Jayme Asfora promove audiência sobre Conselho da Cidade do Recife

A proposta de criação do Conselho da Cidade do Recife, um órgão que funcionará como ferramenta de mudança no processo de planejamento do desenvolvimento urbano da cidade, foi debatida em audiência pública realizada na manhã desta quinta-feira, 6, na Câmara Municipal do Recife. O vereador Jayme Asfora (PMDB) reuniu representantes do poder público e da sociedade civil para discutir o projeto de lei do Executivo número 66/2013, que institui o Conselho, e colher contribuições para o aprimoramento deste futuro órgão. “Foi uma discussão plural, de legitimação do futuro conselho, ao qual caberá promover a participação popular na definição e execução das políticas urbanas”, disse o parlamentar.

Para os debates, o vereador convidou representantes de entidades importantes, que pensam os rumos da cidade. “Desejamos que a cidade do Recife conte com uma estrutura planejada e que a população tenha uma melhor qualidade de vida nos seus futuros empreendimentos”, justificou.  Como expositores da audiência, participaram o secretário de Planejamento e Gestão do Recife, Antônio Alexandre da Silva Júnior; o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco, Roberto Montezuma; a presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil em Pernambuco, Vitória Régia de Lima Andrade; o representante da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Pernambuco, Aquiles Viana; o representante do Grupo Direitos Urbanos, Leonardo Cisneiros; e do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec), Rudrigo Rafael Souza. Estiveram presentes ainda os veradores Raul Jungmann (PPS) e Almir Fernando (PCdoB).

De acordo com o projeto de lei, o Conselho da Cidade do Recife será um órgão de natureza colegiada, deliberativa, consultiva e propositiva. Ele irá focar questões como habitação, saneamento ambiental, transporte, mobilidade e acessibilidade, planejamento e gestão territorial. “É fundamental ressaltar que o projeto de lei foi resultado de um amplo debate através de uma comissão formada com 45 membros oriundos do Poder Público, de movimentos populares e sociais; de entidades e instituições profissionais; dos sindicatos e de organizações não governamentais. Isso mostra do grau de importância da sua criação. Agora, com o envio do Projeto de Lei para a Câmara, é momento também de debatermos a sua instituição no âmbito do Legislativo Municipal”, observou o vereador.

 

Roberto Montezuma lembrou que a criação do Conselho da Cidade do Recife está alinhado a um pensamento nacional e que órgãos como esse já funcionam em capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. “O conselho é um centro do debate democrático, pois as decisões não ficam mais centralizadas numa única pessoa. Ele é fundamental para representar os diversos segmentos. Mas, para o conselho funcionar é preciso que a vontade dos participantes seja transformada em projetos”, disse. Leonardo Cisneiros entende que é preciso que o conselho exista para garantir o planejamento participativo da cidade, que reflete na melhoria da qualidade de vida da população. “De cara é preciso que o conselho revise as legislações urbanísticas, prevendo limites de construções dos grandes empreendimentos e regulamentando as áreas de proteção. Mais importante ainda é que as decisões desse conselho venham a ser respeitadas”, disse.

A criação do conselho foi proposta pela primeira vez na 4ª Confereência Municipal, realizada no Recife em 2010, segundo Rudrigo Rafael Souza. Ele defende que, antes da implantação  desse conselho, é necessário debater o futuro do atual Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU), cujas atribuições são semelhantes. “A implantação do Conselho da Cidade do Recife é um debate que surgiu desde que entendemos que o CDU é insuficiente. Ele não dá conta de pensar o planejamento da cidade, pois fica atuando apenas na análise dos projetos dos grandes empreendimentos. É preciso que exista outro órgão, com atribuições mais amplas, e que o CDU venha a ser incorporado por esse novo conselho, funcionando apenas uma câmara técnica”, ponderou.

O secretário de Planejamento e Gestão do Recife, Antônio Alexandre da Silva Júnior, disse que a criação do conselho é uma oportunidade para os representantes dos diversos segmentos discutir os grande temas da Cidade do Recife. “Através dele vamos discutir a regulamentação do Plano Diretor, a ocupação do espaço urbano, a atualização da legislação urbanística, a formulação de planos urbanísticos, visando a melhoria da qualidade de vida de toda a população”. Ele no entanto acha que o desafio é fazer com que o conselho possa aplicar suas resoluções. “Estamos diante de um desafio, que é tornar prático um instrumento previsto em lei”. Ele cita como exemplo a questão do Plano Diretor, criado em 2008. “Ele prevê muitos processos, muitas regras, muitas orientações que estão sendo exigidas agora. Mas como não foram regulamentadas, somos obrigados a seguir as regras anteriores, de uma lei de 1996. Ou seja, vivemos uma lacuna após o plano diretor”, disse.

 

Antônio Alexandre lembrou que o novo conselho é uma proposta da atual gestão. “Estamos fazendo diferente na área de planejamento urbano. Desde a 4ª Conferência Municipal esse conselho foi aprovado, mas só nesta gestão é que ele está sendo conduzido”.  O secretário disse que é preciso definir o caráter do conselho. “Queremos estimular a prersença de setores empresariais no debate? Além disso, os membros do conselho devem se preocupar com apreciações de projetos ou ficar nas discussões de novas regras e normas? É preciso lembrar que quando o CDU foi criado tinha amplas atribuições. Mas, ficou só na apreciação de projetos. Por isso, defendo que o novo conselho venha a focar energia para discutir e propor normas urbanísticas e fiscalizar a atuação do Executivo na aplicação dessas normas”, disse.

Em seguida, o vereador Raul Jungmann questionou o secretário sobre a mudança de gestão do CDU, que no ano passado, através de projeto de lei 25/2013, do Executivo,  deixou de pertencer à Secretaria de Planejamento e Gestão do Recife para a Secertaria de Mobilidade Urbana. “Qual o motivo dessa mudança?”, quis saber. O secretário respondeu que a alteração se deveu a uma organizaçotimização de recursos.

 

 

Em 05.02.2014, às 13h15.