Crise nas urgências hospitalares é tema de audiência pública

A vereadora Dra. Vera Lopes (PPS), médica pediatra do Hospital Helena Mora, vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara, promoveu audiência pública nesta quinta-feira, 16, para discutir a precariedade do atendimento nas urgências hospitalares e nas unidades de pronto atendimento. O assunto foi debatido com representantes de sindicatos, Conselho Regional de Medicina, Prefeitura do Recife, ONGs da área da saúde, médicos e pacientes.

“A falta de profissionais e de leitos, além das péssimas condições de trabalho, agravam a crise nas urgências. Pacientes são acomodados em macas nos corredores, uma prática que também prejudica os serviços móveis de urgência como o Samu”, lamentou Dra. Vera Lopes que é autora da lei que proíbe a retenção de macas de ambulância nos hospitais do Recife.

Ela destacou a crise da falta de médicos nas urgências pediátricas. A representante da Secretaria Municipal de Saúde, Katia Guimarães, reconheceu a deficiência no atendimento e afirmou que a prefeitura vem se esforçando para manter a equipe, mas esbarra na escassez de pediatras no mercado, um problema que segundo ela é nacional e também atinge hospitais particulares. “No último concurso foram autorizadas doze contratações, mas apenas três vagas foram preenchidas”.

O segundo-secretário do Cremepe, Conselho Regional de Medicina de Pernambuco, José Carlos Alencar, destacou que a crise não é só da pediatria. “Faltam profissionais de medicina intensiva, faltam anestesistas e não se vislumbra que isso se resolva a médio, nem a longo prazo. O Cremepe  fiscaliza, denuncia, mas não consegue mudar a realidade das emergências”.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Sílvio Rodrigues, apresentou uma sugestão à Prefeitura do Recife, “se manter na linha das contratações por concurso público, ampliar a rede, principalmente das unidades de saúde da família, e valorizar os profissionais”.

Para Antônio Jordão, secretário-geral da Federação Nacional dos Médicos, não faltam médicos, o problema é que devido às condições de trabalho e remuneração, poucos profissionais querem os serviços de urgência. “Temos dois médicos para cada mil habitantes, o dobro do preconizado pela Organização Mundial da Saúde, o que falta é uma melhor distribuição dos recursos humanos, e são os gestores públicos que têm o poder de regular o mercado, pois são eles que definem os salários e a estrutura de trabalho dos médicos”.

Kátia Guimarães enfatizou que Recife possui a maior rede de urgência do Estado, mas sofre a invasão de pacientes de outros municípios, o que representa 40% dos atendimentos. Ela também disse que as unidades de saúde da família já cobrem 70% da população e está previsto um novo concurso público para a saúde no Recife em 2011.

Segundo a vereadora Vera Lopes, o primeiro passo para resolver a crise nas urgências hospitalares é oferecer condições de trabalho e salários atrativos. “Os médicos se esquivam de serem plantonistas pela sobrecarga de trabalho e baixa remuneração, e porque sabem que depois de tanto esforço, quando se aposentarem, não terão incorporada no salário a gratificação”, concluiu Vera Lopes.

Em 16.12.10, às 14h04.