Comissões realizam audiência pública para discutir a Tamarineira

A audiência pública promovida em conjunto pelas comissões de Meio Ambiente, Transporte e Trânsito; Saúde e Direitos Humanos da Câmara Municipal do Recife para discutir o projeto de construção de um centro de compras e dois museus no Sítio da Tamarineira lotou o plenarinho na manhã desta quarta-feira, 24. “Desde o início dos debates sobre o empreendimento da Tamarineira o assunto vem sendo debatido nesta casa e diante disso foram apresentados dois projetos de lei dos vereadores Priscila Krause (DEM) e Gilberto Alves (PTN) sobre o tema. Mas as comissões temáticas já explicitaram que só emitem seus pareceres após a realização desta audiência”, afirmou o vereador Daniel Coelho (PV), que presidiu o encontro.

Um dos projetos de lei, de autoria de Priscila Krause, cria a Unidade de Conservação da Paisagem – Tamarineira. A vereadora lembrou que o imóvel foi tombado pelo Patrimônio Histórico em 1992. “O decreto estadual determina um tombamento de muro a muro, incluindo os hospitais, os anexos, as benfeitorias nos 91 mil metros quadrados. Em 2004, uma lei do então vereador Luiz Helvecio transformou a propriedade em um Imóvel de Proteção de Área Verde,” afirmou.

O outro projeto em tramitação na Câmara é de Gilberto Alves (PTN). A matéria autoriza o Poder Executivo a desapropriar o imóvel da Tamarineira. “É mais um instumento de debate. Este empreendimento mexe com a cidade e é preciso aprofundar a discussão”, advertiu. Também participaram da audiência pública os vereadores Aline Mariano (PSDB), Doutora Vera Lopes (PPS), Gustavo Negromonte (PMDB), Antônio Luiz Neto (PTB), Alexandre Lacerda (PTC), Luciano Siqueira (PC do B), Josenildo Sinésio (PT), Marília Arraes (PSB), Aerto Luna (PRP), Carlos Gueiros (PTB), Inácio Neto (PTN) e Estéfano Menudo (PHS).

O representante da empresa Realesis na audiência, Armando Saboia Filho - empresa que tem sede no Rio de Janeiro e é a responsável pelo projeto de construção do empreendimento -, afirmou que o centro comercial vai agregar 300 milhões de reais ao capital imobiliário da Santa Casa da Misericórdia, garantindo empregos, respeitando o meio ambiente e a legislação. “A Realesis pretende realizar um negócio sustentável com fins sociais, pois o terreno continuará pertencendo à Santa Casa para obras de assistência social“, disse. O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, convidado para a audiência, enviou ofício alegando que não estaria presente porque a reunião, em seu entendimento, teria sido convocada para conhecimentos técnicos do centro comercial. Os vereadores, no entanto, esclareceram que o objetivo não foi este, mas de discutir a destinação do sítio da Tamarineira.

O ex-vereador Luiz Helvecio, representante do Movimento Amigos da Tamarineira, criticou o empreendimento. “Como é possível construir um centro comercial de quase 30 mil metros quadrados e ao mesmo tempo preservar as três unidades hospitalares que funcionam no local e toda aquela área verde?”, questionou. No imóvel funcionam os hospitais Ulysses Pernambucano (psiquiatria), Helena Moura (pediatria) e o Centro de Prevenção e Tratamento do Alcoolismo.

A vereadora Aline Mariano informou que só o Hospital Ulysses Pernambucano atendeu em 2009 mais de 17 mil pacientes. “Não há garantias de que essa quantidade de pessoas possa ter atendimento público em outros locais.” Já a vereadora Doutora Vera Lopes, que é médica e trabalha no Helena Moura, disse que a construção  de um shopping na área vai prejudicar o setor de saúde. “O Helena Moura presta um serviço de excelência. Este empreendimento vai dar um nó na saúde pública do estado”, concluiu.

O destino da Tamarineira volta a ser discutido pelos vereadores, na manhã desta quinta-feira (25), durante a reunião da Comissão de Meio Ambiente, quando os integrantes do grupo deverão emitir pareceres aos dois projetos de lei.

Em 24.03.2010, às 15h03.