Maria do Céu recebe maior comenda da Câmara Municipal do Recife
O parlamentar fez questão de destacar que pela primeira vez uma homenagem não foi aprovada por unanimidade e lamentou o preconceito. “Tivemos reações pelo simples fato de Maria do Céu ter empreendimentos ligados ao ramo LGBT. Infelizmente ainda há homofobia no Recife e nessa Casa. Tenho muito orgulho de ter feito essa homenagem e de termos tido a oportunidade de discutir porque não homenagear alguém que trabalha para o público gay. Temos que respeitar o direito de todos e essa solenidade tem o ato simbólico de mostrar que, mesmo que haja homofóbicos nessa cidade, a grande maioria votou a favor. Hoje a vergonha está do lado de quem tem preconceito”.
Daniel Coelho falou ainda da vida pessoal e da trajetória profissional da homenageada que atua na área do entretenimento LGBT há 16 anos. Psicóloga, casada, mãe de quatro filhos e ex-servidora pública, Maria do Céu resolveu mudar de profissão em 1994, ao se tornar promoter da antiga boate Doktor Froid, no bairro da Boa Vista, mesmo local onde hoje funciona a Metrópole. A boate é pioneira no apoio à Parada Gay do Recife e implantou o Instituto Boa Vista, uma ONG que apoia o homossexual, encaminha para a profissionalização e patrocina atletas gays.
"Esta Medalha me servirá de estímulo e luz a clarear o horizonte das minorias a quem tanto defendo, em nome da justiça e do amor. Estou muito feliz, é um espaço conquistado e me sinto honrada em ser a representante dessa conquista”, disse Maria do Céu ao agradecer a homenagem. Ela fez também um pedido. “Pretendo que não demore 100 anos para que sejam aprovadas leis que dignifiquem a sociedade como um todo, uma sociedade mais livre, mais moderna e sem culpa. A gente tem muito o que cobrar dessa Câmara e de todos os poderes”. E destacou ainda a necessidade do fim do preconceito. “A homofobia dói, machuca e mata. Como mãe, eu não quero que meus filhos sejam julgados por um desejo, por uma atração que encontre no outro igual. Agradeço em meu nome e no daqueles que comungam o meu ideal, em prol da diversidade, em respeito à diversidade".
Ao repercutir o fato inédito da solenidade não ter sido aprovada por todos os vereadores, a empresária disse que não tinha trauma em ser rejeitada. “Acho que a gente tem que educar os políticos homofóbicos, dar conhecimento porque é falta de educação não respeitar. Não tenho trauma de me sentir rejeitada”.
A sessão solene foi presidida pelo vereador Gilberto Alves (PTN) e teve a presença do ex-bbb e perfomer Dicesar Ferreira, do Cônsul da Argentina Alejandro Soares, do deputado estadual Isaltino Nascimento e do ex-deputado estadual João Coelho.
Em 28.05.2010, às 18h25.