Cem anos de morte de José Mariano

José Mariano, patrono do legislativo municipal morreu há 100 anos. Para celebrar a data, o grande expediente da tarde desta segunda-feira, 11, foi dedicado à abertura das atividades que marcarão o centenário de morte dele. O presidente da Câmara do Recife, vereador Jurandir Liberal (PT) convidou o historiador e escritor Humberto França, para realizar palestra sobre “José Mariano: sua vida, sua luta pela liberdade”. Durante este ano outras comemorações e eventos serão realizados para marcar a data, entre elas o lançamento de um selo e a entrega de medalhas comemorativas do centenário.

Jurandir Liberal destacou a abertura das solenidades que marcarão os 100 anos de morte de José Mariano, que nasceu em 8 de agosto de 1850. Ele lembrou que José Mariano  foi um homem à frente de seu tempo. “Era amado pelo povo em função de suas idéias libertárias. Sua vida foi moldada pela coragem de sua mulher D. Olegária Duarte, conhecida por Olegarinha. Na entrada da Câmara há um painel pintado em 1965 retratando a importância desta mulher”.

O presidente da Casa lembrou ainda que a história precisa fazer jus ao grande orador, homem de coragem e ação que empenhou recursos e correu riscos para libertar escravos e defender propósitos humanitários. “Por sua luta, José Mariano imprimiu marcas na cidade que o tempo não apagou, embora sua memória precise ser resgatada. José Mariano dá nome ao conhecido Cais no bairro da Boa Vista, é nome de rua no mesmo bairro e de uma escola estadual em Areias. É patrono desta Casa. Conta-se que foi tão amado pelo povo que quando morreu o Recife inteiro chorou.”

O historiador Humberto França ressaltou que  José Mariano, ao lado de Joaquim Nabuco, quando era deputado federal, lutou pela libertação dos escravos, e se destacava por sua liderança e disposição ao combate. “Compreendia as aspirações do povo e sabia falar-lhe com rara competência. Tornou-se, portanto, o mais popular líder político pernambucano do século dezenove. A presença de sua mulher, Olegarinha em suas lutas foi fundamental. Escondiam escravos em casa e ajudavam a fugir para o Ceará onde já havia sido proclamada a abolição da escravatura”.

O historiador lembrou também que em 1884 José Mariano se elegeu com vitória folgada para a Câmara dos de-putados. Mas a disputa com os conservadores levou a uma revolta, culminando na anulação do pleito. A lei Áurea em 1888 foi o coroamento da luta. Mas, após o golpe de Estado de 1889 e o advento da República, Joaquim Nabuco se retirou da vida pública.  Em 1891 José Mariano se elege prefeito e não assume. Depois, em 1893 com a guerra civil, lutou com os insurgentes e acabou preso no Rio de Janeiro. Em 1895 foi novamente eleito de-putado federal”.

Humberto França relatou que a morte de José Mariano comoveu o país e que após as cerimônias no Rio de Janeiro, seu corpo foi conduzido ao Recife, onde recebeu as maiores manifestações públicas de apreço político registradas na história desta cidade. “Senhores e senhoras vereadores acentuo o exemplo democrático, o proce-dimento ético, a capacidade de liderança, a intuição e percepção para identificar os verdadeiros problemas da população  que tornaram José Mariano um exemplo a seguir, uma inspiração para animar os tíbios. Sugiro que o mausoléu, no cemitério de Santo Amaro, receba os cuidados e o respeito que o patrono dessa Casa, líder brasileiro e pernambucano cujo nome deveria estar inscrito no panteão Nacional.”

O vereador Liberato Costa Júnior (PMDB) disse que procurou no arquivo e nas bibliotecas e não encontrou relato de fatos sobre o anúncio do falecimento de José Mariano, que dão conta de que os eleitores rasgaram seus títulos. Humberto França afirmou que houve sim uma comoção de tal modo que os eleitores teriam de fato rasgado seus títulos e que escravos se jogavam no rio Capibaribe. Maré Malta (PSD) agradeceu a presença do historiador e ressaltou que todos aprenderam um pouco mais sobre a vida política de José Mariano, um grande exemplo político para todos.

Já Éden Pereira, chefe da Assessoria de Imprensa da Casa, relatou que há muito pouco escrito sobre José Mariano. Mas, o historiador Humberto França frisou que de fato existe pouca documentação sobre ele. Comentou que se acredita que parte da documentação dele tenha se perdido no Rio de Janeiro. Lembrou que ele era um homem de ação, da rua, e não era acostumado a grandes elaborações intelectuais.

O vereador Almir Fernando (PCdoB) disse que gostaria de saber quais as contribuições de José Mariano para a abolição dos escravos e quando o nome dele tinha sido escolhido para patrono da Casa. O historiador disse que o líder abolicionista era muito combativo e que Joaquim Nabuco só se elegeu de-putado federal com a ajuda dele e da mulher. “O nome de José Mariano foi escolhido para patrono desta Casa em 1940.O centenário dele, em 1950, foi muito celebrado em Pernambuco”. 

 

Em 11.06.2012, às 17h40