Jayme Asfora homenageia organizadores de paradas gays

Com uma bandeira de seis metros de largura, nas cores do arco-íris, estendida abaixo da tribuna do plenário, a Câmara Municipal do Recife realizou sessão solene, na manhã desta sexta-feira, 16, para homenagear os organizadores das Paradas da Diversidade de Boa Viagem e de Dois Unidos, por iniciativa do vereador Jayme Asfora (PMDB). A de Boa Viagem será neste domingo, 18; a do bairro de Dois Unidos, dia 25. “As paradas não são apenas festas. São também uma atitude política importante que deve ser realizada como forma de dar visibilidade à causa LGBT. É um momento para se comemorar conquistas, mas também de confraternização e de reflexão”, afirmou o vereador.

Iniciada com o Hino Nacional, a solenidade foi presidida pelo vereador Henrique Leite (PSB). “Essa é uma sessão simbólica, pois dá visibilidade ao movimento LGBT”, considerou. Ele compôs a mesa com a presidente da Associação de Transexuais (Amortrans), Chopelly Gladstone; a secretária municipal de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Ana Rita Suassuna; a secretária municipal da Mulher, Elizabete Godinho; a presidente da Comissão de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção de Pernambuco, advogada Maria Gorete Mendes; o dirigente do Grupo de Cidadania Homossexual de Pernambuco, que organiza a Parada do Recife (de Dois Unidos), Ricardo Santos; e o gerente de Livre Orientação Sexual da Prefeitura do Recife, Wellington Pastor.

Jayme Asfora disse que seu mandato está à disposição da luta em defesa dos Direitos Humanos, entre os quais está a causa LGBT. “Sempre atuei, como vereador, ou como conselheiro da OAB, em favor da população LGBT”, lembrou. Ressaltou que em 2011, foi ao Corregedor Geral de Justiça de Pernambuco para pedir que ele autorizasse os cartórios de Pernambuco a celebrarem a união civil estável entre pessoas do mesmo sexo e o casamento homoafetivo. “Somente cinco anos depois, o Supremo decidiu em favor desse mesmo assunto em nível nacional”, disse. Quando presidente da OAB criou, naquela instituição a Comissão de Apoio à Diversidade Sexual e Combate à Homofobia. “Eu sempre defendi essa causa e quero continuar com essa bandeira”, observou.

O vereador se comprometeu a defender duas questões que, em seu entendimento, são essenciais: acelerar a criação do decreto municipal obrigando as secretarias da Prefeitura do Recife a aceitarem o nome social das pessoas; e manter o constante debate sobre o Dia da Visibilidade Lésbica, especialmente no âmbito da saúde municipal. As paradas do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) iniciaram-se em junho de 1970, em Nova Iorque. No Brasil, começaram a surgir nas principais capitais a partir dos anos 1990. Em Pernambuco, a primeira edição da Parada da Diversidade foi em 2002, e foram mobilizadas cerca de 4 mil pessoas. Em 2011, atingiu 500 mil.

De acordo com o vereador Jayme Asfora, dentro dos avanços dos Direitos Humanos, é fundamental propor ações que contribuam para o fortalecimento político da comunidade LGBT, através de ações de conscientização para garantia dos direitos sexuais, e de promoção à livre expressão da sexualidade. A secretária municipal de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Ana Rita Suassuna, alertou que todos os cidadãos merecem respeito. “A orientação sexual é pessoal, é a forma de viver da pessoa”, disse. Ela lembrou que a atual gestão, para ampliar as conquistas, criou o Centro de Referência Municipal em Cidadania LGBT, e que desde 2013 vem acompanhando mais de 3 mil pessoas e que a Prefeitura do Recife desenvolve uma campanha continuada contra o preconceito nas escolas municipais. Ela também lembrou que há um projeto de lei, de iniciativa do Poder Executivo, em tramitação visando criar o Conselho Municipal da População LGBT.

Chopelly Gladstone disse que as paradas LGBT são “uma festa porque nelas se pode afirmar o orgulho de ser LGBT”. Ela acrescentou que é um momento de se comemorar, inclusive com a população heterossexual, as conquistas; mas também “é um momento de dizer que não queremos privilégios, apenas queremos a cidadania plena e afirmar que neste estado não há mais espaço para a violência por causa da condição sexual”. A advogada Maria Gorete Mendes também tocou na questão da violência. “A sociedade é plural, mas é preciso lutar permanentemente pela diversidade. A violência permanece e é preciso combatê-la, ela está ligada ao machismo. É uma luta de todos nós”, afirmou.

O Brasil apresenta índices preocupantes de violência contra suas minorias sexuais e os números infelizmente, nos colocam entre os países com maiores taxas de homicídio de natureza homofóbica. Estima-se que, em 20 anos, mais de 2.500 gays, lésbicas e travestis foram assassinados no país. Estudos feitos a partir desses dados apontam a homofobia (medo, aversão e ódio ao homossexuais) como a principal causa desses e outros atos de violência, que acabam não computados nas estatísticas oficiais. Pernambuco, segundo pesquisa do Grupo Gay da Bahia, é o estado mais violento em relação a atitudes homofóbicas.

A secretária Elizabete Godinho fez um elogio à Câmara Municipal. “Esta casa sempre esteve aberta ao debate dos direitos da população LGBT. Há diversos vereadores que estão verdadeiramente comprometidos com a causa”. Ela lembrou que as duas paradas da diversidade são uma iniciativa da sociedade civil com participação do poder público. O organizador da Parada do Recife (de Dois Unidos), Ricardo Santos, também parabenizou o vereador Jayme Asfora pela solenidade e disse que sente sua luta reconhecida porque a parada que ajudou a criar faz parte, hoje, do Calendário de Eventos Oficiais do Recife. O gerente de Livre Orientação Sexual da Prefeitura do Recife, Wellington Pastor, falou das paradas, das conquistas do movimento, das leis municipais que foram empoderando a causa LGBT. “As paradas hoje são um reflexo do diálogo do movimento com o estado”. Ele, no entanto, acha que é preciso “refletir como o Estado enxerga o movimento”.

 

Em 16.09.2016, às 12h50.