Comissão de Educação debate situação da criança especial nas escolas municipais

Às vésperas do Dia do Autismo, 2 de abril, a Comissão de Educação da Câmara Municipal do Recife realizou reunião nesta quinta-feira, 27, para debater os problemas que as crianças portadoras dessa disfunção de desenvolvimento enfrentam nas escolas públicas do Recife. Os estabelecimentos não estão prontos para atender a esse segmento da população e quando acolhe, as crianças ficam nas escolas acompanhadas das mães, por falta de profissionais habilitados para lidar com a deficiência. Sem um atendimento adequado, terminam sendo excluídas do processo educativo.

“Isso acontece não só com as crianças autistas, mas com todas as que são consideradas especiais, o que inclui as de desenvolvimento rápido”, disse o vereador André Régis (PSDB), que presidiu a reunião. Esteve presente, além dele, o também vereador Antônio Luiz Neto (PTB) e a psicoterapeuta Euny Banks. “Nosso objetivo é sensibilizar a Prefeitura do Recife e a sociedade para o acompanhamento dessas crianças, pois há uma falta de estrutura na rede para receber essas crianças”, disse Régis. Recife tem cerca de 220 escolas municipais e aproximadamente 98 mil alunos. De acordo com levantamento do gabinete do vereador, 90% desses estabelecimentos tem alunos especiais, inclusive os de cognição avançada.

Durante a reunião, Euny Banks fez um relato da vivência enquanto psicoterapeuta  de crianças de necessidades especiais  e disse que era preciso fomentar na sociedade e nas gestões públicas formas de enfrentamento dos problemas, sobretudo dando apoio aos pais. “O que tenho observado é que os pais sofrem pela dificuldade dos filhos, mas não têm percepção ampla de transformação dessa realidade”, observou. O processo de exclusão a que essas crianças são submetidas refletem negativamente no futuro, quando estiver em jogo a ocupação de vagas no mercado de trabalho.

O vereador Antônio Luiz Neto lembrou que já foi secretário de Educação do Recife, na gestão do prefeito Gilberto Marques Paulo, quando fez pesquisa para identificar os profissionais da rede que poderiam trabalhar com as crianças especiais. Com o levantamento em mãos, esses profissionais foram chamados e treinados para retransmitirem a mesma habilitação em todas as escolas municipais da época, há cerca de 20 anos. “O resultado é que, em cada escola, havia alguém habilitado para lidar com essa realidade. Muitas vezes o que ocorre é que o poder público não enxerga essas crianças especiais e elas terminam sendo jogadas nas ruas”, lamentou.

A Comissão de Educação deliberou que vai encaminhar um pedido de informações à Prefeitura do Recife para identificar os programas que estejam em curso para atendimento às crianças especiais. “É importante saber, também, qual a definição que a prefeitura tem dessas criança especial”, alertou Antônio Luiz Neto. No pedido, segundo André Régis, será solicitada, ainda, a informação sobre o que está sendo feito para formação do profissional que vai acompanhar as crianças especiais. Outra decisão da comissão é fazer um levantamento dos programas federais que estão sendo chegando ao Recife, para um cruzamento de dados.

 

 

Em 27.03.2014, às 12h20.