Desabastecimento de água na zona norte do Recife é tema de audiência pública

O vereador Marco Aurélio (PRTB) promoveu uma audiência pública, na manhã de hoje (15), para esclarecer à sociedade sobre a questão do desabastecimento de água na zona norte do Recife. Fizeram parte da mesa de debates o vereador Almir Fernando (PCdoB), Daniela Sena (Procon) e três diretores da Compesa: Simone Melo, diretora regional metropolitana; Rômulo Souza, diretor técnico e de engenharia e Isabelle Souto, gerente de unidade de negócio. Moradores do Alto Santa Isabel, Alto do Mandú, Alto do Eucalipto, entre outros, lotaram o Plenarinho.

Iniciando a audiência, o vereador Marco Aurélio confessou que já esteve duas vezes na Compesa, com grupos de localidades diferentes, para entender a falta d’água nas comunidades. “E todos os moradores são unânimes em dizer que não têm água. Mas a companhia responde que chegou água. Esta é uma oportunidade de esclarecer os fatos aqui, na Casa”.

O parlamentar também disse que não entendia a falta d'água entre bairros vizinhos. “Não existem dois Recifes. Se é para fazer racionamento, que tenha no Recife todo. Por que em alguns lugares têm, como Casa Forte, e no Alto de Santa Isabel, que fica ao lado, não tem? E entendo que uma pessoa que não tem um pingo de água dentro de casa não deveria pagar a taxa mínima”.

Simone Melo frisou que a intenção da Compesa é a de ouvir e mostrar a problemática à população da zona norte. Logo após suas palavras uma apresentação foi realizada com o intuito de esclarecer como funciona a Companhia e o sistema de abastecimento de água, além da questão dos morros na zona norte. 17,6% da população do Recife mora nestes locais. É uma das áreas mais densas da cidade.

Um histórico da evolução do abastecimento dos morros da zona norte do Recife também foi mostrado para o público presente no Plenarinho. “O Alto José Bonifácio é um dos locais com sérios problemas, mas vamos trabalhar para solucionar. Em 2018 haverá uma grande obra reestruturadora e, a curto prazo, executaremos a substituição de válvulas na rede de distribuição para garantir eficiência das manobras da rede. Serão 121 milhões de investimentos nos morros da cidade e a Companhia está buscando capital com o governo federal”, explicou Daniel Genuíno, gerente de Controle Operacional da Compesa.

Moradora do Alto de Santa Isabel, Josefa Conceição está há um ano sem água.  “E minhas contas estão em dia e tendo que pagar a taxa mínima de R$40,20. Recebo um salário mínimo e gasto, por mês, 100 reais de água mineral”. O morador Márcio Bezerra também lamentou o serviço prestado pela Compesa citando o contrato da empresa em relação ao consumidor. “O aviso de racionamento deveria ser divulgado antecipadamente para o público e jornais. Isso não tem sido feito”. João Gomes, do Alto de Santa Isabel, também tem tido problemas com o fornecimento. “Tenho água um dia, por menos de 12 horas, e três não tem”.

Depois de ouvir a população, Rômulo Aurélio Souza confessou que se solidariza com os todos moradores. “Não é uma situação confortável diante desses problemas, mas procuraremos resolver no menor tempo possível. Em relação à apresentação sobre a Companhia, nós sabemos que na área dos morros necessita de uma ampliação, investimento e colocação de mais bombas e adutoras”. O diretor também ressaltou que o trabalho com rodízio é necessário. “Se hoje a gente trabalha com rodízio é porque a infraestrutura não é feita para atender toda a população. As cidades crescem, e a infraestrutura, não. Nos morros não é diferente. Em 2011 concluímos o maior abastecimento de água do Brasil, o Pirapama, mas, infelizmente, essa água não tem como chegar aos morros porque as adutoras e bombas têm capacidades limitadas”.  Rômulo Souza também aproveitou para anunciar a possibilidade da vinda de recursos do FGTS. “Foi aberta uma janela agora, do FGTS, e o governo estadual irá apresentar o projeto ao governo federal. Que a gente consiga levar água de Pirapama para a parte mais alta do Recife. Vamos nos unir para resolver o problema”.

Atenta às necessidades das comunidades, Simone Melo frisou a importância das futuras obras para a cidade. “São grandes obras e por isso serão concluídas em 2018. A Compesa reconhece o desabastecimento de água e entende a angústia de vocês. Iremos trabalhar e continuar trabalhando para vocês. Vamos comprar novas bombas com o financiamento do FGTS e não deixem de ligar informando cada vazamento”.

Isabelle Couto enalteceu que anotou todas as ruas citadas e fez uma proposta de encontros com os moradores. “Poderíamos fazer uma pequena comissão para tratar disso na gerência da Compesa. Seria nomeado um representante de cada rua e faríamos reuniões quinzenais para tentar minimizar os transtornos. A cada abastecimento vocês poderiam dar a devida resposta à comunidade”.

Daniela Sena,  gerente jurídica do Procon-PE, ressaltou as queixas à Compesa e informou como cada cidadão deverá reclamar no PROCON.  “A demanda é muito grade por cobranças indevidas. Quando o consumidor chega ao nosso órgão orientamos a vir com a documentação pessoal e a conta. Muitos alegam que vão deixar de pagar, mas o seu CPF será negativado. Então orientamos que nos procure para formalizarmos a queixa. Não deixe de pagar”.

Após as falas, o vereador Marco Aurélio propôs a realização de outra reunião na Casa de José Mariano. “Daqui a quatro meses faremos outro encontro onde teremos a oportunidade de dizer se tudo está do mesmo jeito, ou não. Tenho a certeza de que se dependesse de vocês, da Compesa, isso seria resolvido hoje. Os sofrimentos ouvidos hoje são grandes e muitos depoimentos são de cortar o coração”.

Vários vereadores acompanharam a audiência pública, como Rodrigo Coutinho (SD), Carlos Gueiros (PSB), Rinaldo Júnior (PRB) e Hélio Guabiraba (PRTB). Todos falaram sobre a importância do evento e da presença da população na Câmara Municipal do Recife. “E reafirmo o que disse Marco Aurélio: vocês têm que voltar aqui para reanalisar a questão. Essa é a casa do povo", finalizou Gueiros.

 

Em 15.08.17 às 13h27.