Jurandir propõe antecipar homenagens a José Mariano

O presidente da Câmara Municipal do Recife, Jurandir Liberal (PT), propôs aos vereadores que sejam antecipadas as homenagens aos 100 anos da morte de José Mariano, que é patrono da casa legislativa. O combativo político, que foi eleito primeiro prefeito do Recife, embora não tenha tomado posse, morreu no Rio de Janeiro em 8 junho de 1912. Na reunião ordinária desta segunda-feira, 26, Jurandir solicitou que cada vereador apresente sugestões de programação para divulgar o nome de Mariano em escolas e espaços públicos. “Proponho que programemos ações para incentivar a sua memória como seus contemporâneos gostariam que ele fosse lembrado: um excelente orador popular, um grande abolicionista e republicano”, disse.

Os vereadores do Recife, na década de 40, elegeram José Mariano como patrono da  Câmara Municipal. No “halll” de  entrada da casa legislativa há um painel, pintado em 1965, que mostra o abolicionista, amigo e parceiro de Joaquim Nabuco, ao lado da esposa dona Olegarinha, segurando simbolicamente a carta de alforria dos escravos. Acima do painel está escrita a palavra liberdade.  “Quero chamar  a atenção de todos e todas para o fato de que o homem que dá nome a Câmara Municipal do Recife, a um importante cais na cidade e a uma escola estadual, ainda  é pouco conhecido pelos recifenses”, ressaltou. Entre as homenagens a Mariano será apresentada uma série de reportagens no programa TV Câmara do Recife.

Em aparte ao discurso de Liberal, o vereador Liberato Costa Júnior (PMDB) parabenizou-o pela iniciativa e disse que se associava a ele na homenagem. “Também acho importante falar sobre este político que foi o maior orador do seu tempo”, disse.  Jurandir Liberal citou dados históricos da vida pessoal e política de José Mariano. “São alguns pontos da biografia deste grande homem, de ideias à frente de seu tempo. José Mariano Carneiro da Cunha nasceu no dia oito de agosto de 1850, na casa-grande do Engenho Caxangá, no distrito de Ribeirão, na época pertencente ao município de Gameleira, na zona da Mata. Ele veio morar no Recife, e ingressou na Faculdade de Direito, onde se formou em 1870, na mesma turma de Joaquim Nabuco. Aliás, Joaquim Nabuco foi um de seus melhores amigos e, juntos, tomaram a frente  do movimento abolicionista em Pernambuco”, disse o presidente da Câmara

José Mariano foi eleito deputado geral em 1878 pelo Partido Liberal,  recebendo apoio  do povo por seus dotes  oratórios e ideais emancipadores. Em 1884  ele  e Joaquim Nabuco participaram  da Associação Emancipatória  Clube do Cupim – que alforriava, defendia e protegia  os escravos. Mariano  colaborou  intensamente com a causa da abolição  em revistas, jornais e agremiações. Fundou o jornal A Provincía, por ele dirigido e sustentado  durante 15 anos. “O casamento com dona Olegária Duarte da Costa Gama, carinhosamente conhecida como dona Olegarinha, marcou profundamente a vida  de  José Mariano. Ela  era chamada de ‘Mãe dos Pobres’ e ‘Mãe do Povo’. Foi  grande  incentivadora e   lhe deu  apoio constante e precioso. Eles se casaram em 1875”, ressaltou Liberal.

Em 13 de maio de 1888  a princesa Isabel assinou a Lei Áurea,  extiguindo a escravidão no  Brasil.  Junto à opinião pública nacional, consagram-se como líderes da campanha: Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças e José Mariano. Pouco mais de um ano depois, a República foi  proclamada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Mais numa vez, José Mariano volta a atuar como protagonista do momento político, ao lado de nomes como Martins Júnior e outros grandes pernambucanos. “Por isso, Mariano está entre os deputados constituintes, em 1890. Em 1891 o poder legislativo no Recife, foi transformado em Conselho de Intendência Municipal e Mariano  foi eleito presidente do Conselho. Em seguida, foi eleito primeiro  prefeito eleito  do Recife . Coincidiu com a ascensão ao poder estadual de  Alexandre José  Barbosa Lima,  considerado autoritário e florianista. Mariano, que fazia oposição a Floriano Peixoto, foi preso em sua casa no Poço da Panela e trancafiado na Fortaleza do Brum, sob acusação de pactuar com a revolta armada.

Apesar de preso, ele foi eleito deputado e teve de ser solto para assumir a sua cadeira. Em 24 de abril de  1898 morreu Dona Olegarinha, em decorrência de complicações de uma gripe. José Mariano estava no Rio de Janeiro e não pode assistir aos funerais. Com  a morte da esposa, ele se retirou das lutas políticas. Foi então nomeado  oficial do Registro  e recebeu do presidente,  Rodrigues Alves,  um cartório de Títulos e Documentos, na Rua do Rosário, no Rio de Janeiro. Ao morrer quatro anos depois, o corpo de Mariano foi embalsamado e trazido para o Recife, de navio. Três dias de luto se seguiram na cidade. Ele foi sepultado no cemitério de Santo Amaro, em frente ao túmulo de Joaquim Nabuco.

 

Em 26.09.2011, às 17h13