Debate sobre destino da Tamarineira

Daniel Coelho (PV), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, disse que na reunião não foi apresentado projeto sobre o empreendimento e que a discussão foi apenas sobre princípios que irão nortear a proposta. “Não me sinto confortável, nem um parlamentar responsável, em falar sobre algo que eu não conheço. É necessário ter compromisso e responsabilidade em acompanhar, mas sem ter um julgamento antecipado. Temos que cumprir todas as etapas do debate e aguardar a apresentação do projeto para podermos ter idéia se ele é positivo ou não para o Recife”.

Já o vice-líder do governo, vereador Inácio Neto (PTN), destacou o impacto econômico do projeto para o Recife e as preocupações da arquidiocese. “O empreendimento vai gerar 2.000 empregos e ficou estabelecido que o arquiteto será vigilante na parte verde, o patrimônio tombado ficará de pé e os pacientes só serão transferidos depois de ficarem prontas as 5 unidades de saúde para onde serão relocados. Sou favorável a geração de emprego e renda, porque acho que o Recife não pode parar de se desenvolver”.

Marília Arraes (PSB), também vice-líder do governo, falou da importância de ter prudência ao debater o assunto. “Quando o assunto foi trazido ao plenário, semana passada, levantamos a  questão de que era um debate prematuro. E na reunião com o arcebispo, vimos que todos os envolvidos têm a intenção de melhorar a cidade, o arquiteto, nós vereadores e a prefeitura, mas é preciso receber primeiro o projeto”.

Também para Aline Mariano (PSDB), o debate precisa acontecer com responsabilidade. Ela destacou ainda a importância da audiência pública que será realizada na Câmara. “Nossa Casa está dando um exemplo a ser seguido. Gostaria que outros poderes tivessem a responsabilidade que estamos tendo ao convocar a sociedade para discutir um projeto dessa magnitude”.

O líder do governo, Josenildo Sinesio (PT), parabenizou o arcebispo pela forma como está conduzindo a discussão. “Ainda não vi nenhum projeto nessa cidade ser discutido dessa forma, de maneira democrática com toda a sociedade. E pelo que já vem sendo apresentada, eu acho que o projeto é defensável. Temos que discutir e buscar soluções para o trânsito da cidade e não apenas proibir as construções”.

Como médica, a vereadora Vera Lopes (PPS) se mostrou preocupada com o fechamento das unidades de saúde que funcionam na área. Além do Hospital da Tamarineira, o espaço abriga ainda o Hospital Infantil Helena Moura e um centro de tratamento para dependentes de álcool e drogas. “Sou médica plantonista há 29 anos do Helena Moura e até o momento não tínhamos conhecimento do projeto. Como fica o internamento das crianças. Aquela área foi uma doação à Santa Casa para que fosse dado atendimento aos doentes mentais e agora a arquidiocese se rende à farra da especulação imobiliária. Será um duro golpe na saúde”.

Líder da oposição na Câmara, a vereadora Priscila Krause (DEM), declarou o desejo de ver a área transformada em um parque público, administrado pela prefeitura. “Não se trata de ser contra o projeto A, B ou C. É uma questão conceitual sobre o que se quer daquela área. Não cabe empreendimento daquele tipo ali”.  Ela também disse que ficou decepcionada com a reunião promovida pela arquidiocese. “Não vi disposição de mudança de conceito, nem nada nesse sentido. Minha esperança para reverter essa situação é que o tombamento seja respeitado. Temos que brigar pelo cumprimento do decreto”.

A audiência pública sobre o destino da Tamarineira será realizada no próximo dia 24 ,no plenarinho da Casa, numa iniciativa conjunta de três Comissões: Saúde, Meio Ambiente e Direitos Humanos e deverão participar representantes da arquidiocese, dos Amigos da Tamarineira, da sociedade civil e também o secretário de Planejamento do Recife.

Em 03.03.2010, às 17h47.