Ivan Moraes sugere que eleitores levem um livro na hora de ir votar

No seu último discurso antes do segundo turno da eleição presidencial, no plenário da Câmara Municipal do Recife, o vereador Ivan Moraes (PSOL) conclamou amigos e eleitores a comparecerem às urnas no próximo domingo portando um livro, em sinal de resistência, e com espírito democrático. “Somos contra a violência. Nossa caminhada rumo à democracia não acabará, seja qual for o resultado do pleito. Ela é uma luta constante e não podemos deixar a esperança enfraquecer”, disse.

A Câmara Municipal do Recife realiza reuniões ordinárias às segundas, terças e quartas-feiras, razão pela qual essa foi a última antes do segundo turno. “Desde o final do primeiro turno, venho subindo a esta tribuna em todas as reuniões, para falar em defesa da democracia e para alertar a população da importância do voto”. Para ele, “o resultado das urnas deve ser respeitado e o presidente eleito terá a obrigação de fazer o Brasil retomar o rumo da democracia”.

O vereador entende que o processo democrático brasileiro, iniciado com o fim da ditadura militar, foi interrompido em 2016. “Não vivemos a democracia desde então, pois a nossa caminhada foi interrompida através de um processo midiático, machista e parlamentar. É um momento de nossa história política que gostaríamos de esquecer”, argumentou. Segundo o vereador, depois do impeachment de Dilma, em 2016, o país mergulhou numa crise “moral, ética, política e econômica”.

A crise econômica, em seu entendimento, tem consequências sérias. “Há pessoas que não tem dinheiro sequer para comprar um botijão de gás. As queimaduras aumentaram, pois a população mais pobre improvisa fogo em casa para cozinhar alimentos”, disse. Para Ivan Moraes, o segundo turno é uma oportunidade de o brasileiro contribuir para sair desta situação. “Hoje são duas candidaturas e a população fará a escolha que achar melhor”.

Ivan acrescentou que o “capitão reformado do Exército, que é candidato do PSL e está na política há mais de 30 anos, com pouca atuação, adotou um discurso de ódio. Ele sequestra a democracia e atinge uma sociedade arrasada diante de uma crise econômica”. Pedindo para registrar nos anais da Câmara, o vereador citou diversos discursos que vem sendo apresentados à população por Jair Bolsonaro.

Entre os discurso, “ele disse que o erro da ditadura foi torturar e não matar; que os corruptos deveriam ser fuzilados, inclusive FHC; fez elogios no plenário da Câmara Federal ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, notório e sádico torturador; disse que fuzilaria a petralhada do estado do Acre; afirmou que o estado laico não existe e que as minorias devem se curvar às maiorias”. Ivan acrescentou que o candidato do PSL ainda fez discursos contras as mulheres, negros e a população LGBT.

“Se vocês concordam com esses discursos e é isso que querem para o País, eu não vou querer mudar os seus votos. Mas, chamo a atenção para Vossas Excelências (vereadores) que vão votar nesse candidato, que pelo menos façam um gesto de resistência contra a violência”, afirmou. Alguns vereadores, segundo Ivan Moraes, o procuraram durante o processo eleitoral, “para me dizer que eu ando preocupado demais com o que vai acontecer”.

Ele disse que não está preocupado com o que vai acontecer, “mas com o que já está acontecendo, pois quando um candidato a presidência da República faz discurso de ódio, faz com que muitas pessoas se utilizem desse mesmo discurso no dia a dia”. E afirmou que já houve registros, inclusive, eleitores do candidato do PSL que queimaram livros dizendo que é isso que vai acontecer no caso de ele ser eleito. “Não podemos referendar esse discurso de ódio. A nossa opção política não vai significar violência. Quando eu for votar, neste domingo, levarei um livro comigo. Já houve quem fosse votar com um revólver. Vamos levar um livro? Sugiro que levemos esta mensagem de paz. Não existe revolução maior do que o voto”, concluiu.


Em 24.10.2018, às 12h10.