Conselho de Direitos Humanos realiza reunião pública na Câmara
“Tomei a iniciativa de realizar a reunião pública porque aceitei uma solicitação do Conselho de Direitos Humanos. Acho que é importante ampliarmos as discussões na véspera do Dia do Orgulho LGBT para ouvirmos as inquietações desse segmento da população. Tratam-se de pessoas que têm os mesmos deveres, mas não os mesmos direitos. Elas sofrem bullying, assédio e são vítimas de assassinato pelo fatos de serem gays. Amanhã é um dia para ser comemorado, mas é sobretudo para reflexão”, disse Jayme Asfora.
A mesa de debates foi composta pelo presidente em exercício do Conselho de Direitos Humanos, José de Oliveira; pela representante do Escritório do Ministério da Cultura no Nordeste e do Instituto Boa Vista, Maria do Céu Vasconcelos; o representante da pessoa com deficiência no Conselho de Direitos Humanos, Isaque Machado; o coordenador do Fórum LGBT de Pernambuco e do Instituto Papai, Thiago Rocha; e pelo vereador Ivan Moraes (PSol).
“Recife tem cerca de 20 conselhos municipais atuantes e o de Direitos Humanos é um deles. É importante realizarmos esta reunião ordinária do conselho na Câmara, na condição de reunião pública, para permitir a participação de toda a sociedade. A função dela é mostrar que podemos caminhar juntos, vereadores e a sociedade civil organizada”, afirmou Ivan Moraes. O Dia do Orgulho LGBT é celebrado mundialmente e lembra um episódio ocorrido em Nova Iorque, em 1969. Frequentadores do bar Stonewall Inn reagiram a uma série de batidas policiais, o que resultou na organização da parada do orgulho LGBT.
Maria do Céu disse que a reunião do Conselho de direitos Humanos na Câmara foi um ato de protesto. “A temática gay está sempre presente nos debates do conselho, mas sabemos que ele não substitui um conselho LGBT. O conselho não existe, hoje, porque esta casa não deu quórum”, lembrou. José de Oliveira entende que o Conselho de Direitos Humanos vem “trazer o diálogo com o público LGBT para dentro da Câmara do Recife”. Ele entende que um conselho LGBT poderia tratar temas que o de Direitos Humanos não aprofunda. “Por exemplo, a dupla discriminação de ser negro é gay, que é um duplo preconceito que a sociedade ainda não assimilou”.
José Rufino, por sua vez, acha que o próprio movimento LGBT não trata de temas específicos que poderiam ser debatidos num conselho. “As questões da negritude, religiosa e cultural, que têm uma demanda mais vulnerável, não são tratadas pelo movimento. As religiões de recorte negro são as únicas que acolhem o LGBT, mas não há uma política pública para esta religião”, denunciou. Thiago Rocha, por sua vez, acha que nos dias atuais se fala muito mais nas questões LGBT, mas que os preconceitos estão cada vez mais aprofundados.
Em 27.06.2017, às 12h25.