Ivan Moraes debate funcionamento da Rádio Frei Caneca
A Rádio Frei Caneca foi idealizada pelo vereador Liberato Costa Júnior, autor de um projeto apresentado e aprovado na Câmara de Vereadores do Recife em 1960, virando lei municipal. Após 56 anos da criação da emissora, ela finalmente entrou no ar no dia 30 de junho de 2016 podendo ser sintonizada na frequência 101,5. Durante todo o dia ela toca música, seguindo uma playlist pré-estabelecida. A sede da emissora, atualmente, fica no Paço do Frevo. Participaram dos debates o vereador Ivan Moraes, o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha; o gerente da rádio, Patrick Torquato e a integrante do Fórum Pernambucano de Comunicação, Cátia Patrícia Oliveira.
O objetivo da Rádio Frei Caneca é estabelecer uma emissora pública de rádio que atenda às necessidades da população em termos de informação e de compartilhamento cultural. “A rádio é resultado de uma luta de décadas para termos uma emissora pública e não estatal. Mas, da forma que está hoje ela é apenas um canal. Ela precisa se transformar numa rádio que tenha um orçamento garantido e uma programação independente”, defendeu Ivan Moraes. Como até agora, quase um ano depois de estar no ar, ainda há pendências, Ivan Moraes afirma que a Prefeitura do Recife precisa definir datas e prazos.
Ele também faz uma teorização sobre a importância da comunicação como direito humano. “Nos tempos atuais, a população não pode apenas ser vítimas dos meios de comunicação. Ela precisa atuar, ser protagonista, participar de emissoras em que o povo defina seu funcionamento e sua programação. A Rádio Frei Caneca precisa funcionar independente de governos ou de mercados”, disse.
Representante do Fórum Pernambucano de Comunicação, Cátia Patrícia Oliveira disse que a Rádio Frei Caneca precisa se concretizar enquanto veículo público de comunicação. “Comunicação pública não é só executar uma playlist. A emissora precisa implementar uma série de propostas, abarcando a pluralidade cultural de Pernambuco e permita que o cidadão possa se expressar”, disse. Cátia lembrou que, para ser pública, a rádio precisa ter um conselho com vários agentes da sociedade para debater e dialogar a programação. “Um conselho que seja deliberativo e não só participativo”, afirmou.
O presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha, disse que a Rádio Frei caneca é uma prioridade para a Prefeitura. “É uma prioridade na área de cultura, assim como o Teatro do Parque também o é”, afirmou.
O gestor da rádio, Patrick Torquato, fez uma apresentação em slides, que recontou a história da Rádio Frei Caneca. Por muito tempo, a lei que a criou não foi levada adiante. Por décadas, artistas, produtores, agentes, militantes e incentivadores do setor cultural e da democratização da comunicação pressionaram a Prefeitura pelo cumprimento da lei e a instalação da Rádio Frei Caneca FM. No entanto, Liberato Costa Júnior, decano da Câmara Municipal do Recife, morreu em 13 de janeiro de 2016, aos 97 anos, sem ouvir a rádio pela qual tanto lutou. A emissora finalmente entrou no ar de forma experimental.
“Nos últimos anos avançamos muito no diálogo com a sociedade visando implementar a rádio. A ideia inicial era ser uma rádio educativa, mas ela vem sendo construída com a participação da sociedade. Nunca, desde o primeiro dia de funcionamento, houve uma interferência da Prefeitura do recife, pedindo uma música sequer na programação. Essa rádio, para existir, precisa realmente da militância eterna da sociedade a fim de se consolidar como uma emissora pública”, defendeu Patrick.
A emissora, segundo ele, ainda não tem uma programação porque a rádio não foi homologada. “Por lei, não podemos ter uma programação agora. Mas estamos no ar 24 horas, em caráter experimental”, acrescentou. Segundo ele, os dirigentes da emissora vêm se reunindo com entidades da sociedade civil organizada desde 2014. Naquele ano houve 15 reuniões e uma audiência pública na Câmara Municipal do Recife para debater os destinos da rádio. “Em seguida, fizemos uma reunião no auditório do Mamam para validar as propostas que saíram desse grupo. Tivemos acompanhamento de entidades como o Conselho Municipal de Cultura, a CUT, Centro Luiz Freire, estudantes e sindicatos”, disse. São 54 propostas consolidadas por esse grupo. “No momento a rádio não tem um estatuto, mas nós nos conduzimos por essas propostas”, disse. Hoje, sete entidades acompanham a Rádio frei caneca. A rádio tem quatro funcionários.
Em 26.04.2017, às 13h28