Ivan Moraes debate situação do ambulante da nova Conde da Boa Vista

Um dos principais corredores viários do Recife, a Avenida Conde da Boa Vista está em obras de requalificação desde a semana passada e o vereador Ivan Moraes (PSOL) realizou audiência pública na manhã desta quarta-feira (17) para debater como ficará “a situação do Comércio Informal na avenida” que hoje conta com cerca de 320 camelôs. “A Prefeitura do Recife afirma que vai alargar calçadas, aumentar acessibilidades, os pontos de travessia, melhorar a iluminação. Mas não se sabe qual será o destino dado aos trabalhadores e trabalhadoras que sobrevivem do comercio e da prestação de serviço informal na avenida. A obra prevê a organização e inclusão de todas essas pessoas? E como será garantido que essas pessoas continuem exercendo suas atividades durante o período de execução do projeto?”, questionou.

Para o vereador, diante da grave crise econômica vivenciada no Brasil e do aumento do desemprego, é fundamental pensar soluções e alternativas para incluir as trabalhadoras e os trabalhadores que recorrem ao comercio e prestação de serviço informal para garantir a sua sobrevivência e de sua família. “Realizamos uma pesquisa que identificou mais de 300 pessoas que vivem do comércio popular, movimentando, juntas, uma economia de mais de R$ 4,5 milhões por ano”, informou Ivan Moraes. O levantamento foi realizado entre os dias 11 e 15 de março, com coordenação técnica das cientistas sociais Cecília Cuentro e Marília Nascimento. As pesquisadoras identificaram, por exemplo, que grande parte da mercadoria revendida é comprada pelos ambulantes originalmente no comércio formal. O levantamento foi realizado numa parceria do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Informal (Sintraci) com o mandato do vereador.

Ivan Moraes entende que a pesquisa dá à sociedade, e principalmente à prefeitura, elementos que poderão nortear decisões importantes para a avenida. “Ao perceber a importância econômica e social do comércio popular, nós esperamos que o Poder Executivo se dê conta que é possível, sim, organizar as áreas em que ambulantes poderão trabalhar, sem interferir de forma negativa na acessibilidade e sem tirar o ganha-pão de ninguém”. A Avenida Conde da Boa Vista tem 1,6 quilômetro de extensão, com forte dinâmica urbana, moradia, comercio e serviços. A obra de requalificação, que vem sendo tocada, prevê o aumento e a mudança das paradas de ônibus, restrições do tráfego de carros particulares, aumento das calçadas e faixas de pedestre, regularização de pontos de comércio, criação de um canteiro central, além de arborização, iluminação de LED e obras de drenagem. A obra deverá ter um custo de R$ 15 milhões com prevista para durar 20 meses.

“Nós somos a favor da obra e não estamos aqui para fazer protestos. Viemos apelar para que a Prefeitura do Recife abra o diálogo uma vez que tem dito que apenas 50 pessoas ficarão em toda a avenida. Esse número é muito pequeno”, afirmou o presidente do Sintraci, Edvaldo Gomes.  Ele lembrou que um workshop foi realizado entre os dias 11 e 13 de abril, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), com professores, arquitetos e representantes dos camelôs, para discutir a situação do comércio informal na Conde da Boa Vista. “O workshop comprovou que há condições de a Prefeitura acolher mais do que somente 50 pessoas que vivem do comércio informal na avenida. Há condições, sim, de conversarmos e de se encontrar soluções e organizar a situação”, afirmou. Edvaldo Gomes reconhece que a situação atual da avenida “está bagunçada”, e que continuar assim não interessa à categoria. “Mas estamos com medo de perder o nosso ganha-pão”, acrescentou.

O secretário de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga, apresentou um vídeo sobre  que a Prefeitura do Recife pretende fazer nos próximos meses na Avenida Conde da Boa Vista e se colocou à disposição para manter diálogo com os vendedores ambulantes. “O plano de revitalização prevê que os ambulantes serão instalados próximos às paradas de ônibus, como fazemos em toda a cidade, nos locais onde têm fluxo de pessoas”, disse. Ele explicou que a reestruturação do corredor é “uma demanda da sociedade” e que não é possível “conviver com a desorganização da avenida como está atualmente”. O projeto, segundo ele, foi elaborado pensando no pedestre. “O centro tem que mudar. Essa história de que cada um é dono da calçada ou faz dela o que quiser compromete a mobilidade. Isso não pode continuar”. Ele confirmou que a proposta é realmente de disponibilizar espaço para 50 ambulantes em toda a avenida.


Em 17.04.2019, às 12h05.