Câmara homenageia Faculdade de Direito em reunião solene

Pelos seus bancos passaram vultos históricos, políticos e personalidades importantes da cultura como Joaquim Nabuco, Castro Alves, Ruy Barbosa, Tobias Barreto, João Pessoa, Marco Maciel, Ariano Suassuna, José Lins do Rego, Álvaro Lins, Fagundes Varella, Aurélio Buarque de Holanda, o também jornalista Assis Chateaubriand, além de muitos outros nomes. A mais antiga instituição de ensino superior na área de Direito do Brasil, a Faculdade de Direito do Recife, completou 190 anos no dia 11 de agosto e por isso foi homenageada em reunião solene, realizada na Câmara Municipal, na manhã desta segunda-feira, 28, por iniciativa do vereador André Régis (PSDB). Ele lembrou da importância de a homenagem estar sendo feita na Casa de José Mariano, pois o patrono do Legislativo Municipal foi estudante do curso superior da Casa de Tobias Barreto.

A solenidade, que lotou o plenário da Câmara Municipal do Recife, contou com a presença de alunos, professores, funcionários da Faculdade de Direito, além de advogados e personalidades do mundo jurídico. Foi presidida pelo vereador Eduardo Marques (PSB) e a fizeram parte da mesa o diretor da Faculdade de Direito do Recife, Francisco Queiroz Bezerra Cavalcanti; a vice-reitora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Florisbela Campos, representado o reitor Anísio Brasileiro; o presidente do Conselho Estadual de Educação, Ricardo Campos; o presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Luiz Otávio Cavalcanti; o conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Erick Sial e o vereador proponente, André Régis. Estiveram presentes os vereadores Jayme Asfora (PMDB), Hélio da Guabiraba  (PRTB), Marília Arraes (PT), Renato Antunes (PSC) e Ivan Moraes (PSol). A banda do Comando Militar do Nordeste acompanhou a solenidade, executando os hinos Nacional, na abertura da solenidade, e do Recife, no encerramento.

Em seu discurso, o vereador André Régis fez um resgate histórico e ressaltou fatos importantes: “Ela é uma instituição jovem para os padrões de existência do Brasil, pois tem menos de 200 anos. Durante o Império, Portugal não permitia que as colônias tivessem cursos superiores, pois essa era uma forma de a metrópole controlar o pensamento. Houve um atraso na formação educacional e somente com a vinda da Família Real começou o ensino superior no Brasil”. Também citou numerosos nomes que estudaram na instituição de ensino superior, o que reforça a importância da Faculdade de Direito do Recife: os ex-primeiros ministros do Império Pedro Araújo Lima, Zacarias Goes, além do Visconde de Sinimbu e Manoel de Souza Dantas; os ex-presidentes da República Nilo Peçanha e Epitácio Pessoa; e intelectuais como Gilberto Amado, Clóvis Beviláqua, Gláucio da Veiga e Pinto Ferreira.

O primeiro curso superior do Brasil foi o de medicina, disse o vereador, ressaltando que logo na sequência veio o de Direito. “Em 1827 foi criado o curso jurídico de Olinda e, na mesma época, o do Largo de São Francisco em São Paulo. O de Olinda foi instalado em 1828 no Mosteiro de São Bento”, lembrou André Régis. O curso foi transferido posteriormente para o Palácio dos Governadores, em Olinda; mas em 1854 veio para o Recife. Desde 1912, está no prédio localizado no Parque 13 de Maio. “As duas instituições mais antigas, a do Recife e a de São Paulo, formaram grandes nomes. A daqui, na área jurídica; a paulista, do mundo político”, disse. Régis sublinhou que a partir do ensino superior no Brasil, sobretudo na área jurídica, com grandes debates no ambiente acadêmico, a Casa de Tobias Barreto passou a ser “o grande celeiro da política, das artes e do mundo jurídico” e “desestabilizou o mundo histórico que era produzido na Europa”. Na Faculdade de Direito do Recife passaram “muitos homens que lutaram pela construção da Nação”.

André Régis também questionou: “Por que esta faculdade passou a ser conhecida como Casa de Tobias Barreto,  uma vez que este grande nome da nossa história sofreu pressão para não entrar na faculdade?” a pergunta, que ele mesmo respondeu, deveu-se ao fato de que Tobias, natural de Sergipe, se projetou e virou professor da faculdade onde estudou. No encerramento do discurso, André Régis observou, também, que a instituição, que é responsável por um passado que orgulha o povo recifense, está enfrentando desafio para o futuro. “A instituição está precisando de restauro, pois é um prédio antigo que está com problemas nas instalações. A sociedade precisa ter a dimensão da responsabilidade que este patrimônio das ciências jurídicas nos impõe. A Faculdade de Direito do Recife precisa de uma articulação da sociedade civil para continuar sendo esta grande casa que ela sempre foi”.

O curso de graduação da Faculdade de Direito do Recife conta com o selo de excelência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), enquanto que, em nível de pós-graduação, possui vários cursos de especialização, mestradodoutorado com as maiores notas do sistema nacional - na avaliação divulgada pela CAPES, em 2007, foi considerado o quarto melhor programa de pós-graduação em Direito do país. O professor Otávio Lobo, ex-presidente da OAB-PE, foi escolhido durante a solenidade para falar em nomes do ex-alunos. Ele ingressou na faculdade em 1951 e se formou em 1954. Hoje, é professor emérito. “A relação que preservo com a Faculdade de Direito do Recife e a mesma que eu gostaria que vocês jovens, hoje alunos, tenham com a instituição”, disse.

O vereador Jayme Asfora, também ex-aluno, falou durante a solenidade. Ele lembrou que os anos passados na faculdade foram um dos melhores de sua vida. “Foi lá onde aprendi a importância da política e da advocacia”. A vice-reitora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Florisbela Campos, esclareceu que o nome Casa de Tobias Barreto foi escolhido pelos próprios alunos da faculdade, em homenagem a todos os professores. Além disso, assinalou que a UFPE está somando esforços para restaurar o prédio da faculdade, no parque 13 de Maio, tombado pelo Iphan. Já o diretor da Faculdade de Direito do Recife, Francisco Queiroz Bezerra Cavalcanti disse que a reunião solene realizada pela Câmara Municipal “foi uma homenagem honrosa e relevante pelo que as duas casas – a de José Mariano e a de Tobias Barreto – representam para o Recife”.

 

Em 28.08.2017, às 13h.