Donos de quiosques exigem prazo para fim de reforma

Barraqueiros da orla de Boa Viagem lotaram o plenarinho da Câmara na audiência pública realizada pela vereadora Aline Mariano (PSDB) na manhã desta terça-feira, 21, para discutir o atraso nas obras de substituição dos 61 quiosques e a qualidade do material usado na reforma. “Enquanto essa obra não é concluída, muitos pais de família estão sem ter como trabalhar, pois dependem da venda de suas mercadorias. Estamos aqui para exigir da prefeitura um prazo para a conclusão das obras”, afirmou Aline Mariano.

O presidente da Associação dos Barraqueiros de Coco do Recife, Márcio Henrique Augusto, questionou a qualidade do material utilizado na reforma e apresentou imagens da cobertura de um quiosque danificada com poucos meses de uso e de peças de ferro oxidadas pela maresia. “Será que estes quiosques vão durara até a Copa do Mundo de 2014, indagou Márcio Henrique. Ele exigiu a conclusão imediata das obras que começaram em fevereiro deste ano e já estão há oito meses em andamento trazendo enormes prejuízos para os comerciantes. O presidente da associação também afirmou que o projeto do novo quiosque foi elaborado sem nenhuma consulta aos barraqueiros.  

O barraqueiro José Roberto Barbosa, dono do quiosque 39, participou da audiência pública e está desesperado. Ele parou de trabalhar há sete meses e até agora a obra ainda não terminou. “Tenho três filhos e o quiosque é o meu sustento. Me disseram que a obra seria feita em 45 dias. Não sei como vou conseguir dinheiro para manter minha família”.  

Józimo Alves, um dos sócios da empresa responsável pela obra, informou que o atraso é devido à interrupção no repasse dos recursos. Antônio Valdo, assessor da presidência da Emlurb alegou que a complexidade da obra, por se tratar de uma área de praia, onde há o efeito danoso da maresia, e por envolver questões sociais, pois dezenas de trabalhadores tiram dos quiosques o sustento, provocou atraso. “As obras que deveriam durar no máximo seis meses já se arrastam por mais de um ano”. 

O assessor da Emlurb garantiu que os materiais utilizados são de alta qualidade e que os problemas técnicos vão ser sanados sem dificuldade. Ele estabeleceu um novo prazo para a conclusão do trabalho. “É preciso ter um pouco mais de paciência, até o final de outubro esperamos que todos os quiosques estejam concluídos”.

Outra preocupação é a segurança dos quiosques, pois as janelas são de vidro e não há grades ou qualquer outra proteção. Os barraqueiros também se queixaram das infiltrações devido a possíveis falhas no projeto.  

A vereadora Priscila Krause (DEM) participou do debate e disse que a prefeitura poderia ter evitado problemas na execução da obra. “Todos esses problemas foram alertados pelos usuários que vivenciam o cotidiano e percebem as dificuldades. Da mesma forma, profissionais da URB, que certamente detectaram as falhas, também não estão sendo ouvidos. Trata-se do nosso principal cartão postal. São os barraqueiros que recebem nossos turistas”, alertou a vereadora.

Ao final do encontro, o deputado federal Raul Jungmann (PPS) sugeriu que os barraqueiros poderiam acionar o Ministério Público e pedir um termo de ajustamento de conduta. Com isso, a Justiça cobraria à Prefeitura e à empresa responsável pelas obras o cumprimento dos prazos estabelecidos no contrato.

Ficou decidido que a Câmara formará uma comissão parlamentar que irá ao Ministério do Turismo, em Brasília, saber quais entraves em nível federal para a conclusão das obras e se há problemas com o repasse das verbas.

Em 21.09.10, às 15h.