Gregório Bezerra poderá ser nome de praça no bairro de Jardim São Paulo

A Câmara Municipal do Recife aprovou o Projeto de Lei do vereador Múcio Magalhães (PT) denominando Gregório Bezerra a atual Praça Jardim São Paulo. A homenagem ao líder comunista, que morou no bairro durante muitos anos, também lembra a passagem dos seus 110 anos de nascimento. Gregório Bezerra, natural do município de Panelas, agreste de Pernambuco, nasceu no dia 13 de março de 1900 e faleceu em São Paulo em 23 de outubro de 1983.

Gregório Bezerra começou a trabalhar na lavoura da cana aos quatro anos de idade. Perdendo os pais ainda criança, morou no Recife e só foi alfabetizado aos 25 anos de idade. Trabalhou como ajudante de obras na construção civil, carregador de bagagens na estação central do Recife e jornaleiro, iniciando-se aí seu interesse pela política. Em 1917, quando participava de uma manifestação de apoio à Revolução Bolchevique e às lutas grevistas em defesa de direitos trabalhistas no Brasil, foi preso pela primeira vez, por cinco anos, na antiga Casa de Detenção do Recife.

 

Quando saiu da prisão, em 1922, Gregório Bezerra alistou-se no Exército. Em1929 entrou para a Escola de Sargentos, seguindo para a Companhia de Metralhadoras Pesadas na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Ao retornar ao Recife, em 1930, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Aqui, em 1935, liderou o levante militar promovido pela Aliança Nacional Libertadora (ALN), sendo preso e condenado a 28 anos de prisão, cumprindo a pena no arquipélago de Fernando de Noronha e depois no Presídio Frei Caneca, no Rio de Janeiro, onde dividiu a cela com Luís Carlos Prestes.

 

Com o fim do Estado Novo, Gregório Bezerra foi anistiado e elegeu-se deputado constituinte por Pernambuco, na legenda do PCB, sendo o mais votado do Estado. Teve seu mandato cassado em 1948, juntamente com todos os parlamentares comunistas. Viveu então na clandestinidade por nove anos, quando organizou núcleos sindicais no Paraná e em Goiás.

 

Ele foi um dos primeiros presos da ditadura militar, quando tentava organizar a resistência armada dos camponeses ao golpe, na zona rural do município de Cortez, zona da mata sul pernambucana. Transferido para o Recife, foi barbaramente torturado, sendo arrastado pela Praça de Casa Forte com uma corda no pescoço, pelo tenente-coronel do exército Darcy Viana Vilock, e teve seus pés imersos em solução de bateria de carro. Esta barbárie foi exibida pelas televisões locais na época.

 

Libertado em 1969, com outros 14 presos políticos, em troca do embaixador americano, Charles Elbrick, que havia sido sequestrado por militantes de organizações engajadas na luta armada contra a ditadura militar, Gregório foi para o exílio no México e depois para a União Soviética. Após a anistia política, em 1979, voltou ao Brasil. Para o vereador Múcio Magalhães, “por sua trajetória, Gregório Bezerra continua sendo exemplo, para as atuais gerações, de homem dedicado a luta do povo”.

Em 29.11.2010, às 11h20