Marco Aurélio repercute audiência pública e tece críticas à Compesa
O vereador lamentou a ausência do presidente da companhia na audiência, questionou a falta de abastecimento a determinadas localidades e a cobrança de taxas para domicílios que não recebem o serviço. Ele também repercutiu reclamações feitas em plenário pelo vereador Almir Fernando (PCdoB), que disse não ter sido atendido pela Compesa depois que ficou acertado, na audiência, que o órgão faria reuniões quinzenais com representantes das ruas afetadas pelo desabestecimento e que se encontravam presentes no debate. “Por duas vezes, estive na Compesa acompanhado de moradores que diziam que não chegava água nas suas casas. Havia relatos de períodos de 30, 35 dias sem uma gota de água em casa. Essas pessoas continuam relatando a mesma coisa, mas a Compesa diz que tem água. Muitas vezes a gente não dá o respeito e não observamos o tamanho da representatividade que temos. Se não se respeita um poder, imagine o que não se faz com uma pessoa pobre.”
Em um aparte, Almir Fernando falou sobre a necessidade de concretizar os investimentos para a Zona Norte citados por representantes da Companhia na audiência. De acordo com ele, existem localidades onde o desabastecimento ocorre há seis anos. “Os investimentos vêm sendo prometidos há muito tempo. Eu espero que eles sejam realmente feitos, ou dificilmente vai melhorar a distribuição de água na Zona Norte. Precisamos unir forças, juntar pessoal. Algumas ruas ainda têm racionamento de quatro em quatro dias. Um dia sem água, já é difícil, imagine seis anos.”
O vereador Fred Ferreira (PSC) defendeu a gestão da Compesa e disse que a entidade prepara um estudo para lidar com os problemas que afetam a Zona Norte. “No dia 28 de julho tive uma reunião com o presidente da Compesa, Roberto Tavares. É uma pessoa muito digna e solícita. A pauta foi exatamente essa que foi abordada hoje. Ele me deu uma notícia, disse que ia fazer um estudo.”
O vereador Jairo Britto (PT) se pronunciou para ressaltar a crítica, feita por Marco Aurélio, ao desabastecimento localizado e à cobrança de taxas para quem não obtém o serviço da Compesa. “Se, quando deixamos de pagar a conta, a Compesa manda uma carta e o nosso nome vai para o SPC, com uma eficiência tão grande, por que ela não tem a mesma eficiência para deixar de cobrar nos lugares em que não fornece água? Como é que locais definidos como de pessoas com maior renda têm água o tempo todo e em locais mais pobres, não?”
Segundo Marco Aurélio, uma nova audiência sobre o tema deve ser marcada para daqui a quatro meses. O vereador Rinaldo Júnior (PRB) pediu, em um aparte, que a nova discussão fosse feita não no plenarinho da Casa de José Mariano, mas em um espaço maior: no plenário. Ele também frisou os questionamentos sobre a cobrança de taxas sem fornecimento de água feito pelos colegas. “Se a gente paga uma taxa mínima e a água não chega, isso é grave. Se fizermos jacaré [desvio ilegal do sistema de abastecimento de água] dá cadeia. E se a gente vende um serviço, pega o dinheiro e não entrega, não é um crime?”
Para a vereadora Ana Lúcia (PRB), é preciso pedir não o cancelamento da cobrança de taxas por parte da Compesa, mas a devida entrega do serviço. Ela também discutiu o problema do desabastecimento nas escolas da rede pública municipal do Recife. “A água é um gênero essencial para a atividade humana. Temos é que cobrar que o serviço seja feito – e com qualidade. Para algumas classes existe água. Em alguns edifícios, na verdade, existem poços artesianos e talvez seja isso que a Compesa queira. Nas escolas municipais do Recife, o uso do caminhão pipa é uma prática comum.”
Ao final da discussão, o vice-presidente da Câmara do Recife, o vereador Carlos Gueiros (PSB), também lamentou as situações relatadas pelos vereadores Marco Aurélio e Almir Fernando. “Precisamos dar a este poder o valor que ele tem. Quando começamos a ceder naquilo que nos compete, só nos resta fazer requerimentos.”
Em 15.08.2017, às 18h08