Ivan Moraes debate reabertura do Teatro do Parque
Antes de a audiência pública começar, às 9h30, o vereador Ivan Moraes exibiu um vídeo num telão do plenarinho, produzido pelo seu gabinete, que apresentou diversos artistas pernambucanos falando sobre o teatro. Eles disseram que “o sonho de todo recifense é de que o Teatro do Parque volte a ser o que era” e que, ao manter o espaço cultural fechado há anos, “a Prefeitura do Recife está privando os cidadãos de peças de teatro, shows e filmes exibidos a preços populares”. Elencaram as qualidades do teatro, que fica localizado na Rua do Hospício, no centro comercial: “Ele é acessível, democrático, formador de plateias, tem boa estrutura e pode abrigar um bom número de público”. O teatro, que foi fechado por João da Costa, continuou sem uso na gestão de Geraldo Júlio. Em 2014, ele anunciou o início de uma nova reforma alegando questões burocráticas na documentação das obras anteriores. A população, porém, continua sem dispor do espaço cultural e sem informações a respeito das obras atuais.
“Esta audiência foi convocada a partir de um evento promovido pelo Cine Rua, que pedia a reabertura do Teatro do Parque. Eu percebi que havia uma total desinformação da situação da reforma, do que está sendo feito. Era necessário que a Prefeitura do Recife prestasse contas à população. A minha esperança é de que a partir de agora se abra um espaço de diálogo entre o poder público e a sociedade no que diz respeito ao teatro”, afirmou Ivan Moraes. Ele fez os seguintes questionamentos: o que foi executado de 2010 até agora? Quanto foi investido? E com o aviso de nova licitação, qual a programação de execução de serviços? Quais os investimentos para cada etapa? “Temos muitas dúvidas que se lançam sobre os novos contratos e precisamos de explicações”, questionou Ivan Moraes.
As dúvidas do vereador se referiam ao aviso de licitação que a Prefeitura do Recife divulgou no Diário Oficial, terça-feira, consolidando que pretende contratar uma empresa para concluir a reforma com ampliação e restauro do cineteatro. “Precisamos dessas informações urgentemente porque mais do que um equipamento cultural, o Teatro do Parque movimenta o comércio local, garante postos de trabalho e serviços. Além disso, quando ele está funcionando, também leva mais segurança para toda aquela área”, disse Ivan Moraes. O ator e produtor cultural Diógenes de Lima, que esteve na audiência pública, afirmou que o espaço faz parte das memórias afetivas de muitas pessoas e que “manter a memória viva é uma forma de resistência”. Ele lamenta que o teatro esteja fechado há tanto tempo: “é um palco a menos e isso significa a redução do nosso mercado de trabalho”, observou.
A produtora cultural Karuna de Paula foi uma das componentes da mesa de debates. Ela disse que a audiência pública “funcionou como um espaço de pressão para que o poder público pudesse dar respostas efetivas e que venham a gerar ações no sentido de devolver o equipamento público”. Segundo ela, o Teatro do Parque é importante “na formação de muitos atores que puderam apresentar seus espetáculos naquele espaço; na formação de plateias e de pessoas que tinham a oportunidade de assistir a filmes com ingressos a preços baratos”. Além de Karuna de Paula, fizeram parte da mesa o representante do Movimento Guerrilha de Cultura, Oséas Borba Neto; a analista do Ministério Público Kamila Farias; o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha; e o chefe de gabinete da Secretaria de Projetos Especiais da Prefeitura do Recife, João Guilherme Ferraz.
Diego Rocha reconheceu que o Teatro do Parque é “um equipamento que faz falta à população do Recife e que devolvê-lo ao público é uma prioridade”. Ele disse que o aviso de licitação foi apresentado para que as obras possam ser realizadas e que a licitação tem um prazo de 60 dias para ser concluída. “A partir da assinatura, a Prefeitura terá 18 meses para concluir os trabalhos”, disse. Entretanto, ele informou que se trata de uma obra trabalhosa, pois a primeira etapa, que está orçada em R$ 5,85 milhões, se destinará a realizar obras civis e de restauro, “para garantir que seja feita a reforma e em seguida o prédio volte a ter as mesmas características que o imóvel tinha em 1929”. A segunda etapa, disse Rocha, vai permitir a compra de equipamentos e de requalificação interna do teatro. Na segunda etapa, as obras totalizarão investimentos na ordem de R$ 12 milhões e a Prefeitura garante que dará um novo tratamento acústico, fará expansão do palco, viabilizará uma sala de ensaio para a Banda Sinfônica do Recife, adquirirá novas cadeiras etc. “Ao todo são 16 projetos dentro dessa segunda etapa”, disse.
João Guilherme Feraz, por sua vez, disse que o primeiro projeto que levou o Teatro do Parque a ficar fechado até 2014 gastou cerca de R$ 1,1 milhão e continha “erros de princípio”, pois não dividiu as obras em duas etapas, como está sendo feito agora. “Tivemos que separar os projetos e isso demandou tempo. Em seguida, pegamos o projeto da Universidade Federal de Pernambuco, reconfiguramos e vamos fazer todo o restauro. A primeira etapa vai deixar o edifício do Teatro do Parque apto a receber os equipamentos”, explicou. Até aqui, segundo João Guilherme, a Prefeitura buscou “fundamentalmente estancar o processo de degradação do edifício, que estava infestado por microorganismos (fungos e cupim) e realizou pesquisas arqueológicas”. A coberta, que tinha goteiras e infiltrações, foi substituída; assim como as instalações elétricas e hidrossanitárias. “Toda a alvenaria estava comprometida e o solo tinha muita salinidade”.
Na segunda etapa, “nós vamos concluir essas obras civis, que ainda estão em andamento, e também resgatar as feições que o teatro tinha em 1929, com base nas pesquisas documentais e arqueológicas”, garantiu João Guilherme. No processo de restauro, as colunas ganharão retauro de “falso mármore” e as vitrines receberão tratamento espelhado, entre outros. “Vamos nos empenhar para devolver o teatro em 2019”, afirmou.
Em 24.08.2017, às 12h55.