João da Costa fala sobre carta do Ministério da Educação às escolas do país

Foi com sentimento de indignação que o vereador João da Costa (PT) subiu à tribuna da Casa de José Mariano na tarde desta terça-feira (26). O parlamentar abordou a iniciativa do ministro da Educação, Ricardo Veléz, de enviar uma carta para as escolas do Brasil, pedindo que fosse cantado o Hino Nacional todos os dias.

Segundo relatou o vereador, foi enviado um e-mail do Ministério da Educação do Governo Federal (MEC) para todas as escolas do país, solicitando que professores, alunos e funcionários fossem perfilados para cantar o Hino Nacional diante da bandeira do Brasil. Além disso, a mensagem pedia que fosse lida aos alunos uma carta que finaliza com o slogan do governo, “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos.” Nela, também era solicitado a filmagem de trechos curtos da leitura da carta e da execução do Hino.

“É estranho. Quem passou a campanha dizendo e defendendo uma escola sem partido e que na educação brasileira se praticava o marxismo cultural, tem como uma das suas primeiras atitudes propor uma verdadeira doutrinação nas escolas brasileiras. Antes do Ministério da Educação propor uma educação de qualidade para a sociedade, para melhorar a qualidade das escolas, ele propõe uma vigilância através da filmagem das crianças, para saber se elas estão obedecendo às diretrizes", disse João da Costa.

De acordo com o parlamentar, a atitude foi repudiada por vários setores e diversos governos estaduais emitiram notas afirmando que, sem ser discutida, essa iniciativa fere a autonomia da gestão escolar. "Pelo menos foi assim nas escolas de Pernambuco. Gostaria de saudar o secretário da Educação, Frederico da Costa Amancio, e o governador Paulo Câmara pela atitude."

João da Costa afirmou também que as crianças não podem ser gravadas sem a autorização dos pais ou responsáveis. “Esse verdadeiro absurdo só mostra que o governo desconhece a legislação, ou finge desconhecer, o que é mais grave. Não estão atentos às leis de diretrizes da educação, não respeitam os preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente."

Ao final do discurso, João da Costa falou que a sociedade tem que se manter atenta. “Temos que nos mostrar vigilantes para que outros erros como esses não voltem a acontecer.” E também comentou sobre o recuo do ministro referente à filmagem. “Ainda bem que, durante o dia, o Ministério reconheceu o erro, que se trata de um crime de improbidade administrativa.”

 

Em 26.02.2019, às 17h19.

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