Isabella discute em reunião combate à homofobia

Para comemorar o Dia Internacional e Nacional de Combate à Homofobia, transcorrido domingo, a vereadora Isabella de Roldão (PDT) realizou reunião pública na Câmara Municipal do Recife, nesta segunda-feira, 18, para debater o tema. A data foi instituída não só para relembrar que a homossexualidade não é doença, mas também tem uma característica de protesto e de denúncia para que sejam criadas políticas públicas e leis punitivas para os crimes de homofobia, em respeito a esse segmento da sociedade.

“Nada justifica, nos dias de hoje, a violência que se registra contra os homossexuais e os transexuais, nada justifica a repulsa”, argumentou a vereadora, na abertura da reunião. Ela questionou o motivo pelo qual há dificuldade de se dar visibilidade ao tema. “Por que esse assunto não é discutido nas escolas e nas igrejas? Eu promovo essa reunião não com o objetivo de estimular que outras pessoas sejam gays, como pensam os homofóbicos, mas para dar visibilidade ao sofrimento de quem enfrenta preconceito por causa da orientação sexual”.

Como resultado da reunião pública, a vereadora Isabella de Roldão disse que marcará nova reunião pública no mês de agosto e que lutará pela aprovação do PL 60/2013, que cria o Conselho Municipal de Políticas LGBT. A criação dessa entidade foi um dos pontos discutidos na reunião pública. O promotor de justiça, membro da Comissão de Direitos Homoafetivos do Ministério Público, Maxwell Vignoli, disse que os direitos se concretizam na prática através da mudança das pessoas e da criação de políticas públicas. “O Recife tem uma gerência de articulação de políticas LGBT (a GLOSS), tem um centro de atendimento às pessoas e carece ainda de um Conselho Municipal. Sem ele, há fragilidades na política municipal”, disse.

A criação do Conselho Municipal é prevista no projeto de lei do Executivo número 60/2013, que já tramitou por todas as comissões da Câmara Municipal do Recife, recebeu duas emendas, e está pronto para ser votado. “Existe interesse da gestão para que esse PLE ser aprovado?”, questionou a vereadora. O secretário Executivo de Direitos Humanos da Prefeitura do Recife, Paulo Moraes, confirmou que sim. “Já tivemos até uma reunião interna e chegamos à conclusão que a aprovação desse Conselho Municipal é fundamental para a política do Executivo voltada para esse segmento da população” respondeu.

O Dia Nacional de Combate à Homofobia foi criado em 2010, para lembrar o 17 de maio de 1990. É uma data histórica para o movimento LGBT porque foi quando a Organização Mundial de Saúde, em Assembleia Geral, determinou que o termo "homossexualismo" fosse retirado da Classificação Internacional de Doenças. Ficando ali declarado que “as relações entre pessoas do mesmo sexo não constituem doença, nem distúrbio e nem perversão”, sendo adotado, nesta data, o termo "homossexualidade", que se refere ao comportamento, uma vez que homossexualismo passa a ideia de doença.

A promotora de justiça, membro da Comissão de Direitos Homoafetivos do Ministério Público, Maristela Simonin, autora do livro “Homofobia tem cura”, falou sobre estudos científicos sobre a homossexualidade e lembrou da pesquisa da Associação Americana de Psiciologia que negam estar havendo um aumento da homossexualidade no mundo. “Há poucas pessoas gays e pessoas trans. O que está ocorrendo é que laços repressivos estão mudando aos poucos, tornando-se mais saudáveis. Os homofóbicos é que têm esse temor. Os religiosos radicais é que têm essa visão estreita”, disse.

A presidente do Instituto José Ricardo, Eleonora Pereira, mãe do jovem recifense que dá nome à entidade e que foi assassinado por causa de sua orientação sexual, lembrou que no final de semana passado, quando se comemorava o Dia de Combate à Homofobia, duas pessoas foram mortas no Recife pelas mesmas razões que seu filho. “Minha luta é contra o preconceito. Oriento as mães, que têm filhos gays, que tenham orgulho deles e que os acolham. Depois que perdi José Ricardo, a minha vida é pequena. A minha luta é maior”, disse. Outras pessoas participaram da reunião pública: o advogado Rafael Vasconcelos; a gerente de Juventude do Recife, Camila Barros e o gerente de Livre Orientação sexual do Recife, Wellington Pastor, entre outros.

 

Em 18.05.2015, às 13h07.