Gilberto Alves debate situação do Nascedouro de Peixinhos

O Nascedouro de Peixinhos, que nasceu com a vocação de ser um equipamento educativo, cultural e de lazer, está subutilizado. Ele vem funcionando parcialmente e não atende como deveria à comunidade de mesmo nome, localizada na divisa dos municípios do Recife e de Olinda. A situação do equipamento onde deveriam funcionar plenamente projetos de três secretarias municipais foi debatida em audiência pública de iniciativa do vereador Gilberto Alves (PSD), nesta quarta-feira, 21. “É um grande equipamento que deveria estar a serviço da comunidade. O Nascedouro tem uma vocação cultural muito forte, por ali passaram nomes como Chico Science e a Nação Zumbi. O equipamento pode ser muito mais útil e servir de espaços para muitos eventos e ações numa comunidade carente como é Peixinhos”, disse o vereador.

O tema da audiência pública, realizada no plenarinho, foi “Nascedouro de Peixinhos, Diagnósticos e Caminhos”. Numerosas pessoas da comunidade estiveram presentes nos debates. “Nós precisamos identificar os novos caminhos que possam adequar o nascedouro ás necessidades da comunidade que é polo de aproximação dos municípios de Recife e Olinda”, disse Gilberto Alves. Ele lembrou o histórico do espaço, que foi matadouro até o final da década de 1970. “O Ministério da Agricultura viu que ali não podia funcionar um matadouro e ele foi desativado. Houve, desde então, várias tentativas de utilização com projetos sociais e culturais. Ele serviu, inclusive, como polo multicultural que funcionou bem e hoje está perdendo a força”, lamentou.

 

O produtor cultural Emanoel Albuquerque é da comunidade de Peixinhos e acompanha o Nascedouro desde o começo, quando as autoridades cogitavam utilizar o espaço como transbordo de lixo, na década de 1980. “De lá para cá vi surgirem muitos projetos legais, muitas propostas que atenderam às necessidades da comunidade. Agora, está realmente subutilizado. Só funciona o Centro de Tecnologia da Cultura Digital, o CTCD”, disse. O CTCD, que trabalha com o Projeto Peixe Sonoro (atividades com jovens músicos da comunidade e bandas locais) atende ao Nascedouro desde 2011 e beneficiou mais de 900 jovens, segundo a gerente Selma Leite. “Hoje, estamos limitados às gravações de bandas de música, que é um projeto de economia criativa ligada ao CTCD”, afirmou.

 

Mas, até os dias do CTCD estão contados. O que vai complicar, ainda mais, a situação do Nascedouro de Peixinho. O projeto do CTCD vai se encerrar até o final do ano. Foi o que anunciou o presidente do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), Antônio Vaz. “Nós estamos passando por um período de transição. As ações do CTCD vão se encerrar porque elas não têm alinhamento com as atividades do Itep. O nosso foco de trabalho é voltado para a tecnologia em si e não para a economia criativa”, afirmou. O vereador Gilberto Alves disse ter informações de que o Governo do Estado está pretendendo usar o Nascedouro de Peixinhos como espaço para o Programa Governo Presente (ações de prevenção à violência).

 

Além do CTCD, o Nascedouro de Peixinhos dispõe de uma biblioteca, do balé Afro Magê Molê e de atividades esportivas, que estão funcionando. O teatro está parado, assim como o auditório. Três secretarias municipais têm projetos desenvolvidos no Nascedouro: Cultura, Educação e a de Desenvolvimento Social, Juventude e Políticas sobre Drogas. Essa última utiliza três salas para serviços administrativos. “Mas não temos como executar obras de engenharia, pois essa não é nossa área”, comentou o gerente geral de Administração e Finanças Jefferson Luiz da Silva. “Mesmo assim, estamos atendendo a comunidade com escolinha de futebol e realização de torneiros. Atendemos cerca de 700 pessoas”, disse o coordenador esportivo (ligado à Secretaria da Juventude), Paulo Cid Gonçalves.

 

O diretor Executivo de Tecnologia na Educação, Francisco Luiz dos Santos, disse que a Secretaria Municipal de Educação utiliza duas salas do Nascedouro de Peixinhos, onde atende 150 crianças. “Realizamos um projeto que leva tecnologia para a população nas necessidades diárias. São cursos de informática, curso de tecnologia assistiva e robótica. Nas duas salas funcionam o laboratório e o espaço tecnológico. Além da população, também capacitamos professores. Cerca de 170 receberam formação lá. Futuramente teremos a Unidade de Tecnologia e Cidadania, com cursos voltados para a economia criativa nas áreas de cinema, rádio e música”, afirmou.

 

O secretário Executivo de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura, Williams Santana, reconhece que a Prefeitura do Recife, sozinha, não dá conta do Nascedouro de Peixinhos. “É uma área muito grande, que fica na divisa de dois municípios. Para funcionar a contento, ele precisa de apoio de várias esferas governamentais. E, quem sabe, da iniciativa privada. Esse momento é crítico para a Cultura devido às mudanças ocorridas no Ministério de onde poderiam vir as verbas para bancar os projetos”, observou. Ainda assim, Williams afirmou que a Secretaria de Cultura está fazendo um levantamento das necessidades físicas e elaborando um projeto de recuperação do auditório. “Vamos discutir com a comunidade um projeto de programação, que inclui oficinas e apresentações culturais envolvendo os grupos locais”, disse.

 

Em 21.06.2017, às 12h30.