Locação de cães de aluguel é tema de audiência pública

Após apresentar o projeto de lei 77/2015, que proíbe a locação, prestação de serviços, contratos de mútuo e comodato e cessão de cães para fins de guarda no Município do Recife, o vereador Wanderson Florêncio (PSDB) realizou audiência pública, na manhã desta quinta-feira, 11, para aperfeiçoar a proposta. O projeto de lei considera que comete crime o proprietário dos cães ou o do imóvel em que os animais estejam guardando ou vigiando, bem como todo aquele que contrate por escrito ou verbalmente, para se utilizar dos trabalhos de cães para fins de guarda. “Essa não é uma proposta acabada. Por isso, estamos realizando esta audiência pública, com os diversos segmentos, para colher ideias e sugestões”, disse o vereador.

Wanderson Florêncio apresentou à Câmara do Recife o projeto de lei que é semelhante a outro, também de sua autoria, de 2013. Na época, a proposta foi rejeitada pela Comissão de Legislação e Justiça. “Reapresentamos o mesmo texto, mas o readequamos à realidade do Recife. Por isso, estamos reabrindo a discussão”, disse. Foram convidados para os debates representantes de canis, autoridades ligadas à temática e coordenadores de entidades que militam na causa animal. Fizeram parte da mesa da audiência pública a gerente de Planejamento e Relações Institucionais da Prefeitura do Recife, Simone Sales; o comandante da Companhia Independente de Polícia com Cães da PM, major Cleto Ribeiro; o veterinário Alberto Neves Costa e a militante Goretti Queiroz.

O vereador lembrou aos participantes que a audiência pública é um instrumento oficial da Câmara Municipal do Recife e que ela fica registrada em ata. Simone Sales disse que a Secretaria de Defesa Animal da Prefeitura do Recife é contrária á locação de cães pelas empresas de segurança privada. “Manter cães de aluguel é uma atividade econômica abusiva e cruel, que pode ser enquadrada como crime ambiental”, disse. Ela acrescentou que o projeto de lei precisa abordar a proteção ao animal e não deve se limitar à punição das pessoas que fazem locação dos cães. Simone ressaltou ainda que é importante prever o destino de cães que envelhecem nos canis e, já que a existência das empresas que fazem a locação é prevista em lei, faz-se necessário combater as clandestinas.

O comandante da Companhia Independente de Polícia com Cães da PM, major Cleto Ribeiro, fez um histórico sobre o uso de cães em atividades humanas, que remonta à Antiguidade. Em seu resumo, ele chegou aos dias atuais, passsando pelo trabalho da Polícia Militar, que utiliza os animais em suas companhias desde a década de 1960. Sobre a questão do uso de animais para locação, ele disse que sua opinião se limita ao que a lei prevê. E citou várias delas. “Quanto ao uso na segurança privada, eu me guio pelo que está previsto na Portaria 3.233/2012, do diretor geral da Polícia Federal. É essa polícia quem pode legislar sobre a segurança privada”, disse. A portaria faz a regulamentação e prevê o uso desses animais, desde que siga uma série de exigências legais e éticas. “Ou cumprimos essa lei ou fazemos uma regulamentação federal”, afirmou.

Ele condenou as atividades que submetem nos cães aos maus tratos e disse que levar o sofrimentos aos animais está previsto na lei de crimes ambientais. Também lembrou que o Código de Proteção aos Animais, uma lei estadual de 07.01.2014, prevê a criação de um órgão executivo que fará a fiscalização de pessoas ou entidades que praticam maus tratos. “Só que esse órgão ainda não existe”, afirmou.

O veterinário Alberto Neves, por sua vez, disse que a discussão sobre o projeto de lei do vereador Wanderson Florêncio não é simples. “Nós precisamos saber que a atividade não é ilegal, mas precisamos pensar num marco regulatório nacional, para albergar as propostas de proteção e defesa dos animais que tramitam nas assembleias legislativas e câmaras municipais de todo o País”. Ele lembrou que projetos de lei com o mesmo teor estão tramitando em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. No Rio Grande do Sul, disse, já é lei.

Clique abaixo e veja o vídeo da audiência pública:

Em 11.06.2015, às 13h30.