Casos de violência geram debate na Câmara do Recife
Mostrando-se indignado, o parlamentar disse que os números são estarrecedores no Recife e na Região Metropolitana. “Este fim de semana ocorreram 41 homicídios, sendo 21 apenas no domingo. Somente este ano, já são 231 mulheres estupradas. Quanto aos casos de violência doméstica contra a mulher, já somam 6.065”. Ainda segundo ele, no período são 2.847 assaltos a ônibus e mais de 300 assaltos a bancos. Rinaldo Júnior disse também que “é hora do governador tirar o terno e ir até as tropas, para conversar com os policiais”.
O vereador Romerinho Jatobá (PROS) afirmou que o tema é atual, visto que a situação de violência é vivida em todo o país. “O que me preocupa é a falta de reação. Tivemos dois episódios de grande repercussão nas ultimas 24 horas”, afirmou, se referindo aos homens carbonizados no carro e ao assalto de um carro no fim da manhã desta terça-feira na Zona Norte. Ambos com ampla divulgação das imagens nas redes sociais. “Sem falar no que ocorre nas periferias que é muito pior. O governador precisa reagir. Criar um escritório de crise de segurança e reunir quem entende do assunto”.
Compartilhando da opinião dos demais, Jayme Asfora (PMDB) relatou que recebeu com pesar, na noite da sexta-feira, a notícia da morte de dois irmãos no bairro do Caçote, numa ocorrência em que mais uma pessoa ficou ferida. Ele lamentou a violência no seio das comunidades pobres do Recife. “Proponho que os 39 vereadores subscrevam um documento convocando o Secretário de Defesa Social para uma audiência pública nesta Casa”. Ele disse ainda que já foi vítima por duas vezes de assaltos, nos anos de 2000 e em 2013.
Já o vereador Renato Antunes (PSC) afirmou se sentir inconformado com a atual situação. “O que está acontecendo? O que tem sido feito?, questionou. Ele alertou que a segurança pública não é âmbito do município, mas conclamou todos a se unirem. “Isso não é normal, tantos vídeos, tantas imagens. São números de guerra. Esta é a hora do governado r reagir”. Sugeriu então que o governo peça ajuda às forças armadas.
Mas Ivan Moraes (PSOL) chamou atenção para outros pontos e ressaltou que a Câmara pode dar início à reação. “A gente não precisa de maior efetivo policial, precisa de planejamento, de diagnóstico. A Casa pode propor uma consultoria independente e mostrar um diagnóstico quando da audiência com o secretário”. Para ele, é ruim que as pessoas, por conta da apreensão, deixem de usar a rua. “Pois uma rua cheia de gente e iluminada, é uma rua segura”.
A vereadora Ana Lúcia (PRB) destacou o número de assaltos a ônibus. “No domingo foram 10, sendo que durante todo o fim de semana, somam 25”. Ela chamou a atenção para um caso que ocorreu também na Zona Sul. “Um grupo armado organizou assaltos a carros na Avenida Herculano Bandeira, no fim da tarde do domingo, obrigando os carros a voltarem de marcha a ré pela Domingos Ferreira”. A parlamentar questionou ainda os investimentos em educação nas escolas e afirmou que” nenhuma mulher pode se sentir segura neste Estado”.
O presidente da Comissão de Segurança Cidadã da Câmara, Almir Fernando (PCdoB) destacou que há muitas sugestões propostas pelos vereadores e analisou que o Pacto pela Vida funcionou bem até 2014, mas que agora está inerte. “A Comissão acata a sugestão do vereador Jayme Asfora e subscreverá o documento convidando o secretário de Defesa Social para uma audiência pública”. Disse ainda que este é o momento de trazer à tona a necessidade de armar a guarda municipal para que o efetivo contribua com a segurança nas ruas.
No entanto, o vereador Wanderson Florêncio (PSC) aproveitou a ocasião para defender o governo do Estado, mostrando números da contratação de pessoal e da aquisição de equipamentos. “Estão sendo contratados 4.500 novos policiais, mil já estão nas ruas. Foram adquiridas 320 novas viaturas e 700 motocicletas, além de dois helicópteros. O governador vem trabalhando. Já ganhamos a guerra? Claro que não”. Ele salientou que essas questões de violência se cura com a prevenção, que é a educação. “O governo de Pernambuco vem tratando na raiz, investindo na educação”.
Já Eriberto Rafael (PTC) destacou dados de um levantamento feito por ele, que dá conta de que “nos últimos dez anos, houve um crescimento de 22,7% da violência no Estado”. Ele lamentou a falta de comunicação entre a Câmara e a Secretaria de Defesa Social - tantas vezes abordada pelos vereadores Amaro Cipriano Maguari (PSB) e Almir Fernando - , bem como as delegacias fechadas à noite por falta de efetivo. “Em agosto, foram apreendidas 530 armas e realizadas 2.298 prisões em flagrante”. Ele fez questão de elogiar o Compaz, equipamento criado pela prefeitura do Recife. “O Compaz é uma forma belíssima de combater a violência. Os números da violência diminuíram num raio de três quilômetros do Compaz”.
Em 18.09.2017, às 19h11