Luiz Eustáquio promove reunião sobre combate às drogas

O plenarinho da Câmara Municipal do Recife ficou lotado, na manhã desta quinta-feira, 21, com coordenadores de comunidades terapêuticas, organizações não-governamentais (ONG) e de assessorias de assistência em saúde que participaram de reunião pública promovida pelo vereador Luiz Eustáquio (PT) para debater o tema “Combate às drogas”. O encontro foi preparatório para a audiência pública que ocorrerá no dia 19 de abril, dessa vez com representantes da Prefeitura do Recife, com o objetivo de elaborar políticas públicas de enfrentamento ao combate ao uso de drogas no município.

A reunião desta quinta-feira teve o propósito de colher sugestões dos coordenadores das entidades. Iniciou com o vereador lamentando que a rede municipal para o combate ao uso de drogas é deficiente. “No Recife existem seis centros de atendimento, seis equipes de consultórios de rua, quatro albergues, além de atendimento aos dependentes de álcool nos hospitais Oscar Coutinho e no da Muribeca. Mesmo assim faltam profissionais de serviço social, psicólogos e terapêutas ocupacionais. Os profisionais aprovados em concurso em 2012, homologados em 6 de julho, ainda não foram chamados. A estrutura da rede é precária e faltam medicamentos”, denunciou.

O vereador também apresentou as propostas que serão entregues aos representantes da Prefeitura do Recife, na audiência pública do dia 19. Ele propõe a realização de uma pesquisa de mapeamento de uso de drogas no Recife; destinação de 1% do orçamento de todas as secretarias relacionadas às políticas sociais para ações de combate às drogas; realização de seminário municipal de aprofundamento do tema; criação de atendimento telefônico SOS Drogas; criação de um centro de referências; assinatura de convênios com clínicas e comunidades terapêuticas especializadas e a criação de uma secretaria municipal relacionada ao combate ao uso das drogas.

A mesa da reunião foi formada pelos vereadores Eurico Freire (PV), Aderaldo Pinto (PRTB), Michele Collins (PP), Irmã Aimée (PSB); o coordenador do Condica, Alexandre Nápoles; representante do Sindicato de Enfermeiros, Flaviana Santos; presidente da associação Oásis, Adriana Cristina Ramos e o conselheiro tutelar Geraldo Nóbrega. Luiz Eustáquio citou as diversas ações e projetos de lei que vem apresentando nos seus mandatos de vereador do Recife. Ele já participou da Frente Parlamentar de Combate ao Crack, que pretende reativar; três leis municipais foram originadas em projetos de sua autoria e outros três projetos estão em tramitação na Câmara Municipal do Recife.

A vereadora Michele Collins disse que o problema de uso das drogas não é só de represssão, mas também de prevenção. “É um problema de saúde, social e assistencial. O papel da Câmara é cobrar e ampliar as políticas públicas. Eu defendo a criação de uma secretaria especial de combate ao uso das drogas”, afirmou.  A presidente da associação Oásis, Adriana Cristina Ramos, explicou que realiza um trabalho de prevenção ao envolvimento dos jovens e crianças com droga  e violência no bairro de Santo Amaro. São ações educativas e de lazer, além de uma campanha chamada “Recife sem drogas”, que consiste em palestras em comunidades e escolas, com informações sobre as drogas. O terceiro braço da organização Oásis, disse, é a recuperação de usuários numa chácara localizada na Região Metropolitana do Recife, que oferece terapia e atividades.

O psicólogo Paulo de Tarso, que é membro da organização “Assista”, Assessoria e Assistência Terapêutica em Saúde; e da “Atitude’, ligada ao Governo do Estado, falou sobre o crack. Ele disse que essa droga é violenta porque vicia muito rapidamente e porque está ligada ao tráfico e a casos de homicídio. “Mas ela não é a droga que causa mais problemas à saúde pública em Pernambuco. Nesse sentido, são piores o álcool e o tabaco, consideradas lícitas”, afirmou.

O administrador da orgabnização social (OS) Centro de Prevenção às Dependências, Ebrivaldo Cavalcanti,  fez um alerta sobre as dependências químicas. “As dependências são uma doença e as alternativas para enfrentá-la são a mobilização social e a adoção de políticas públicas”. Para ele, a gravidade da questão das drogas não é necessariamente a substância, mas o contexto social. “Precisamos saber por que os jovens usam drogas?; o que está faltando na vida e nas comunidades dessas pessoas?; qual o tipo de apoio que elas precisam? É um erro demonizar o usuário, marginalizá-lo”, continuou.  Ebrivaldo também acha que a política repressora é insuficiente, pois “o governo precisa adotar políticas intersetoriais nas áreas social, de saúde, lazer e até de economia, no sentido de geração de renda, criação de empregos e oportunidades”, finalizou.


Em 21.03.2013, às 12h40.