Câmara presta homenagem póstuma a Pai Jefferson Nagô

Jefferson dos Santos nasceu em 1989, em Olinda, mas cresceu no bairro da Mangabeira, na capital. Criado na tradição do candomblé, aos 22 anos sonhou que o caboclo Carijós lhe pedia a reativação do centenário grupo cultural que leva o seu nome. A agremiação tinha sua faceta religiosa administrada por um tio – e pai adotivo – de Jefferson, o babalorixá Clóvis Cosme dos Santos.

A partir de 2011, o jovem dedicou-se a um trabalho de resgate cultural e de inclusão social de crianças e adolescentes da Mangabeira. Durante sua gestão à frente da Carijós do Recife, entre 2012 e 2018, a tribo foi campeã e vice-campeã nos quatro grupos do Concurso de Agremiações Carnavalescas do Recife. Em 2019, o Governo do Estado considerou a Caboclinho Tribo Indígena Carijós do Recife um Patrimônio Vivo de Pernambuco.

Em seu discurso, o vereador Almir Fernando destacou que, além de registrar a passagem do primeiro ano de morte de Pai Jefferson Nagô, a reunião solene comemorava a promulgação do projeto de lei nº 217/2019, que visa dar à próxima escola da Mangabeira o nome de Jefferson Roberto dos Santos.

O trabalho do religioso pelo fomento à cultura local e à inserção social de jovens foi especialmente destacado pelo parlamentar. “É inegável o legado de Jefferson Roberto dos Santos à cultura popular, às atividades sociais e comunitárias e à religiosidade de matriz africana”, disse.

Após a apresentação de um vídeo com depoimentos em homenagem a Pai Jefferson Nagô, Almir Fernando fez a entrega de uma placa comemorativa em memória dele ao seu representante na solenidade, Clóvis dos Santos.

O pai adotivo do homenageado fez um discurso emocionado na tribuna da Câmara do Recife. “Carijós é uma tribo que tem um centenário de anos. Eu e Jefferson a resgatamos do nada e começamos a lutar. Ele ficou enlouquecido para cuidar dela e aí começou nossa trajetória. Ele pediu que eu não deixasse o Caboclo se acabar. Disse que sairia desse mundo material para o espiritual, mas que um dos amores dele era Carijós.”

José Iguaracy Felipe da Costa, o Pai Guará, prestou uma homenagem a Jefferson dos Santos com cânticos dedicados a Oxalá, orixá que o regia. “É um prazer estar aqui. No dia 17 fizemos uma reunião da nossa tradição para Jefferson. Ele está muito satisfeito, mas é tão apegado a Carijós que pediu que não deixassem que ela se acabasse. Era um filho de Oxalá muito bom, dedicado e simples. Não tinha vaidade.”

Além dos vereadores e dos religiosos, a mesa da solenidade foi composta pelo jornalista Samuel Calado e pelo gerente-geral da Secretaria de Cultura do Recife, Williams Santana.

Em 19.12.2019, às 12h05