Câmara presta homenagem aos 110 anos do Instituto de Cegos
O vereador Ivan Moraes defendeu a inclusão social e a representatividade no Poder Legislativo Municipal de pessoas com deficiência. Ele elogiou o trabalho do Instituto de Cegos do Recife, fundado em 12 de março de 1909 por Antônio Pessoa de Queiroz, sendo o segundo Instituto para cegos do Brasil e o primeiro da Região Nordeste. “É impossível pensar em qualquer pessoa que tenha baixa visão ou cegueira, que não tenha passado pelo Instituto”, destacou o parlamentar.
“Há 110 anos o Instituto de Cegos vem dizendo que as pessoas têm os mesmos direitos e não se pode negar a estas pessoas o direito de trabalhar, de ter educação e cultura”. Então, o vereador discorreu um pouco sobre a biografia do fundador da entidade. “Antônio Pessoa de Queiroz ficou cego aos três anos de idade, após um acidente com fogos de artifícios”, afirmou o parlamentar. “Hoje, o Instituto atende a 180 pessoas. Do número total de usuários, a maioria é do sexo masculino, não tem emprego e sobrevive do Benefício de Prestação Continuada (BPC)”.
A entidade funcionou, até o ano de 1927, na Rua da Glória, no bairro do Recife. Em 1935, passou para o bairro das Graças e a Santa Casa de Misericórdia do Recife assumiu a sua manutenção e administração, contando com o apoio, desde 1990, da congregação religiosa Filhas de Santana.
Ao ocupar a tribuna da Câmara para o seu discurso, a diretora do Instituto de Cegos, Irmã Maria Gomes, destacou que a entidade se esforça, para assumir o seu compromisso de prestar um serviço digno e respeitoso à sociedade. “O Instituto luta por um mundo de iguais, logo de irmãos. Onde Deus é Pai de todos e, como tal, organizou o mundo para todos. É neste sentido que o IAPQ continua com o olhar de futuro promissor e prossegue seu percurso centenário contribuindo com a transformação de vidas e da sociedade”.
Em seguida, a Irmã Maria Gomes, convidou o ex-aluno do Instituto, Domingos Sávio Muniz da Fonseca, para discorrer sobre a sua experiência. Ele contou que nasceu em Macaparana, há 84 km do Recife, numa família de sete irmãos, em que ele e mais quatro, nasceram cegos. Sua mãe foi orientada por suas professoras do antigo primário, a procurar o Instituto de Cegos do Recife. Eles chegaram a capital pernambucana no ano de 1984.
“Naquela época, o Instituto não recebia irmãos. Quebramos este paradigma”, lembrou. Desde então, contou do “orgulho de ter passado 18 anos por lá”. De aluno passou a militante da causa e falou com propriedade sobre o trabalho de superação, em momentos que se corria o risco de ter a água ou a luz cortada por falta de pagamento.
“Eu acompanho a história de pessoas que chegam lá, sem alinhamento no corpo e até sem saber falar. Depois de escutar os professores, assistentes sociais, psicólogos e outros funcionários, meses depois, estão falando com outros ares”, relatou Domingos Sávio. Ele ressaltou que o Instituto presta serviços de inclusão social. “Não é uma história de ceguinhos, de piedade. É uma história de garantia de direitos”.
O Instituto dos Cegos, Antônio Pessoa de Queiroz, é uma entidade sem fins lucrativos que oferece serviços gratuitos de reabilitação para pessoas com deficiência visual, no intuito de integrá-las à sociedade e ao mercado de trabalho. São oferecidos, gratuitamente, diversos cursos, a exemplo de informática básica e avançada, música e artes manuais, aulas de braille, teatro, dança, , entre outros.
Em 10.04.2019, às 13h17