Jurandir propõe antecipar homenagens a José Mariano
Os vereadores do Recife, na década de 40, elegeram José Mariano como patrono da Câmara Municipal. No “halll” de entrada da casa legislativa há um painel, pintado em 1965, que mostra o abolicionista, amigo e parceiro de Joaquim Nabuco, ao lado da esposa dona Olegarinha, segurando simbolicamente a carta de alforria dos escravos. Acima do painel está escrita a palavra liberdade. “Quero chamar a atenção de todos e todas para o fato de que o homem que dá nome a Câmara Municipal do Recife, a um importante cais na cidade e a uma escola estadual, ainda é pouco conhecido pelos recifenses”, ressaltou. Entre as homenagens a Mariano será apresentada uma série de reportagens no programa TV Câmara do Recife.
Em aparte ao discurso de Liberal, o vereador Liberato Costa Júnior (PMDB) parabenizou-o pela iniciativa e disse que se associava a ele na homenagem. “Também acho importante falar sobre este político que foi o maior orador do seu tempo”, disse. Jurandir Liberal citou dados históricos da vida pessoal e política de José Mariano. “São alguns pontos da biografia deste grande homem, de ideias à frente de seu tempo. José Mariano Carneiro da Cunha nasceu no dia oito de agosto de 1850, na casa-grande do Engenho Caxangá, no distrito de Ribeirão, na época pertencente ao município de Gameleira, na zona da Mata. Ele veio morar no Recife, e ingressou na Faculdade de Direito, onde se formou em 1870, na mesma turma de Joaquim Nabuco. Aliás, Joaquim Nabuco foi um de seus melhores amigos e, juntos, tomaram a frente do movimento abolicionista em Pernambuco”, disse o presidente da Câmara
José Mariano foi eleito deputado geral em 1878 pelo Partido Liberal, recebendo apoio do povo por seus dotes oratórios e ideais emancipadores. Em 1884 ele e Joaquim Nabuco participaram da Associação Emancipatória Clube do Cupim – que alforriava, defendia e protegia os escravos. Mariano colaborou intensamente com a causa da abolição em revistas, jornais e agremiações. Fundou o jornal A Provincía, por ele dirigido e sustentado durante 15 anos. “O casamento com dona Olegária Duarte da Costa Gama, carinhosamente conhecida como dona Olegarinha, marcou profundamente a vida de José Mariano. Ela era chamada de ‘Mãe dos Pobres’ e ‘Mãe do Povo’. Foi grande incentivadora e lhe deu apoio constante e precioso. Eles se casaram em 1875”, ressaltou Liberal.
Em 13 de maio de 1888 a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, extiguindo a escravidão no Brasil. Junto à opinião pública nacional, consagram-se como líderes da campanha: Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças e José Mariano. Pouco mais de um ano depois, a República foi proclamada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Mais numa vez, José Mariano volta a atuar como protagonista do momento político, ao lado de nomes como Martins Júnior e outros grandes pernambucanos. “Por isso, Mariano está entre os deputados constituintes, em 1890. Em 1891 o poder legislativo no Recife, foi transformado em Conselho de Intendência Municipal e Mariano foi eleito presidente do Conselho. Em seguida, foi eleito primeiro prefeito eleito do Recife . Coincidiu com a ascensão ao poder estadual de Alexandre José Barbosa Lima, considerado autoritário e florianista. Mariano, que fazia oposição a Floriano Peixoto, foi preso em sua casa no Poço da Panela e trancafiado na Fortaleza do Brum, sob acusação de pactuar com a revolta armada.
Apesar de preso, ele foi eleito deputado e teve de ser solto para assumir a sua cadeira. Em 24 de abril de 1898 morreu Dona Olegarinha, em decorrência de complicações de uma gripe. José Mariano estava no Rio de Janeiro e não pode assistir aos funerais. Com a morte da esposa, ele se retirou das lutas políticas. Foi então nomeado oficial do Registro e recebeu do presidente, Rodrigues Alves, um cartório de Títulos e Documentos, na Rua do Rosário, no Rio de Janeiro. Ao morrer quatro anos depois, o corpo de Mariano foi embalsamado e trazido para o Recife, de navio. Três dias de luto se seguiram na cidade. Ele foi sepultado no cemitério de Santo Amaro, em frente ao túmulo de Joaquim Nabuco.
Em 26.09.2011, às 17h13