Jayme Asfora debate situação econômica e urbanística do centro do Recife

Com cerca de 10 mil moradores distribuídos em três bairros – Santo Antônio, São José e parte da Boa Vista - o centro do Recife recebe todos os dias uma população circulante de, aproximadamente, 1 milhão de pessoas. É a principal área demográfica de confluência da cidade. Exatamente por isso, nessa região é onde se apresentam graves problemas de limpeza e iluminação públicas, de ordenamento urbano, há falta segurança, de incentivos à ocupação comercial e de moradia. Esse conjunto de fatores termina prejudicando o fomento de atividades empresariais e serviu de base para a audiência pública que o vereador Jayme Asfora (PROS) realizou na manhã desta quinta-feira (23) para debater o ordenamento e a situação econômica e urbanística do centro do Recife.

Participaram da mesa, o representante da Associação de Lojistas do Centro do Recife (Alcere), Leonardo Gonçalves; o presidente das Empresas de Tecnologia da Informação de Pernambuco e Paraíba (Assespro PE/PB), Italo Nogueira; a arquiteta Amélia Reynaldo e o secretário de Planejamento Urbano, Antônio Alexandre. O vereador apresentou a justificativa da audiência pública dizendo que, diante desses problemas, faz-se necessário lembrar que se o centro fosse organizado e ordenado haveria ganhos econômicos e sociais para a cidade. A audiência teve início com a arquiteta Amélia Reynaldo, que fez uma apresentação sobre os bairros do centro, a situação em que eles se encontram, e a importância de se ter uma gestão compartilhada que envolva todos os interessados na recuperação da área.

“O centro do Recife é um espaço de oportunidades. Ele tem 1 milhão de metros quadrados de área, mas repleto de construções vazias e muito pobre em infraestrutura urbana. No entanto, é um espaço que dispõe de um comércio vigoroso; é um local por onde passa a metade das linhas de transporte públicos da Região Metropolitana; tem 20% das estações de bicicleta e 23% das agências bancárias da cidade. Diante desses números e dessa realidade, o centro oferece excelentes oportunidades, mas os problemas urbanos são números imensos e precisam ser resolvidos”, alertou a arquiteta.

O representante da Associação de Lojistas do Centro do Recife (Alcere), Leonardo Gonçalves, enumerou os problemas a que Amélia Reynaldo se referiu: a região é carente dos serviços de limpeza urbana, a iluminação das vias é precária, as ruas precisam de mais segurança e de reordenamento do comércio informal. “Quem quer fazer compras precisa de espaço nas calçadas, por onde possa circular. Mas o comércio informal se proliferou de uma forma incontrolável, as calçadas estão ocupadas. Os compradores não têm sequer como circular”, afirmou. Leonardo Gonçalves acrescentou que, além dessas questões, a área ainda enfrenta graves problemas com a falta de segurança e também não dispõe de vagas para os carros dos clientes estacionarem. “No centro do Recife está localizado um grande acervo histórico, cultural e artístico, que interessa ao turismo. Mas os problemas afastam o turista. E sem turista, o comércio enfraquece”, avaliou o lojista.

O vereador Jayme Asfora reforçou que os centros antigos das cidades, em todo o mundo, são os grandes responsáveis por atrair turistas, gerar negócios e garantir um desenvolvimento sustentável. “Em relação ao Recife, o Centro da cidade vem caminhando, cada vez mais, para a degradação. Além do Recife Antigo, bairros como São José e Santo Antônio, a partir das 18h, perdem totalmente sua vida e afastam cidadãos e turistas. As pequenas ruas do Recife Antigo e o entorno do Mercado de São José são provas vivas do que está acontecendo. O comércio tradicional, que trava uma luta diária para o ordenamento da área, e o Porto Digital são os grandes responsáveis pela difícil sobrevivência desses locais”, ressaltou.

Para o vereador, o resgate da importância econômico do centro passa, inclusive, pelo incentivo à função residencial desses bairros. O centro necessita ter moradores, em seu entendimento. Numerosos imóveis estão desocupados na zona central do Recife, segundo ele, por falta de uma política de revitalização e requalificação dos prédios situados naquela localidade. Logo, o debate sobre uma política de incentivos fiscais para ocupação dos edifícios com fins habitacionais, culturais e de lazer é de extrema importância para o uso misto dos imóveis do centro da cidade.

A arquiteta Amélia Reynaldo identifica que há uma falta de planejamento sistemático e coordenado, pela Prefeitura do Recife, para superar os problemas existentes. “O centro necessita de um ordenamento que começa pela estrutura administrativa, que vai pensar e coordenar as questões. Mas essa é uma saída que depende exclusivamente da Prefeitura. Mas esse planejamento não dará resultados se todos os atores envolvidos não estiverem articulados, visando um único propósito, que é um centro urbano de qualidade”, disse. Ela acrescentou que, além do planejamento, a saída para os problemas é identificar o que fazer e como fazer na região do centro, a partir de um entendimento comum com os atores envolvidos.

O secretário de Planejamento Urbano da Prefeitura do Recife, Antônio Alexandre, disse que a Prefeitura do Recife preocupa-se com o centro da cidade, tanto que formou diversas frentes de planejamento. “Nossa preocupação é com a reocupação do centro e a diversidade de uso, para a área continuar ativa e dinâmica”. Os problemas do centro, de acordo com o secretário, também estão na ordem do dia em função do Plano Diretor e as normas urbanísticas que estão sendo discutidos atualmente. “Há um amplo debate sobre os instrumentos para o ordenamento do território e o modelo de desenvolvimento sistemático da área para ativar os interesses dos investidores”, disse.


Em 23.08.2018, às 12h25.