Comissão de Direitos Humanos recebe grupo de migrantes venezuelanos

A situação de um grupo de 55 migrantes venezuelanos esteve no centro das preocupações da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara do Recife nesta segunda-feira (14). Provenientes do município de Tucupita, eles começaram a chegar à capital pernambucana há cerca de 15 dias e têm contado com a ajuda da população para sobreviver. Na reunião com representantes das gestões municipal e estadual, além de organizações não governamentais, os vereadores conversaram com os migrantes para buscar entender suas necessidades.

Presidente da Comissão, a vereadora Michele Collins (PP) explicou que a Câmara participa de um comitê interinstitucional de promoção de direitos de pessoas nesse tipo de situação. Também participou da reunião o vereador Ivan Moraes (PSOL). “Já estávamos discutindo isso com a OAB – foi quando tomamos conhecimento de que existe um comitê. Convidei o pessoal desse comitê para que  viesse aqui e promovemos hoje este encontro para ouvir [os venezuelanos]. A Comissão de Direitos Humanos está intermediando, atuando como uma ponte”, afirmou a presidente.

A secretária-executiva de Assistência Social do Recife, Geruza Felizardo, adiantou quais são os próximos passos da Prefeitura, que deve visitar o local onde os recém-chegados estão abrigados. “Tivemos conhecimento desse grupo, que está em uma situação de mendicância. Eles não vieram de uma forma planejada. Procuramos entrar em contato, mas eles ainda estão resistentes. Estamos na fase de aproximação, para tentar identificar a formação desse grupo e suas necessidades. A partir desse diagnóstico, veremos quais são os encaminhamentos a serem dados. É um grupo bem uniforme, eles querem que o encaminhamento dado a uma família seja dado a todos.”

As conversas foram intermediadas por Patricia Valentina, jovem venezuelana que migrou para o Brasil há três anos. Ela travou contato com o grupo nas ruas do Recife – foi quando descobriu que eles pertenciam à população indígena de sua cidade natal. De acordo com ela, devem chegar ao Recife mais 60 migrantes de Tucupita nos próximos dias.

“Faz três anos que saí do meu país, quando não estava essa crise que está agora. Foi bem difícil, é claro, mas hoje estamos estabelecidos. Tenho um emprego, meus irmãos estudam”, relatou Patricia. Na reunião, ela traduziu as explicações de um dos representantes do grupo, o professor José Baez. “Eles saíram por conta da crise econômica, política. O indígena é rejeitado, mesmo no seu país, sendo a base de tudo. Eles vieram buscar uma melhor qualidade de vida e um governo que realmente se importe com eles.”

Em 14.10.2019, às 16h28