Jayme Asfora debate tolerância homoafetiva

Passeatas contra o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, declarações de uma cantora sobre homossexualidade como doença, ou outra cantora que assumiu um casamento com uma mulher, ou ainda uma TV que mostrou a transsexualidade de uma criança, geraram uma sequência de fatos que trouxeram novamente o debate sobre a diversidade e as escolhas sexuais aos meios de comunicação e às casas legislativas. Pensando nisso, o vereador Jayme Asfora (PMDB) exortou os colegas a discutirem o tema, argumentando que a polêmica criada em torno da homoafetividade e outras questões sexuais refletiam a necessidade de enfrentar os preconceitos.

Para ele, aceitar orientações sexuais diversas, cores partidárias diferentes é praticar o mandamento principal das igrejas “amai-vos uns aos outros”, um legado cristão de tolerância . Lembrou que as decisões judiciais são favoráveis e sem distinção aos casais gays. Argumentou que em 1990 a Organização Mundial da Saúde desclassificou o homossexualismo como doença, clasissificando-o como opção que faz parte do indivíduo. “Uma pesquisa mostrou que 33% dos brasileiros gays não assumem sua condição no trabalho e 31% não assumem dentro de casa. Por isso, sou favorável aos projetos de lei que garantem os direitos dos homossexuais e às entidades que lutam pela liberdade”.

Jayme Asfora relatou que como presidente da OAB-PE criou a primeira Comissão de Combate à Homofobia do país, obrigando os cartórios a registrarem as relações homoafetivas. Henrique Leite (PT) reiterou os argumentos do colega, lembrando que reportagens recentes mostraram que o “que vale é o amor entre as pessoas”.  Segundo ele, aos poucos vai se mostrando que a liberdade e as conquistas estão ligadas ao amor e as crianças criadas nesses ambientes crescem sem prejuízos ou danos.

Michele Collins (PP) disse que não concorda com a homofobia nem com qualquer tipo de violência. No entanto, quando se coloca adoção de crianças por casais iguais, dois homens ou duas mulheres, era contrária porque esbarra na criação de Deus. “Esses casais não podem gerar filhos. Não sou contra homossexuais e acho que devemos acolher nas igrejas e cuidar deles, mas sou a favor da família”.

Gilberto Alves (PTN) alegou que a identidade sexual e a religião não dizem respeito ao Estado, cabendo ao Estado cuidar do cidadão e este é o olhar da Constituição, que respeita a todos. Luiz Eustáquio (PT) frisou que todo cidadão tem que ser contra a homofobia e todos devem ser respeitados, mas disse ser contrário à adoção de crianças por casais iguais, por entender a família como instituição de Deus.

Raul Jungmann (PPS) elogiou a coragem cidadã do colega ao abordar o tema em discussão na sociedade. Mas preferiu falar da ousadia do legado cristão que foi o ato de amor de Deus ao entregar seu próprio filho ao sacríficio por todos. Para ele, este gesto de amor profundo fundamenta os direitos humanos sintetizados no “ama ao próximo como a ti mesmo”. Disse ainda que "Deus não pode ser discriminatório, pois todos são iguais perante ELE, e esta é a base da Constituição, caucada no gesto transcendente e amoroso de Deus”.

Aline Marianbo (PSDB) disse que não cabe aos cristãos julgar ninguém e que a discussão não passa pela religiosidade de cada um. “A religião deve ser separada da discussão política. Se dois homens ou duas mulheres não podem adotar filhos, lembro que estes filhos adotados por casais iguais foram abandonados por casais heterossexuais”.

 

Em 09.04.13, às 20h.