Ivan Moraes convoca vereadores a lutar contra “onda arbitrária” no País

O vereador revelou que ficou perplexo com a censura sofrida pelo grupo de teatro potiguar Clowns de Shakespeare, que teve o espetáculo “Abrazo” cancelado no Recife. “A peça está sendo apresentada dentro do Projeto Caixa Cultural e tinha oito apresentações marcadas em Pernambuco: quatro no final de semana que passou e mais quatro no seguinte. A primeira sessão chegou a acontecer seguida de um debate com a plateia. Minutos antes da segunda sessão começar, no entanto, os atores receberam a informação de que o espetáculo estava cancelado”, disse. Abrazo é inspirada no texto “Livro dos Abraços”, do escritor uruguaio Eduardo Galeano, e conta, através do olhar de uma criança, a história de um país que reprime os afetos e as artes.

Ivan Moraes lembrou que a censura, por determinação da Caixa Econômica, ocorreu sob a alegação de “quebra de contrato”. O que, segundo ele, não ocorreu. “Não houve quebra de contrato, pois a peça estava sendo apresentada. O que houve foi mais um caso de censura que o País assistiu no final de semana”, observou. O outro caso, disse o vereador, ocorreu na Bienal do Livro do Rio, onde o prefeito Crivella reagiu de forma enérgica por causa do beijo gay no HQ Vingadores. O prefeito ficou contrariado com o beijo dos personagens dos quadrinhos, e mandou fiscalizar a feira para impedir a venda de material com temática LGBT+. “O que vemos no Brasil não é mais um debate entre a política liberal ou socialista. Não é mais uma discussão do poder de controle do Estado sobre os cidadãos. Agora, é o temor do retrocesso e das formas de repressão que nos atemoriza”, disse.

O vereador ressaltou, ainda, que a pauta conservadora também foi registrada em Caruaru. “O centro de formação do MST em Pernambuco sofreu uma tentativa de despejo. O despejo foi solicitado pelo Incra e aceito pelo juiz federal da 24ª Vara Federal de Caruaru, que determinou imediata reintegração de posse”, informou. O centro de formação pertence ao assentamento Normandia, que foi criado em 1998. Ao ser criado, e em comum acordo com o Incra, segundo Ivan Moraes, a cooperativa dos assentados repassou a casa sede e mais 14 hectares para a criação de um espaço de formação e capacitação. Em 1999 foi criado oficialmente o Centro de Formação Paulo Freire.

“O Centro de Formação deixou de ser um espaço do estado e passou a ser um espaço de formação do Nordeste. Hoje, realiza parcerias na área da educação com a Prefeitura de Caruaru para realização de turmas de ensino fundamental. E também tem parcerias com o governo do Estado para a realização do curso “Pé no chão”, que é o principal curso de formação. Esse curso é realizado em três etapas, tendo como base vivências e práticas em agroecologia”, explicou. Ainda segundo Ivan Moraes, vários cursos de parcerias foram realizados entre o Centro de Formação Paulo Freire com as universidades UFPE, UPE, IFPE, Fiocruz, UFRPE, UAG, IPA e mais recentemente o curso de geografia da UPE. “Como visto, o Centro tem parcerias com quase todas as instituições estatais existentes que direta ou indiretamente realizam atividades apropriando-se das estruturas do local”, afirmou.

O Centro de Formação Paulo Freire também já recebeu congressos internacionais como o Foro da Terra, disse o vereador. “Por tudo isso, entendemos que não há razão para o Incra pedir a reintegração de posse, a não ser por motivação ideológica de tentar impor ao MST uma derrota em Pernambuco”, disse.


Em 09.09.2019, às 17h44.