Incidente com vereador leva Câmara a criar comissão
Davi Muniz disse que acordou com atos de terrorismo praticados contra dez famílias desapropriadas de suas casas sem mandado, sem ordem judicial. “Vi homens e mulheres serem retirados à força, por policiais armados. Estou revoltado com a truculência aplicada às famílias. Fui pessoalmente agredido por um delegado. Ele me bateu nas costas e na orelha. Tentei falar com representantes da secretaria de Mobilidade Urbana e me deram às costas. Há interesses políticos envolvidos na ação. Este poder foi desmoralizado”.
Isabella de Roldão (PDT) criticou a forma como as pessoas foram tratadas, com violência sob a desculpa de proteger o leito do rio. “É um processo autoritário que estamos vivendo hoje na cidade”. Osmar Ricardo (PT) disse que a Casa precisa ser respeitada no exercício da fiscalização. “Eles chegam sem autorização para retirar as pessoas de qualquer jeito. A época da ditadura já passou. A ação pode ser feita sem truculência. O delegado citado e o secretário têm de responder pelos atos praticados, até mesmo com afastamento”. Almir Fernando frisou que alguns princípios foram infringidos, pois em nenhum momento foi mostrado documento que legalizasse a ação. “O delegado já foi vereador e consta que estava prometendo casas para as pessoas, talvez porque seja candidato. Usava distintivo quando está afastado de suas funções, prestando serviço à PCR”.
Gilberto Alves (PTN), líder do governo, disse que esteve no local no dia do incidente e pode acompanhar de perto o sofrimento das pessoas. No entanto, ponderou que as casas oferecem risco de vida e por isso precisavam ser retiradas porque é área de proteção ambiental, protegida por leis municipal, estadual e federal. Mas lembrou que nada justifica a ação violenta. “As ações devem ser realizadas dentro da lei”. Antônio Luiz Neto (PTB) frisou que a Dircon exerce trabalho da maior importância no controle urbano, mas é preciso ponderar que o Recife nasceu de uma ocupação. “O Trabalho de retirada vem sendo feito desde outras gestões e é preciso a cidade buscar um projeto de regularização dessas áreas. O executivo precisa tomar conhecimento do ocorrido para tomar uma posição, porque não é possível desrespeitar esse poder público”.
Aerto Luna (PRP) disse que estava solidário ao colega e à comunidade vitimada pela ação truculenta de alguns agentes da administração. “Nada justifica a forma como foi feita”. Wilton Brito (PHS) afirmou jamais haver visto tamanha violência e momento tão triste. “Experimentei a dor daquelas pessoas chorando sobre os escombros”. Eriberto Rafael (PTC) lamentou a atitude dos funcionários e disse que estava se tornando prática nas desocupações, citando Roda de Fogo, Casarão do Cordeiro e outras. “É Preocupante que esta secretaria aja dessa forma em diversos locais. É um absurdo e preocupa”. Vicente André Gomes (PSB) disse que queria se posicionar em relação ao episódio, criou a comissão parlamentar, e lembrou que esse poder precisa ser respeitado de qualquer forma. “A comissão vai averiguar os depoimentos e queixas registradas em delegacias pelas duas partes. Precisamos esperar e tomar posição. Sou solidário a todos os vereadores que venham sofrer esse tipo de abuso”.
Amaro Cipriano Maguari (PSB) disse que já houve desocupações em áreas de preservação, e duas delas foram sustadas pelo ex-governador Eduardo Campos porque não havia lugar para onde levá-los. “Lembro que as secretarias habitacionais não recebem verbas para construir casas”. Luiz Eustáquio (PT) acha que não há o que discutir a não ser a forma como foi feita. “A comissão não deve ir até o secretário, ele é quem deve vir aqui prestar esclarecimentos”.
Em 09/03/2015 às 18h39