Jayme Asfora repudia decisão de Bolsonaro de comemorar golpe de 1964

O golpe que deu início à Ditadura Militar de 1964-1985 completa 55 anos no próximo domingo (31). No início desta semana, a Presidência da República comunicou uma determinação dada ao Ministério da Defesa para que fossem realizadas as “comemorações devidas.” Na Câmara do Recife, o assunto foi repercutido nesta quarta-feira (27) pelo vereador Jayme Asfora (sem partido). Na tribuna da Casa, ele repudiou a decisão do presidente Jair Bolsonaro.

O parlamentar repercutiu afirmações que o presidente do Chile, Sebastián Piñera, fez após a visita recente do presidente brasileiro ao país. Segundo o chefe de Estado chileno, seriam “infelizes” algumas das frases de defesa da ditadura associadas a Bolsonaro, como “Quem procura osso é cachorro.”

“Bolsonaro rasga a história. A ditadura foi bem resolvida em países como o Chile. Ele envergonha ao defender a ditadura. O debate é sobre memória, verdade, direitos de mães enterrarem seus filhos. Bolsonaro não é conservador. É atrasado”, disse Jayme Asfora.

Para o vereador, o tema interessa aos cidadãos do Recife. “Na ditadura, houve supressão de habeas corpus, da liberdade de expressão e pensamento. Aqui morreu muita gente. Várias pessoas foram torturadas, até quem passou por esta Casa. Nosso vice-prefeito, Luciano Siqueira, foi uma grande vítima da ditadura. Temos que rechaçar isso em todos os parlamentos.”

Em um aparte, o vereador Ivan Moraes (PSOL) ressaltou que a ditadura é um período que deve ser lembrado por motivos educativos, mas nunca celebrado. “O presidente introduziu o jargão de que estamos entrando em uma nova era. Mas é um túnel do tempo em que só voltamos para trás. Não podemos jamais comemorar o golpe de 1964, mas também não podemos esquecê-lo. Que a gente sempre se lembre para que esse tempo não volte.”

O vereador João da Costa (PT) também se posicionou sobre o assunto. “É preciso que as casas legislativas se posicionem contrariamente, mas estender isso para um alerta do debate que precisa ser feito. O presidente Bolsonaro não chegou a essa decisão por conta própria. Há um ambiente que permite que ele expresse essa decisão e esse ambiente é preocupante. É preciso refletir sobre ele.”

Em 27.03.2019, às 17h32