Ivan Moraes presta homenagem a Marielle, “Nosso luto é verbo"

Um minuto de palmas ininterruptas marcou a homenagem prestada pelo vereador Ivan Moraes (PSOL), colega de partido da vereadora carioca assassinada no Rio de Janeiro, semana passada. O minuto de palmas de todos os presentes foi solicitado pelo parlamentar, pois ela não era do silêncio, mas do barulho. Para ele, o luto de todos nós é verbo: Marielle, presente. “Falo de minha companheira de militância, de uma mulher expoente, a quinta mais bem votada no Rio de Janeiro. Atenta, ela tinha 16 projetos de lei em um ano de mandato. Assassinada brutalmente, com características de execução”. Convocou a todos a comparecerem a um ato amanhã, às 16 horas, na Pracinha do Diario, e para uma reunião solene no próximo dia 21, às 9 horas da manhã, na Câmara de Recife contra a discriminação.

Ivan Moraes lembrou a coragem de Marielle que nunca teve medo de denunciar criminosos que matam pessoas, traficantes, policiais, crianças, pais e mães. “A morte dela não pode servir para justificar a intervenção militar. Os covardes que a mataram não podem calar nossas vozes, ela é uma semente que vai florescer. É nossa tarefa fazer florescer as Marielles em todos os espaços públicos, principalmente nas periferias, aonde estão os excluídos. Eles precisam estar aqui, no Congresso, no Parlamento”. O vereador frisou que 500 mil pessoas foram às ruas protestar, cabendo às autoridades identificar e prender os criminosos que praticaram o crime ou quem mandou atirar nela. “Mais de 60 mil pessoas são executadas no Brasil e elas têm cor e endereço. É preciso parar de matar jovens negros, mulheres e LGBT´s. Estamos todos de luto”.

Rinaldo Júnior (PRB) disse que falava como sobrevivente na luta que trava como sindicalista. Para ele os tiros que mataram Marielle saíram pela culatra porque só aumentou a nossa voz. “tenha certeza de que estou do seu lado”. Aline Mariano (MDB) disse que certamente não vão nos calar, enquanto homens e mulheres, sobre os abusos cometidos a tantas mulheres negras, que usavam a voz da vereadora porque não têm voz própria. “Fomos todos assassinados com ela”. Aline convocou a todos para participarem de um ato a ser realizado no seio da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, junto com a Secretaria de Defesa da Mulher.

Hélio Guabiraba (PRTB) ressaltou que a luta de Marielle pelo povo não se cala. Disse que se sentiu particularmente atingido por desenvolver uma luta na comunidade. “Queremos saber até quando crimes bárbaros como este vão continuar acontecendo. Não se pode nem se deve calar esta voz. Precisamos fazer campanhas por mais mulheres nos parlamentos. Está na hora de todo mundo acordar”. Jaime Asfora (MDB) disse que o tiro atinge a todos. Aconteceu lá, mas pode acontecer aqui. “Minha crítica é antiga à falta de condições. Não vamos deixar esfriar porque é isso o que querem os algozes da democracia. Foi um atentado violento como tantos outros que não tiveram respostas como o RioCentro. Não vamos permitir que isso vire mais um caso impune”.

Ana Lúcia (PRB) lamentou o ocorrido e disse que não tinha palavras. “Difícil dizer algo sobre o assassinato de uma mulher, negra, que falava por todos. O que tentaram calar foi um grito que vem de muitos anos, quando se nega o direito de mulheres concorrerem aos parlamentos, ganhar igual aos homens. O crime foi para dizer que as mulheres não têm direito a nada. Precisamos saber quem deu a ordem para matar”. Wanderson Florêncio (PSC) ressaltou que os bárbaros imaginaram que poderiam calar uma voz, mas na verdade eles incendiaram a chama dos brasileiros, mostrando que a política também é um caminho. “Marielle mostrou isso aos que não acreditam mais na política”. Renato Antunes (PSC) disse que lhe faltavam palavras para expressar o que ocorreu. Solidarizou-se com o colega Ivan Moraes, com o PSOL e com todos que acreditam que o Brasil pode ser melhor. “O atentado não foi só contra Marielle, mas contra todos que lutam por uma vida melhor”.

Amaro Cipriano Maguari (PSB) lembrou que esteve no Rio de Janeiro recentemente e ficou estarrecido com cenas que viu, uma fila de traficantes parando o trânsito com fuzis para levar drogas para outra comunidade. “O Código Criminal é de 1940 não tem como combater o crime. O Rio tem mais de cem favelas, com um governador que não tem força. Sabemos que a intervenção não resolve. Devemos perguntar o que governantes fizeram no passado pelos jovens de nosso país”. Jairo Britto (PT) lembrou que o colega Ivan Moraes é defensor de movimentos LGBT, de negros, de mulheres e sabe que não é fácil lutar por essas causas. “Nós vereadores temos a obrigação de lutar por esses espaços públicos”.

 

Em 19.03.2018 às 18h18.