Comissão de Revisão do Plano Diretor dialoga com Projeto Recife 500 Anos

Às vésperas de completar seis meses de funcionamento, a Comissão Especial de Revisão do Plano Diretor deu sequência à fase de diálogos e sugestões com os diversos segmentos sociais ouvindo, nesta terça-feira (3), integrantes do Projeto Recife 500 Anos, que elaborou um conjunto de diretrizes de desenvolvimento sustentável para a cidade até 2037. O colegiado chega aos seis meses nesta quarta-feira (4) mas o seu presidente, vereador Rodrigo Coutinho (Solidariedade), prorrogou as atividades do grupo por mais 180 dias, para finalizar as alterações no plano de desenvolvimento urbano municipal, seguindo as prerrogativas do Regimento Interno da Câmara Municipal do Recife.

“Estamos realizando esta reunião, assim como outras que estão previstas, para entender com mais propriedade as informações que os segmentos dispõem. A partir da escuta, poderemos aproveitar os dados que nos forem repassados para conferirmos se elas podem ser úteis ao Plano Diretor”, explicou Rodrigo Coutinho, na abertura da reunião. No final, ele disse que a comissão teve acesso a informações importantes sobre o Recife, assim como a sugestões de ocupação de espaços “de forma coordenada e planejada. São propostas que enriquecem o trabalho da comissão”.

Rodrigo Coutinho informou, ainda, que as propostas podem ser transformadas em emendas. “Inclusive o prazo regimental das emendas será aberto nesta quarta-feira.  Os vereadores terão 20 dias corridos para apresentem as emendas aditivas ao projeto do Plano Diretor”. Em outubro e novembro, se preciso dezembro, segundo ele, a Comissão avaliará cada uma delas. “Ao final, fazemos uma análise para termos um texto final no início de 2020. O importante é contemplar alterações que sejam positivas para o desenvolvimento da cidade."

Um dos participantes do Projeto Recife 500 Anos, o designer André Oliveira Arruda, disse, na reunião, que há pesquisas e levantamentos que realmente interessam ao Plano Diretor. “Principalmente no que diz respeito a temas como territorializalção, concentração de habitação, zoneamentos e como as áreas Zeis podem ser trabalhadas e ordenadas”, disse. Na parte da habitação, André Arruda sugeriu que no Recife haja mais concentração de moradias perto das vias com maior deslocamentos. “O ideal é que elas existam perto de linhas de BRT, como a Caxangá, por exemplo”.

André Arruda também falou das áreas de morros. “Não existem estudos sobre a territorialização e áreas protegidas dos morros. De que forma essas áreas podem ser melhor habitadas? Como melhorar o comércio nas comunidades e a mobilidade nas comunidades?”, questionou-se. O designer disse que um livro contendo as conclusões de três anos iniciais de estudos realizados pelo Projeto Recife 500 Anos foi entregue a cada um dos 39 vereadores. “Fizemos o primeiro fechamento e agora realizaremos as atualizações bianuais”, afirmou.

A arquiteta e urbanista Mariana Pontes, também do Projeto Recife 500 Anos, abordou o tema da revitalização do centro do Recife. “Uma das formas de revitalização é ocupando os prédios antigos com habitação. Seriam imóveis de uso misto. Assim, conseguiríamos dinamizar essa área”, disse. Ela também sugeriu que os prédios do centro “sejam trabalhados para as habitações de baixa renda, como política de redução do alto déficit habitacional no Recife”. Outra proposta de Mariana Pontes foi dotar a cidade de “caminhabilidade”. Que, na prática, é melhorar as vias para permitir que a população se desloque a pé no centro da cidade.

Nesta quarta-feira também prosseguirá a fase de diálogos com os segmentos sociais, desta vez com os dirigentes do Plano de Regularização das Zonas Especiais de Interesse Social (Prezeis). Quinta-feira (5), será o dia de reunir os elaboradores do Plano Centro Cidadão, vinculado à Universidade Católica de Pernambuco e o Projeto Parque Capibaribe, ligado à Universidade Federal de Pernambuco.

Prevista para acontecer a cada 10 anos, a revisão do Plano Diretor do Recife organiza as diretrizes urbanísticas de desenvolvimento municipal, desde sua ocupação, passando pelas questões de mobilidade e ambiental, até a definição de zonas de interesse humano. Na prática, é o instrumento que planeja e dita como a cidade deve crescer, considerando as mudanças do contexto tecnológico, a preservação da memória e a garantia de moradia e lazer dos moradores com mais equidade.


Em 03.09.2019, às 11h43.