Em reunião solene, Câmara celebra Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

Em seu discurso, o parlamentar falou sobre as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência. “Este momento é desafiador. A gente busca não apenas homenagear, mas lutar pelos direitos, lutar pelo reconhecimento da igualdade. Temos orgulho de ser brasileiros, mas teríamos um orgulho ainda maior se todos fossem tratados com o mesmo respeito”.

Luiz Eustáquio citou uma discussão a respeito da abertura da porta do meio dos ônibus do sistema metropolitano de transporte do Recife – atualmente reservada à passagem de cadeirantes durante as paradas regulares dos trajetos –, da importância do Estatuto da Pessoa com Deficiência e das estatísticas que mostram a proporção de pessoas com deficiência em Pernambuco. “Cerca de 2,5 milhões de pessoas do nosso Estado tem algum tipo de deficiência. São 27% da população. E nem Pernambuco, nem Recife se preparam para atender esses cidadãos. Eu quero agradecer a Deus por essa oportunidade de poder estar hoje aqui, com o apoio de todos os vereadores que votaram esse requerimento. Esta Casa pode e deve ser um instrumento para a luta de vocês”.

Foram distribuídas honrarias às diversas entidades e pessoas homenageadas. A pedagoga Telma Andrade, conhecida pela luta pelos direitos das pessoas com deficiência, foi a primeira delas. “Quem é militante sabe como é difícil fazer as coisas pelos deficientes. A luta não é só do político, é do próprio segmento”.

O presidente do Conselho Estadual da Defesa da Pessoa com Deficiência, Antônio Muniz, recebeu uma homenagem pela entidade. “Felizmente existem alguns parlamentares que se lembram de nós. É claro que isso é pouco, mas mesmo assim estamos avançando”. Assim como outros convidados da solenidade, ele criticou uma recente campanha de marketing que utilizou um discurso de posicionamento contrário aos direitos das pessoas com deficiência.

O Conselho Municipal de Defesa da Pessoa com Deficiência também foi lembrado na solenidade. O presidente da entidade, Paulo Fernando, recebeu as homenagens, falou sobre o funcionamento do Conselho e agradeceu pelo evento. “Quero agradecer aos vereadores e vereadoras desta Casa, em especial a nosso vereador Luiz Eustáquio, por promoverem esta solenidade e pelo trabalho que desenvolvem em sua militância pelas pessoas com deficiência”.

O presidente da Associação de Surdos de Pernambuco, René Hutzler, abordou a luta das pessoas surdas após receber as honraria da Casa de José Mariano. “A gente precisa realmente que se intensifique a acessibilidade a pessoas com deficiência, incentivar para que a Libras seja reconhecida como a primeira língua da pessoa surda”.

Outra entidade homenageada foi a Superintendência Estadual de Apoio às Pessoas com Deficiência de Pernambuco. O superintendente Bernardo Luis Torres Klimsa fez questão de afirmar que o órgão está aberto ao diálogo. “Todos os dias são especiais para as pessoas com deficiência. Queremos qualidade de vida. Todos os dias se fala nesses problemas políticos, mas precisamos que os segmentos se unam para cobrar da sociedade e de quem está no poder os nosso direitos. Queremos dialogar com cada um aqui porque sabemos que as visões são diferentes”.

O Centro de Reabilitação e Valorização da Criança, através da representante Gisele Carla Lopes da Silva, além do militante Geziel Bezerra, também foram alvo das homenagens da Câmara. A banda Sonhos, formada por pessoas com deficiência, se apresentou durante a reunião.

A solenidade contou ainda com um discurso do representante da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco, Bruno Fernandes. “Meu avô e meu pai foram vereadores desta Casa e para mim é uma honra muito grande estar aqui. Meu filho é autista e quero trazer uma preocupação acerca do absurdo que tem acontecido nas escolas particulares do Recife, em que se está cobrando de forma ilegal taxas de contribuição fora de qualquer propósito legal para acompanhamento pedagógico”.

A reunião foi presidida pelo vereador Vicente André Gomes (PSB), presidente da Câmara do Recife, que falou de sua trajetória e dos desafios que enfrentou como uma pessoa com deficiência. “Quando passei no curso de medicina, existia um atestado de sanidade física e mental. O concorrente do último lugar entrou com um mandato de segurança alegando que eu não cumpria os requisitos. Mas fui médico, exerci minha profissão, entrei na vida pública. É falta de honestidade não reconhecer a pessoa com deficiência como um ser humano que pode trabalhar como qualquer um”.

Em 03.12.2015, às 13h48