Ivan Moraes debate situação do ambulante da nova Conde da Boa Vista
Para o vereador, diante da grave crise econômica vivenciada no Brasil e do aumento do desemprego, é fundamental pensar soluções e alternativas para incluir as trabalhadoras e os trabalhadores que recorrem ao comercio e prestação de serviço informal para garantir a sua sobrevivência e de sua família. “Realizamos uma pesquisa que identificou mais de 300 pessoas que vivem do comércio popular, movimentando, juntas, uma economia de mais de R$ 4,5 milhões por ano”, informou Ivan Moraes. O levantamento foi realizado entre os dias 11 e 15 de março, com coordenação técnica das cientistas sociais Cecília Cuentro e Marília Nascimento. As pesquisadoras identificaram, por exemplo, que grande parte da mercadoria revendida é comprada pelos ambulantes originalmente no comércio formal. O levantamento foi realizado numa parceria do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Informal (Sintraci) com o mandato do vereador.
Ivan Moraes entende que a pesquisa dá à sociedade, e principalmente à prefeitura, elementos que poderão nortear decisões importantes para a avenida. “Ao perceber a importância econômica e social do comércio popular, nós esperamos que o Poder Executivo se dê conta que é possível, sim, organizar as áreas em que ambulantes poderão trabalhar, sem interferir de forma negativa na acessibilidade e sem tirar o ganha-pão de ninguém”. A Avenida Conde da Boa Vista tem 1,6 quilômetro de extensão, com forte dinâmica urbana, moradia, comercio e serviços. A obra de requalificação, que vem sendo tocada, prevê o aumento e a mudança das paradas de ônibus, restrições do tráfego de carros particulares, aumento das calçadas e faixas de pedestre, regularização de pontos de comércio, criação de um canteiro central, além de arborização, iluminação de LED e obras de drenagem. A obra deverá ter um custo de R$ 15 milhões com prevista para durar 20 meses.
“Nós somos a favor da obra e não estamos aqui para fazer protestos. Viemos apelar para que a Prefeitura do Recife abra o diálogo uma vez que tem dito que apenas 50 pessoas ficarão em toda a avenida. Esse número é muito pequeno”, afirmou o presidente do Sintraci, Edvaldo Gomes. Ele lembrou que um workshop foi realizado entre os dias 11 e 13 de abril, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), com professores, arquitetos e representantes dos camelôs, para discutir a situação do comércio informal na Conde da Boa Vista. “O workshop comprovou que há condições de a Prefeitura acolher mais do que somente 50 pessoas que vivem do comércio informal na avenida. Há condições, sim, de conversarmos e de se encontrar soluções e organizar a situação”, afirmou. Edvaldo Gomes reconhece que a situação atual da avenida “está bagunçada”, e que continuar assim não interessa à categoria. “Mas estamos com medo de perder o nosso ganha-pão”, acrescentou.
O secretário de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga, apresentou um vídeo sobre que a Prefeitura do Recife pretende fazer nos próximos meses na Avenida Conde da Boa Vista e se colocou à disposição para manter diálogo com os vendedores ambulantes. “O plano de revitalização prevê que os ambulantes serão instalados próximos às paradas de ônibus, como fazemos em toda a cidade, nos locais onde têm fluxo de pessoas”, disse. Ele explicou que a reestruturação do corredor é “uma demanda da sociedade” e que não é possível “conviver com a desorganização da avenida como está atualmente”. O projeto, segundo ele, foi elaborado pensando no pedestre. “O centro tem que mudar. Essa história de que cada um é dono da calçada ou faz dela o que quiser compromete a mobilidade. Isso não pode continuar”. Ele confirmou que a proposta é realmente de disponibilizar espaço para 50 ambulantes em toda a avenida.
Em 17.04.2019, às 12h05.