Ivan Moraes homenageia Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais

Com o plenário lotado de representantes da Associação Pernambucana de Surdos, do movimento LGBT Surdos, estudantes de fonoaudiologia e do curso de Letras Libras, o vereador Ivan Moraes Filho (PSOL) realizou reunião solene na manhã desta terça-feira, 24, em homenagem ao Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras).”É com indignação que celebramos um idioma que a maior parte da população brasileira não tem conhecimento, embora seja uma língua oficial. Infelizmente ela é restrita a uma comunidade”, disse o vereador. Segundo dados do censo de 2010 (IBGE), mais de 9,7 milhões de pessoas no País possuem algum grau de deficiência auditiva, desse total cerca de 2,2 milhões a têm em situação severa, e, entre esses, 344,2 mil são surdos.

A solenidade foi presidida pelo vereador Carlos Gueiros (PSB), que também é vice-presidente da Câmara Municipal do Recife. Ele compôs a mesa com o professor de Libras do Departamento de Psicologia do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Antônio Carlos Cardoso; e a professora do Departamento de Fonoaudiologia da UFPE, Adriana de Donato. Na abertura da solenidade é de praxe se cantar o Hino Nacional. Nesta ocasião, o momento poético ficou por conta da interpretação de Alan Godinho, que é surdo, para a letra de Joaquim Osório Duque Estrada. Alan e a professora Jaqueline Martins fizeram a interpretação de toda a solenidade na linguagem de surdos.

O Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi oficializado pela Lei 13.055, de 22 de dezembro de 2014. O projeto de Lei, que originou a legislação, atendeu à reivindicação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), instituição dedicada à causa das pessoas surdas do Brasil, como parte da luta pelo reconhecimento e definitiva implantação da Libras. O vereador Ivan Moraes lembrou que a data comemorativa representa uma conquista histórica para a comunidade surda brasileira, pois é neste dia que várias instituições, associações, escolas, comunidade e lideranças surdas se reúnem para discutir e relembrar suas conquistas e descrever novas metas.

O sistema de Libras, segundo Ivan Moraes, é considerado pelas comunidades surdas como sua língua materna, tendo a Língua Portuguesa como segunda língua. “Ao contrário do que muita gente pensa, não se trata de uma linguagem composta por mímicas: apresenta uma série de palavras, sinais e expressões que formam uma estrutura gramatical e semântica própria, ou seja, ela tem o seu sistema linguístico que a define como língua. É um meio de comunicação e interação social, que abre as portas para oportunidades pessoais e profissionais”, afirmou.

O Dia Nacional da Libras foi instituído principalmente como alerta para as grandes dificuldades em acessibilidade que esses cidadãos enfrentam e da socialização ao mercado de trabalho. Durante a solenidade, o discurso de agradecimento foi feito pelo professor de Libras do Departamento de Psicologia do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Antônio Carlos Cardoso, com interpretação da tradutora Poliana Alves. Antônio Carlos é surdo. “Eu quero agradecer a todos aqui presentes e ao vereador Ivan Moraes, que sempre vem apoiando a comunidade surda. Não quero que este apoio seja apenas de Ivan, mas espero que todos possam nos ajudar”, disse, em Libras.

Ele acrescentou que “hoje é um dia muito especial, o Dia de Libras, que é nossa Lingua. O português é o nosso segundo idioma, mas falta muita informação da sociedade sobre a Libras. Por isso, há muitas barreiras. Nós enfrentamento muitas barreiras todos os dias. Existe uma lei que institui o Dia de Libras, mas a verdade é que as dificuldades para os surdos ainda persistem no nosso dia a dia”, afirmou.

Ao final do discurso de Antônio Carlos, o vereador Carlos Gueiros, que presidiu a reunião, afirmou que pretende apresentar uma proposta à Mesa Diretora da Câmara Municipal do Recife: haver uma tradução de libras durante as reuniões ordinárias da Câmara Municipal do Recife. “A TV Câmara transmite ao vivo as reuniões, mas de que adianta nossos debates, para os surdos, se não há uma tradução? Vou assumir este compromisso. Sei que não é fácil de resolver, mas fiquei com esta preocupação”, disse.

A professora do Departamento de Fonoaudiologia da UFPE, Adriana de Donato, falou em seguida. Parte do discurso foi pronunciado em Português e a outra parte, dita em Libras. No primeiro momento, ela agradeceu aos presentes, inclusive estudantes de jornalismo e enfermagem que estavam nas galerias e no plenário. E disse que Libras é um idioma obrigatório no curso de Fonoaudiologia da UFPE. Adriana explicou que as comunidades surdas é formada pelos surdos, seus familiares, os tradutores, amigos e pessoas com empatia, dentro de uma perspectiva dos direitos Humanos. Em seguida, ela falou em Libras, com tradução para o Português de Debora Pereira. Adriana contou como se tornou educadora de Libras e os preconceitos que as pessoas enfrentam.

A solenidade foi encerrada com o poema “O marco da língua de sinais”,  declamado por Alan Godinho. O vereador Carlos Gueiros se disse sensibilizado com a reunião solene e citou uma frase para falar de sua emoção, ao presidir os trabalhos: “Cada momento se eterniza na beleza do gesto. E este momento foi de muita beleza. Para mim, este momento me sensibilizou bastante”.

 

Em 24.04.2018, às 12h05.