Criação da Avenida Beira-Rio é tema de audiência pública
A avenida margearia o Rio Capibaribe, começando da Ponte Velha, no centro, até a BR-101, na Avenida Caxangá. Desde que foi lançado, segundo Aline Mariano, o projeto da Avenida Beira-Rio vem acumulando polêmicas. “O que terminou fazendo com que a Prefeitura abandonasse o projeto inicial e adotasse uma opção mais barata, pelo lado oeste da cidade, com menos desapropriações a serem pagas”, acrescentou. Com as substituições, as polêmicas foram sendo levantadas ao longo dos anos. Hoje, o principal entrave à obra se situa na área entre as pontes da Capunga (Garças) e a da Torre. Em 2009 foram demolidas algumas casas que estavam construídas nas margens do rio, além de quatro empreendimentos comerciais como o Bar Garagem e uma floricultura.
Participaram da audiência pública o presidente do PSOL e representante do Movimento Ecossocialista, Edílson Silva; o presidente do Sindicato dos Arquitetos de Pernambuco e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), Francisco Buarque; e as advogadas Ena Nadja Bandeira e Márcia D’Almeida Lins, que representavam as partes interessadas. A Prefeitura do Recife e o Ministério Público, apesar de convocados, não enviaram representantes. Da parte da Prefeitura estavam convocadas a secretária Especial de Gestão e Planejamento, Eveline Labanca; e a presidente da URB, Débora Vieira Chaves Mendes.
Edílson Silva lamentou a ausência de representantes da Prefeitura na audiência pública, para debater o tema. “Eu gostaria de saber que projeto de avenida é este, uma vez que ninguém jamais o visualizou? Afinal, todas as ações de remoção são baseadas nesse projeto. Mas onde está este projeto? Em que pé ele está?”, questionou. Ele acrescentou que as famílias que residiam às margens da Beira-Rio foram retiradas da área à força sob a alegação do planejamento urbano, mas a prefeitura teria permitido a especulação imobiliária. “Portanto, não sei se o projeto da avenida existe ou se é um pseudoprojeto. O que me chama a atenção, no entanto, é que a partir dele muitas injustiças estão sendo cometidas. As pessoas pobres foram retiradas da área e as casas derrubadas a partir de atos administrativos. Enquanto isso, outros empreendimentos como grandes edificações faculdades têm continuidade”, denunciou Edílson Silva.
Ele exibiu um vídeo mostrando as casas e estabelecimentos comerciais demolidos, com base em matérias publicadas nos jornais locais. A advogada Ena Nadja Bandeira, por sua vez, acusou a Prefeitura do Recife de “tratar a questão com descaso e de passar por cima de tudo e de todos, inclusive do Poder Judiciário”. Ela se referia à demolição dos imóveis no momento em que tramitava ação na justiça com base na lei do usucapião. A outra advogada Márcia D’Almeida Lins lembrou que, em 2009, as pessoas foram surpreendidas com a chegada de tratores e máquinas retroescavadeiras, que começaram a demolir as casas. “Essas pessoas moravam lá há mais de 20 anos e a demolição não foi determinada pela justiça. Partiu da própria prefeitura”, afirmou.
O presidente do Sindicato dos Arquitetos de Pernambuco e conselheiro do CREA, Francisco Buarque, comprometeu-se em levar os debates da audiência para a próxima plenária da entidade. “Essa é uma discussão que interessa a todos nós, devido à sua relevância”, afirmou. A vereadora Aline Mariano informou que abordará o tema do planejamento urbano na próxima reunião plenária da Câmara Municipal, prevista para segunda-feira. “”Usarei a tribuna para denunciar os descasos e as injustiças. Tenho certeza de que outros vereadores, ao tomarem conhecimento, também vão se incorporar à causa”, disse ela.
Em 13.10.2011, às 12h35.