Eurico Freire debate preservação dos manguezais do Recife

Um público formado por representantes de entidades ligadas ao meio ambiente, educação e saúde, Ministério Público de PE, integrantes do Partido Verde, professores e alunos das escolas municipais Reitor João Alfredo e Karla Patrícia, participou ativamente da audiência pública realizada na manhã desta terça-feira, 01, sobre a preservação dos manguezais do Recife. A convocação foi do vereador Eurico Freire (PV) que, ao abrir o encontro, ressaltou que, mesmo com sua importância para a cidade, a situação desse ecossistema preocupa “devido a constantes ocupações irregulares nas suas margens, o acúmulo de lixo e despejo de esgotos, entre outras agressões. Mas a grande transformação se dá na postura que temos que ter diante dos desafios”.

Fizeram parte da mesa de debates, o professor do Instituto de Ciências Biológicas da UPE, Clemente Coelho Júnior; coordenador da Associação Mangue Ferido, Flávio Gomes; gerente de fiscalização da Emlurb, Avelino Pontes; Andréa Olinto, representante da Secretaria do Meio Ambiente de PE; chefe de licenciamento do Ibama, Maria Salete Oliveira Amorim; e a gerente geral de unidades protegidas da Secretaria de Meio Ambiente do Recife, Glória Brandão.

 

A importância do mangue foi demonstrada através de slides pelo professor Clemente Coelho Júnior. Ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestre e marinho, o manguezal tem a função de berçário natural para diversas espécies e de proteção contra a erosão costeira e fonte de alimentos, como também de filtrar diversos tipos de poluentes. “Uma das mais graves agressões é a retirada dos manguezais através de leis que autorizam a realização de obras para implantação de rodovias, por exemplo”, denunciou. “Apesar disso e da verticalização galopante da cidade, o mangue resiste e vem ocupando naturalmente áreas próximas aos rios e praias. Temos uma responsabilidade enorme por sua conservação”, afirmou Clemente.

 

O coordenador da Associação Mangue Ferido, Flávio Gomes, leu um documento elaborado por entidades que atuam em defesa do mangue, criticando a situação do ecossistema em Pernambuco. “A pesca artesanal teve uma queda de 11% e 522 hectares de manguezais foram suprimidos por conta de leis autorizativas. Lixo e poluição também ajudam a destrui-lo”, disse. O gerente de fiscalização da Emlurb, Avelino Pontes, ressaltou que os mangues recebem um trabalho de limpeza constante. “Trezentas toneladas de lixo já foram retiradas de janeiro até agora, além de oito toneladas de resíduos flutuantes recolhidas por um ecobarco. Precisamos da parceria da população porque cidade limpa não é a que sempre se limpa mas sim a que menos se suja”.

 

Cabe ao Ibama a emissão de licenciamentos e por autos de infração. De acordo com a chefe de licenciamento do Instituto em Pernambuco, Maria Salete Oliveira Amorim, “uma das dificuldades é que quando se destrói uma área de mangue não se encontra outra para fazer o replantio e, no caso de invasões, às vezes a área fica tão degradada que não há mais como recuperá-la”. Para o coordenador da área ambiental do Ministério Público de Pernambuco, André Felipe Menezes, as cidades têm que se desenvolver com sustentabilidade. “Proteger o meio ambiente significa também nos abstermos um pouco do nosso conforto”, observou ele.

 

Em sua fala, a gerente geral de unidades protegidas da Secretaria de Meio Ambiente do Recife, Glória Brandão, lembrou que as cidades vivem um grande dilema, já que 80% da população vivem nas áreas urbanas. “Quando se destrói o mangue, o primeiro impacto é sentido nas cidades. Diariamente a gente realiza a limpeza urbana e o custo é cada vez maior. O cidadão também tem que fazer a sua parte”, concluiu.

 

O vereador Eurico Freire recebeu várias sugestões através da participação do público presente à audiência pública. E anunciou a criação de um grupo de trabalho permanente para debater e apontar sugestões para resolver os problemas relativos aos manguezais. O grupo terá a participação de diversos segmentos da sociedade civil.

Em 01.09.2015, às 14h20