João da Costa critica movimentos que “buscam violência como método para resolver divergências”
Em seu discurso, João da Costa lembrou a recorrência dos golpes de Estado na Bolívia e criticou aqueles que teriam relativizado a gravidade da saída de Morales do poder por conta de sua longevidade no cargo e das suspeitas de fraude eleitoral. O parlamentar disse ainda que, diferentemente de Evo Morales, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, se recusou a tentar mudar regras constitucionais para buscar um terceiro mandato em um momento de alta popularidade.
Segundo o parlamentar, não procedem as sugestões de que haveria conduta antidemocrática por parte do PT. Já o atual presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, “exerce um governo autocrático, mesmo tendo sido eleito.”
“O PT não tem nenhuma pecha para ficar preocupado com isso, até porque quando poderíamos ficar mais tempo nos submetemos ao debate político. Mesmo quando a presidenta Dilma sofreu um impeachment sem cometer crime algum, o PT seguiu as regras constitucionais e veio para a oposição. Disputamos as eleições”, analisou. “No caso do presidente Lula [solto pela Justiça na semana passada], está muito claro que houve uma violência, a forma como o processo foi conduzido pelo juiz Moro violou as regras do processo penal.”
Em um aparte, o vereador André Régis (PSDB) disse que a tentativa de viabilizar um terceiro mandato para Lula chegou a ser tentada por um dos representantes do PT. “Um deputado do PT de São Paulo, Devanir Ribeiro, foi autor de uma PEC para o terceiro mandato em 2009. Essa PEC tramitou, mas não teve sucesso. Ou seja, houve tentativa de alterar o jogo. Não conseguiram porque mesmo nas pessoas que votavam no PT houve bom senso. O presidente Lula não disputaria a eleição de 2018 mesmo com a mudança da regra da [prisão em] segunda instância. Ele está solto, mas é inelegível. Lula continua condenado em primeira, segunda e terceira instância.”
Já o vereador Jayme Asfora (sem partido) concordou com João da Costa no sentido de que há ameaça à democracia no continente. “É importante que a gente reafirme nossa luta pela democracia. Nossa democracia é forte, mas daí ser importante renovarmos esse pacto. Há um pendor autocrático no presidente da República [do Brasil] e seu grupo político. Nenhum país avança em um regime ditatorial.”
Em 11.112019, às 19h18