessoas não conseguem chegar até o transporte coletivo. É preciso redistribuir as atividades dentro da malha”.
O vereador Alexandre Lacerda (PTC) disse que estava preocupado com o tempo de execução do projeto e com a implantação das ciclovias como meio de transporte para o trabalhador. Carlos Gueiros (PTB) ponderou que ele conhece de muitos anos outros planos e até agora não saíram do papel. Lembrou que o plano é metropolitano e o Recife já tinha evoluído para a criação do Consórcio Metropolitano, no entanto, ele não viu a interação entre a Prefeitura e o Consórcio. “Na prática não existe”. Gilberto Alves (PTN) acredita que é possível sonhar o sonho possível. A preocupação dele é se governos municipal, estadual e federal estão integrados para a execução de um plano ousado e ambicioso como este. O vereador disse que gostaria de saber se plano contemplava previsão orçamentária e restrição de acesso a veículos.
Já Luiz Eustáquio (PT) demonstrou interesse em saber como esta modernização se daria em função da quantidade de carros novos que entram na cidade todos os dias. Foi mais além afirmando que sem transporte de qualidade ninguém vai abrir mão de carro próprio. Ele também quer saber se haverá parcerias com a iniciativa privada. Marília Arraes (PSB) ponderou que era importante tirar as pessoas do isolamento, lembrando que foi isso que o prefeito Miguel Arraes fez quando implantou a avenida a Norte e outras. “As pessoas moravam nos morros e não conseguiam chegar ao transporte. Ainda hoje há muitas áreas com difícil acesso ao transporte público”. Almir Fernando (PC do B) disse que o Recife precisava de um plano dessa magnitude para resolver seu problema de mobilidade e acessibilidade. “Espero que não demore muito tempo para sua execução e sugiro a implantação de corrimãos nas escadarias dos morros para melhorar a acessibilidade de moradores dessas áreas”.
Em 15.02.11, às 19h20.